Diafagia: o que é, sintomas e tratamento
Além de um problema de saúde, a disfagia interfere nos aspectos emocionais e sociais do indivíduo
Você já ouviu falar de disfagia? A dificuldade de engolir acomete de 16% a 22% da população idosa no Brasil, alcançando índices de 70% a 90% de distúrbios de deglutição nas populações mais idosas, segundo uma pesquisa publicada no SciELO.
Muito além de um problema físico, ela interfere nos aspectos emocionais e sociais do indivíduo, afinal, comer é um evento na nossa sociedade e a mesa costuma ser o ponto de encontro de reuniões de negócios a momentos de descontração com amigos.
“A pessoa disfágica diminui a sua socialização e interação por não conseguir fazer uma refeição completa sem tossir e/ou engasgar ou porque, simplesmente, não consegue engolir a saliva nem determinada consistência”, explica Ellaine Torres Dias da Cruz, fonoaudióloga pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com especialização em aprimoramento em disfagia pelo centro de estudos em fonoaudiologia (CEFON/RJ) e expertise em disfalgia e fonoaudiologia hospitalar.
Ela explica que, apesar de ser mais comum na população idosa, por um processo natural do envelhecimento, a disfalgia pode atingir qualquer idade. “Por uma questão do envelhecimento, há a diminuição do paladar e da salivação, existe também a perda da força da mastigação, o que torna todo o processo de engolir mais lento. Assim, os idosos fazem parte do grupo de risco”, detalha.
O processo de engolir e a disfalgia
Ellaine explica que, por mais que pareça algo simples no dia a dia, o processo de engolir um alimento é mais complexo do que muito de nós imagina. “O processo de engolir começa quando há a intenção de se alimentar, o famoso “comer com os olhos”. É este processo que nos leva a salivar quando vemos uma comida que gostamos. A fase seguinte envolve a entrada do alimento e/ou líquido na boca, a mastigação e a formação do bolo alimentar para ser enviado até a faringe. Quando o bolo alimentar cai na faringe, diversos eventos musculares acontecem para transportá-lo até o esôfago e impedir que ele entre na parte respiratória”, explica.
“A última etapa se inicia com a descida do bolo alimentar do esôfago até o estômago. Essa fase é inconsciente e involuntária. Quando a sincronia entre a respiração e a deglutição não acontece por quaisquer problemas nesses estágios, a consequência é a abertura insatisfatória do esôfago e/ou o não fechamento da parte respiratória. A dificuldade favorece que o alimento penetre e/ou seja aspirado para o sistema respiratório, entrando nos pulmões, o que pode ser extremamente grave e causar pneumonia, por exemplo. Diante disso, temos alguns sinais e sintomas da disfagia”, completa.
Diafagia: o que é, sintomas e tratamento (Imagem: freepik)
Sinais e sintomas da disfagia
Quando o processo de engolir está sendo prejudicado, diversos sinais aparecem, como tosses, engasgos, pigarros, espirros, saída de alimento pelo nariz, sensação de comida parada na garganta, recusa e/ou seletividade alimentar, mudança de voz durante e após engolir, cansaço durante a alimentação, mudança na consistência alimentar, perda de peso, desidratação, pneumonia de repetição, entre outros.
Todos esses são sinais que, quando combinados, costumam indicar que a pessoa sofre de disfalgia e está na hora de buscar ajuda. “A perda de peso, pneumonia e desidratação são consequências graves e podem levar à morte”, alerta a profissional.
Disfagia: sintoma de uma patologia maior
Ellaine ressalta, no entanto, que a disfagia não é uma doença, mas sim um sintoma de uma patologia maior. “As causas mais comuns são: covid-19, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, câncer de cabeça e pescoço, refluxo gastroesofágico, entre outros”, detalha.
Apesar de uma condição complicada, que pode prejudicar a saúde mental e a sociabilização, a disfagia tem tratamento. “Um, acompanhamento com médico e fonoaudiólogo, além de outros profissionais da saúde, é importante para um bom desfecho do caso. Fique atento”, finaliza.