Gordura no fígado: principais causas, sintomas e como tratar

Gordura no fígado: principais causas, sintomas e como tratar

Os números de gordura no fígado vêm crescendo de forma alarmante no mundo inteiro, saiba tudo sobre a doença

A gordura no fígado é, como o próprio nome sugere, uma capa de gordura que cobre o órgão. Quando mais de 5% das células do fígado são compostas de gordura, o paciente passa a desenvolver a esteatose hepática.

Esse é um mal silencioso e cada vez mais frequente na população mundial. Deve ser tratado com atenção, já que o fígado é um órgão essencial, responsável por mais de 500 funções fundamentais para a manutenção do organismo.

Neste artigo, entenda o que é a gordura no fígado, sintomas e o tratamento da doença, com base nas recomendações dadas pela especialista ouvida pela PROTESTE.

O que é a gordura no fígado?

A gordura no fígado é o primeiro estágio de desenvolvimento de muitas doenças hepáticas, como a esteatose. Ela é um reflexo do acúmulo de gordura abdominal, mas por que isso é um problema? A endocrinologista Alessandra Novelli explica: “Quando se tem muita gordura acumulada no abdômen, ela passa a atingir também as vísceras”.

A gordura visceral é depositada principalmente no fígado, mas também pode atingir o pâncreas. “O excesso de peso não é tão deletério para a saúde quanto o acúmulo de gordura abdominal”, fala Alessandra.

O que causa a gordura no fígado?

Existem dois tipos de esteatose hepática: alcoólica e não-alcoólica. No primeiro caso, o acúmulo de gordura no fígado é decorrente do consumo excessivo de bebidas alcóolicas. O segundo tipo, porém, pode ser desenvolvido por uma série de fatores:

  • sobrepeso;
  • obesidade;
  • sedentarismo;
  • maus hábitos alimentares;
  • colesterol alto;
  • pressão alta;
  • perda ou ganho muito rápido de peso;
  • uso de medicamentos, como os corticoides;
  • inflamações crônicas no fígado

*Informações do Ministério da Saúde

A endocrinologista lembra que o excesso de gordura abdominal ainda é a principal causa da gordura no fígado. Uma dica para evitar complicações é sempre estar atento às medidas de circunferência: abaixo de 88cm para mulheres e de 102cm para homens.

Tipos de gordura no fígado

A esteatose hepática pode ser dividida em 3 graus, com base no acúmulo de gordura: leve, moderada e acentuada. O diagnóstico é feito por exames de imagem. Porém, a gordura também pode evoluir para outros estágios mais graves, veja mais informações abaixo.

Sintomas da gordura no fígado

A gordura no fígado é um mal silencioso. É importante manter uma rotina saudável e estar sempre em dia com os exames de ultrassom e sangue, para que o problema possa ser diagnosticado prematuramente.

Estágios da gordura no fígado

Com o tempo, a gordura no fígado pode evoluir para outras doenças: hepatite, fibrose, cirrose, e até câncer. Vamos falar sobre cada uma das complicações a seguir.

Quando a “capa de gordura” está há tanto tempo no fígado sem ser tratada ela pode provocar o surgimento de hepatite, uma inflamação no órgão conhecida como esteatohepatite gordurosa.

Essa condição aparece nos exames de sangue, pela alteração das enzimas do fígado (TGO, TGP e Gama-Glutamil Transferase). Existem muitos tipos de hepatite, se quiser saber mais sobre, leia a matéria completa na Proteste.

Qualquer hepatite, seja viral, medicamentosa, autoimune, alcoólica ou gordurosa, pode causar fibrose. Nesse caso, a inflamação provoca cicatrizes por todo o órgão. O acúmulo de fibrose leva à cirrose.

A cirrose é a falência do fígado decorrente de uma hepatite crônica, que pode levar até a necessidade de um transplante. O último estágio de todos esses problemas é o câncer de fígado.

A gordura no fígado pode causar diabetes?

Sim! A gordura no fígado é um dos principais causadores da resistência à insulina. Como isso acontece no nosso corpo: o pâncreas e o fígado trabalham lado a lado. O primeiro produz a insulina, o segundo regula a produção de glicose.

Quando o fígado é coberto por uma capa de gordura, ele não consegue regular os níveis de glicose corretamente. Esse aumento da glicose, o açúcar do sangue, leva a diabetes.

“É praticamente impossível encontrar um diabético tipo 2 que também não tenha gordura no fígado, esses problemas tendem a andar juntos”, explica Alessandra.

A esteatose hepática é grave? Pode ser letal?

Se não tratada a gordura no fígado continua evoluindo, e pode sim, ser muito grave. Quando a condição evolui para a fibrose, não tem mais como ser revertida. “A esteatose hepática não mata, mas ela leva a outras patologias que podem ser fatais”, explica Alessandra.

Como tratar a gordura no fígado?

Não existe somente um tratamento, mas sim uma cura para doença, que é a perda de peso. Diminuir medidas, principalmente da região do abdome, ainda é o tratamento mais eficaz para a doença.

“Seja mudando a dieta e praticando atividade física, ou com a ajuda de remédios e cirurgia bariátrica. A perda de peso reverte a esteatose, é possível ver as mudanças pelo ultrassom”, explica Alessandra.

A endocrinologista completa: “Uma perda de 5% do peso corporal já ajuda, e uma perda de 10% pode levar a cura total da gordura, mas a quantidade de peso a se perder varia de caso a caso”.

 

Alessandra Novelli é endocrinologista. Formada em Medicina pela PUC-SP, com especialização na UNESP e na Santa Casa de São Paulo. Possui título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Vitória Prates