Coqueluche: o que é, sintomas e como se prevenir

Coqueluche: o que é, sintomas e como se prevenir

Os casos de coqueluche aumentaram mais de 1000% em São Paulo este ano; saiba como se cuidar

O aumento de casos de coqueluche tem preocupado autoridades, principalmente na região sudeste do Brasil. No Rio de Janeiro, a Secretaria Estadual de Saúde registrou um aumento de mais de 300% de casos da doença até julho deste ano, comparado ao ano inteiro de 2023. Em São Paulo, os números são ainda mais preocupantes. Apenas na capital houve um aumento de 1178% nos primeiros seis meses do ano. Foram 165 casos na cidade, frente aos 14 registrados no mesmo período do ano passado, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. 

O Brasil não é o único país que tem enfrentado maiores surtos da doença. Países da União Europeia também notaram o aumento de pessoas infectadas com coqueluche neste ano. Segundo dados do Boletim Epidemiológico do European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), entre janeiro e março de deste ano, mais de  32 mil casos de coqueluche foram registrados em pelo menos 17 países do bloco. 

Mas, afinal, o que pode estar causando esse aumento repentino da doença? Para especialistas, esse crescimento pode estar ligado a duas coisas: uma crise sanitária, que tanto o Brasil quanto à Europa estão enfrentando, somada aos movimentos anti vacinas, que tem se perpetuado cada vez mais nas redes sociais. 

Importância da vacinação

“A vacina é crucial para prevenir a coqueluche, especialmente em bebês e crianças pequenas, que são mais vulneráveis a complicações graves. A vacinação ajuda a controlar a disseminação da doença na população”, afirma o Dr. Marcelo Rabahi, pneumologista do Hospital Israelita Albert Einstein. 

Ele explica que, hoje em dia, existem, no Brasil, dois tipos diferentes de vacina contra a doença: a DTP (difteria, tétano e coqueluche): usada em crianças pequenas e a Tdap (tétano, difteria e coqueluche acelular): usada em adolescentes e adultos como dose de reforço.

“A vacina contra a coqueluche pode ser encontrada em postos de saúde e clínicas de vacinação. O esquema de vacinação geralmente inclui: cinco doses da DTP entre 2, 4, 6, 15 e 18 meses e 4 e 6 anos de idade; e uma dose de reforço da Tdap aos 11 e 12 anos e para adultos, especialmente aqueles em contato com bebês”, orienta o profissional.

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A vacinação é essencial para diminuir os casos de coqueluche (Imagem: Pexels)

O que é a coqueluche? 

Também conhecida como tosse comprida ou “tosse dos 100 dias”, a coqueluche é uma infecção bacteriana altamente contagiosa, causada pelas bactérias Bordetella pertussis e Bordetella parapertussis. 

“A coqueluche foi descrita pela primeira vez em uma epidemia em Paris em 1578, e a bactéria causadora foi descoberta em 1906. Uma vacina foi desenvolvida na década de 1940. Antes da vacina, a coqueluche era uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil”, conta o pneumologista. 

Apesar da vacina, a doença nunca foi erradicada. Aqui no Brasil, de tempos em tempos enfrentamos uma crise, com aumento dos casos. Na maioria das vezes, esse crescimento tem a mesma causa: questões sanitárias somadas à falta de população vacinada. No Brasil, o último pico epidêmico da doença foi em 2014, quando 8.614 casos foram registrados. 

“A coqueluche é uma doença grave, com alta morbidade e mortalidade, especialmente em bebês e crianças pequenas. Em adultos e adolescentes, pode causar uma tosse persistente e debilitante. A infecção pode levar a complicações severas como pneumonia, convulsões e morte em casos graves”, alerta o Dr. Marcelo Rabahi.

Quais os sintomas da coqueluche? 

É importante ficar atento aos sintomas da doença e procurar um pneumologista ou infectologista no caso de suspeita de infecção. “Esses especialistas estão aptos a diagnosticar e tratar doenças respiratórias e infecciosas”, indica o médico. 

No caso da coqueluche, o Dr. Marcelo Rabahi explica que os sintomas se apresentam em algumas fases diferentes: 

  • Fase catarral (1-2 semanas): febre, fadiga, coriza e conjuntivite;
  • Fase paroxística (1-6 semanas): crises de tosse intensa e repetitiva, seguidas por uma inspiração forçada que gera um som característico (“guincho”). Esses episódios podem ser desencadeados por frio ou ruído e são mais comuns à noite;
  • Fase de convalescença (semanas a meses): tosse residual persistente, geralmente desencadeada por outra infecção respiratória ou irritante.

Ele ressalta, ainda, a importância de evitar o contato com pessoas infectadas, já que a contaminação acontece pelo ar. “A contaminação da coqueluche ocorre através de gotículas respiratórias expelidas por uma pessoa infectada ao tossir ou espirrar. A bactéria é altamente contagiosa, afetando frequentemente 100% dos contatos domiciliares não imunes”, conta. 

Perdi a data de vacinação, ainda posso receber a dose? 

Como reforçado, a vacinação é de suma importância para a diminuição e, quem sabe, erradicação dos casos de coqueluche. O ideal é receber a primeira dose contra a doença aos 2 meses de idade e, após a infância, seguir com o reforço. 

Mesmo assim, caso você tenha checado sua caderneta de vacinação e sentido falta das doses de DTP e Tdap, ainda é possível correr atrás do prejuízo. 

“Mesmo após a idade ideal, é possível e recomendado vacinar-se, especialmente em situações de risco aumentado, como gravidez ou contato”, orienta o profissional. 

Então, o que você está esperando para conferir sua caderneta e garantir que a vacina contra a coqueluche está em dia?

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Helena Selegatto Leite