Demência: principais causas, sintomas e tratamento da condição
Conforme a idade avança e as pessoas envelhecem, os transtornos como a demência se tornam mais comuns, saiba tudo sobre a doença
A demência está entre as principais causas de anos de vida perdidos, ou de anos vividos com incapacidade, na população mais velha. A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 50 milhões de pessoas vivem com demência no mundo.
No mês de setembro, mês da conscientização do Alzheimer (a demência mais comum entre os idosos), vamos entender um pouco mais sobre as doenças neurodegenerativas e outros tipos de demência.
De acordo com o Relatório Nacional sobre Demência no Brasil (ReNaDe), no país, em 2019, aproximadamente 1,85 milhões de pessoas viviam com demência, e as projeções indicam que esse número irá triplicar até 2050.
Neste artigo saiba tudo sobre a demência, tipos, tratamento e conheça os sinais de alerta, com base nas recomendações dadas pela especialista ouvida pela PROTESTE.
O que é a demência?
A demência é uma doença neurológica caracterizada pela perda de duas ou mais funções cognitivas, como a memória e a linguagem, por exemplo. O quadro evolui gradativamente em período de meses ou anos, sempre associado a perda de funcionalidade.
“A demência ocasiona dificuldade em realizar atividades complexas, como trabalhar e dirigir, e, posteriormente, simples tarefas da vida diária, como comer e se vestir sozinho”, explica a neurologista Paula Tavares.
Em junho de 2024 foi aprovada uma política nacional para Alzheimer e outras doenças. A Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências, com princípios e diretrizes para o tratamento da condição.
Ela determina que o Ministério da Saúde desenvolva campanhas de orientação e conscientização em clínicas, hospitais públicos e privados, postos de saúde, unidades básicas de saúde e unidades de pronto atendimento.
Tipos de demência
De acordo com a neurologista, existem inúmeros tipos de demência. Podem ser degenerativas, carenciais, infecciosas, autoimunes, vasculares, estruturais, neoplásicas e mais.
A demência mais comum é a doença de Alzheimer, representando cerca de 60% de todos os casos. Em segundo lugar temos a demência vascular, associada a quadros de AVC ou doença vascular cerebral de longa data. “Essas duas podem ocorrer em conjunto, o que denominamos de demência mista”, explica Paula.
Outros tipos degenerativos menos comuns são a demência Frontotemporal e por corpúsculos de Lewy. Também podem acontecer demências relacionadas a outras doenças, como as crônicas Parkinson ou inflamatórias, como as encefalites.
Sinais de alerta
Os sinais de alerta para todos os tipos de demência incluem: esquecimentos progressivos e dificuldade de realizar atividades diárias. “Se isso acontecer, um médico deve ser consultado rapidamente”, explica Paula.
Tendo como exemplo a demência mais comum, a Alzheimer, os sintomas iniciais geralmente são de esquecimento para fatos recentes, palavras e compromissos. Eventualmente se somam a falta de atenção e desorientação.
A demência costuma se iniciar após os 65 anos, sendo ainda mais comum em pessoas acima dos 80. Segundo o Relatório Mundial de Alzheimer, publicado em 2021, cerca de 75% das pessoas com demência em todo o mundo não têm o diagnóstico.
Exames de vista podem diagnosticar demência?
Estudos internacionais promissores mostram que o mapeamento da retina pode ajudar a diagnosticar o risco de Alzheimer com antecedência. Em especial uma pesquisa britânica, comentada por especialistas da USP, mostrou que o Alzheimer afeta não só o cérebro, mas também o percurso da imagem até ele.
Já se sabia que a demência pode impactar a visão no ponto de vista neurológico, como no aumento da sensibilidade, dificuldade na percepção de cores e na interpretação de imagens, por exemplo. Agora é comprovado que ela afeta também a retina, assim o exame oftalmológico de mapeamento de retina pode identificar os problemas e diagnosticar a demência no começo da condição. O estudo ainda está em fase inicial.
Qual o tratamento para a demência?
Várias frentes de estudo no Brasil e no mundo buscam tratamento mais eficiente para a demência, mas, a maioria ainda é paliativo. O tratamento da doença varia de acordo com o tipo da mesma.
Por exemplo, para a demência de Alzheimer existem medicações que atrasam a progressão, porém, vale lembrar que eles não são curativos. Para outras, como as infecciosas, carenciais e autoimunes, o tratamento varia de acordo com a causa da doença.
A neurologista reforça que, mais importante que o tratamento é a prevenção. “Viver uma vida saudável com atividade física regular, estímulo cognitivo, controle de pressão e diabetes, cessação de tabagismo e diminuição da ingesta de bebidas alcoólicas são estratégias importantes para saúde cerebral ao longo da vida”, explica Paula.
Paula Virgínia Tavares do Nascimento é neurologista. Formada em Medicina pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com especialização em Neuro e Neuroimunologista pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo – IAMSPE. Atualmente trabalha em Campina Grande / PB como professora de Neurologia da UNIFACISA e coordenadora de Neurologia do Hospital de Ensino Laboratório e Pesquisa (HELP).