Contaminação da água: fique atento

Contaminação da água: fique atento

Teste do jornal O Globo mostra contaminação da água de ambulantes no Rio de Janeiro. Entenda como avaliar o produto na hora da compra e confira o teste de água mineral com gás da PROTESTE

Esta semana, o jornal O GLOBO confirmou o comércio de água adulterada por ambulantes na cidade do Rio de Janeiro – um crime contra a saúde pública. De 30 amostras testadas, 28 tinham contaminação, inclusive a presença de coliformes fecais. Mas se a cidade carioca está em alerta, o cuidado precisa ser geral. O coordenador do Centro de Alimentação e Saúde da Proteste, Rafael Moura, chama a atenção para alguns cuidados simples que podem garantir a sua segurança. “O consumidor deve conhecer o comércio que está comprando e não ingerir o produto se a garrafa apresentar qualquer dano ou sinal de violação”, explica. Confira, também, o teste de água mineral com gás da PROTESTE.

Mas antes, se o assunto é segurança na hora da compra, Rafael também chama atenção para o rótulo – seu grande aliado. “É importante verificar se as embalagens apresentam marcação de lote e validade, por exemplo”, aponta. A legislação brasileira determina as regras necessárias para o controle e a segurança dos produtos, ou seja, as letras, às vezes nem tão pequenas, têm função e valor. Vamos entender algumas dessas informações que estão presentes na água mineral – vale a pena você conhecer e, sempre que possível, conferir. De acordo com o coordenador, no rótulo da água mineral é importante verificar:

  • Nome da fonte (local de extração da água);
  • Local da fonte, Município e Estado;
  • Nome do laboratório, número e data da análise da água;
  • Número e data da concessão de lavra, e número do processo seguido do nome “DNPM”;
  • Nome da empresa concessionária e/ou arrendatária, se for o caso, com o número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ, do Ministério da Fazenda;
  • Composição química, expressa em miligramas por litro, contendo, no mínimo, os oito elementos predominantes.

Essas são algumas informações que o consumidor precisa avaliar e, mais uma vez, lembramos: não compre o produto com sinais de arranhão, com a embalagem fosca e amassada ou, ainda, com o rótulo saindo muito fácil ou descolando. “Não que as garrafas virgens não possam ganhar uma dessas características durante o armazenamento, mas, na dúvida, opte por embalagens com o melhor aspecto possível”, conclui Rafael.

Teste de água mineral com gás

De qualquer forma, a PROTESTE está sempre acompanhando a qualidade de produtos oferecidos nos principais mercados – e água mineral é um deles. Em agosto de 2022, na edição da REVISTA PROTESTE, sete marcas de água mineral com gás foram avaliadas. Sim, a água é essencial para a sobrevivência, mas não é por isso que o consumidor vai beber qualquer uma, não é mesmo?

Tipos de água mineral com gás

Em se tratando de água gaseificada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define os tipos para consumo humano: natural e artificial. A primeira é quando o próprio reservatório de água subterrâneo libera os minerais e o calor, agregando gases à água. Neste caso, nos rótulos deve constar obrigatoriamente a expressão: “Naturalmente gasosa” ou “Gasosa natural”.

Já a artificial, a água é retirada da fonte e armazenada em tanques de aço inox. Em seguida, passa pela desaeração (remoção do oxigênio de sua composição) e pela carbonatação, quando é feita a adição de gás carbônico (CO2). Nesse caso, a legislação exige que a etiqueta da embalagem informe: “Com gás” ou “Gaseificada artificialmente”. Mas a especialista da PROTESTE Mylla Moura tranquiliza, “não há diferença de qualidade entre os dois tipos”.

Nosso teste de água mineral gaseificada

Para a análise da PROTESTE, foram selecionadas as marcas mais comercializadas no país: Bonafont, Crystal, Da Montanha, Minalba, Prata, São Lourenço e Pouso Alto, divididas em dois segmentos: garrafas acima e abaixo de 1 L. “Esta divisão ocorreu porque, industrialmente, a linha de captação e/ou envase das águas minerais pode ser diferente”, explica Mylla.

