Fuja! Substância vendida como cura para o autismo é perigosa
Uma fórmula química equivalente à água sanitária vendida como cura para o autismo não tem qualquer fundamento medicinal
O autismo é um problema psiquiátrico que costuma ser identificado na infância, entre 1 ano e meio e 3 anos, embora os sinais iniciais às vezes apareçam já nos primeiros meses de vida. O distúrbio afeta a comunicação e capacidade de aprendizado e adaptação da criança. Recentemente, uma fórmula que já existe há mais de 20 anos se tornou uma promessa para a cura do autismo. Vendida como medicamento, a substância deixou muitos pais de crianças com o transtorno esperançosos.
No entanto, é preciso ficar atento. Além de falsa, a solução é perigosa. Trata-se da MMS (solução mineral milagrosa, ou mineral miracle solution, em inglês), uma substância química equivalente à água sanitária e não tem qualquer fundamento medicinal.
De acordo com reportagem veiculada no Fantástico, desde 2010, o Departamento de Saúde dos Estados Unidos adverte os consumidores sobre os danos graves que a solução pode causar. O órgão alerta ainda que o produto não é seguro e nem eficaz para o tratamento de autismo.
A mistura é composta por clorito de sódio, semelhante à água sanitária, porém dez vezes mais concentrado, adicionada de ácido clorídrico, que é bastante utilizada na indústria química e de petróleo. As duas substâncias juntas resultam em um outro composto, chamado dióxido de cloro, que é usado como descolorante e desinfetante.
Perigo
No entanto, mesmo com o alerta, a substância vem sendo utilizada em diversos países. No Brasil, a Anvisa proibiu a comercialização, a distribuição e o uso da solução em território nacional para este fim.
Ainda assim, a proibição está sendo ignorada e o produto continua sendo comercializado nas redes sociais. A solução foi encontrada inclusive em farmácias de manipulação em São Paulo, vendida sem a necessidade de receita.
Especialistas afirmam que o material é tóxico e pode gerar inúmeras reações graves. Já há casos de crianças no país que foram parar no hospital após ingerirem a substância.
Segundo o coordenador da Câmara Técnica de Pediatria e conselheiro do CFM, Sidnei Ferreira, não existe evidência científica sobre a solução. “Por isso ela não é liberada em nenhum país, incluindo o Brasil. Então, quem prescrever esse produto está cometendo um crime”.
De acordo com o neuropediatra e especialista em autismo, Salomão Schwartzman, o autismo é uma condição que não tem cura. “Existem razões para entender porque as famílias fazem isso, mas é necessário ter bom senso. Porque acabam utilizando técnicas que não só não melhoram, como podem agravar. O que há de eficácia comprovada para o tratamento do autismo são as terapias comportamentais”.