Nas duas embalagens, a Minalba ganhou o título de melhor do teste. A marca também garantiu o atributo de escolha certa na garrafa com mais de 1 L, mas a Da Montanha levou a indicação no menor recipiente. Mas de forma geral, o resultado mostrou que todos os lotes testados apresentaram excelente qualidade.

Resultados livres de micro-organismos

Os produtos do teste foram comprados em empresas formalizadas que garantem a emissão das notas ficais – essa é outra dica que traz mais segurança ao consumidor com relação a procedência. Os lotes adquiridos anonimamente foram levados a laboratórios credenciados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para, na análise microbiológica, avaliar a presença de coliformes totais, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa, entre outros micro-organismos — todos estavam em conformidade, sendo considerados muito bons neste critério.

Analise de contaminantes

Foram verificadas, também, mais de 60 substâncias que poderiam oferecer riscos à saúde. Um deles foi o sódio, que, em excesso, pode contribuir para a hipertensão e comprometer os rins. Nos lotes testados, a média encontrada foi menor até do que a declarada nas embalagens (11,06 mg/L). “Apesar do desencontro de informação, não houve penalização porque a lei não cita variação permitida, apenas limites máximos”, esclarece Mylla. Substâncias inorgânicas (arsênio, cádmio, chumbo etc.) também estavam em conformidade.

Nitrato e nitrito – fique atento

Na análise, os teores de nitrato e nitrito chamaram a atenção. Nenhuma água testada apresentou concentrações de nitrato acima de 50 mg/L, limite máximo permitido por lei. Mas todas tinham valores superiores aos declarados nos rótulos — com variação entre 0,93mg/L (Pouso Alto) e 22,6mg/L (Da Montanha).

Quanto ao nitrito, todos os lotes possuíam teores acima do permitido pela legislação brasileira que apresenta a referência de 0,02 mg/L. O maior valor foi da marca Prata (0,256 mg/L) e o menor, da Minalba de 1,5 L (0,059 mg/L). Embora a substância seja tóxica, as concentrações não apresentam risco eminente à saúde. Entenda o porquê.

Entendendo o nitrato e nitrito

Antes de tudo, é preciso deixar claro: nitratos (NO3-) e nitritos (NO2-) são substâncias naturais formadas pela oxidação do nitrogênio por certos micro-organismos, e estão presentes em águas, solos, ar, plantas e alimentos. Ou seja, não tem como fugir deles.

A concentração de nitritos encontrada nos lotes testados, como mencionado, está acima do que determina a legislação brasileira, mas pode não oferecer risco à saúde. “Em outros países, inclusive, os limites de nitrito, assim como de nitrato, são até maiores”, revela Mylla.

No entanto, a presença deles na água e em produtos alimentícios vem chamando a atenção da comunidade científica. Entre os problemas apontados, está a aplicação excessiva de fertilizantes nitrogenados e de resíduos orgânicos, como o esterco, em áreas agrícolas. Isso porque podem contaminar os solos e as águas subterrâneas e superficiais.

Em quantidade elevada, eles são relacionados ao câncer gastrointestinal e o nitrito pode, ainda, oxidar o ferro da hemoglobina, produzindo a metahemoglobina, o que pode comprometer a respiração, causando cianose (coloração azul ou arroxeada da pele) até a asfixia.

De acordo com o Comitê Misto FAO/OMS de Especialista em Aditivos Alimentares (JECFA), a Ingestão Diária Aceitável (IDA) para nitrato é de 3,7 mg/kg e para nitrito, de 0,07 mg/kg. A partir desse parâmetro, a PROTESTE fez um cálculo para verificar o impacto que a água mineral com limites maiores de nitrito poderia ter no consumidor.

“Se beber água com gás o dia inteiro, as referências do teste comprometeriam apenas 5,94% do IDA para nitrito”, afirma Mylla. Mas é diferente para crianças. “Pode haver comprometimento. Por isso, deve ser avaliado e evitado o consumo de nitrato e nitrito por outras fontes que costumam apresentar maiores concentrações dessas substâncias, como carnes curadas e embutidos”, alerta a especialista.

O teste também trouxe a análise de rotulagem e sensorial. Confira os resultados em nossa tabela.

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