Mamadeira é necessária?

Mamadeira é necessária?

Uso de mamadeira não é aconselhado por especialista, mas é preciso adotar cuidados quando o acessório surge como opção

Na hora de montar o enxoval do bebê o que se deve priorizar? Entre roupinhas, carrinho, babá eletrônica, berço e banheira, outro item costuma entrar na lista do enxoval do bebê – a mamadeira. Mas, afinal, a mamadeira é necessária?

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De acordo com especialistas, a resposta é simples: “não”. “Mamadeiras aumentam os riscos de desmame precoce e de alterações importantes no desenvolvimento de estruturas anatômicas, além de maiores possibilidades de algumas infecções”, defende o pediatra Yechiel Moises Chencinski, membro da Câmara Técnica de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde.

O médico, inclusive, lamenta o fato de que o item continue bastante presente nos lares brasileiros. Dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) mostram que a prevalência do uso de mamadeiras e chuquinhas em crianças menores de 2 anos no Brasil é de 52,1%.

De qualquer forma, se o item se torna necessário para a mãe o especialista orienta: “Odontopediatras e fonoaudiólogos podem auxiliar as mães quando o uso for a opção ou for inevitável”. Na entrevista abaixo, o pediatra dá outras dicas relacionadas ao uso e cita também algumas as alternativas à mamadeira.

Por que o uso da mamadeira não é aconselhada?

Estudos mostram a interferência do uso de mamadeiras, chuquinhas e chupetas na amamentação – todas aumentando riscos de desmame precoce, devido à confusão de bicos e de alterações importantes no desenvolvimento de estruturas anatômicas, além de maiores possibilidades de algumas infecções.

Também pode ocorrer o que é conhecido como confusão de fluxo. A sucção ao seio requer uma ação mais constante da musculatura oral do lactente, nem sempre na mesma intensidade, necessária durante todo o período da mamada. Algumas vezes, é recomendado que se alternem as posições para ajustes de pegas, levando a transições durante o processo. Já na mamadeira, o leite flui de forma intensa, já desde a primeira sucção, de forma constante e uniforme. Apesar de ser “mais simples e fácil” pela mamadeira, é importante e fundamental a sucção ao seio para a formação e o desenvolvimento adequado do sistema estomatognático (conjunto de estruturas bucais formado por mandíbula, arcadas dentárias, tecidos moles e músculos).

O uso das mamadeiras e das chupetas também pode levar a alterações orofaciais, ortodônticas e fonoarticulatórias, influenciando o posicionamento dos dentes, do palato, refletindo em possíveis alterações respiratórias e de fala. Vale lembrar que o palato (céu da boca) corresponde ao assoalho do nariz. Assim, por conta das influências do uso de chupetas e mamadeiras, pode ocorrer uma elevação do palato, que, consequentemente, diminui a cavidade nasal, levando a maiores riscos de respiração bucal, que pode requerer, com o tempo, uso de aparelhos para correção desses problemas.

Alternativas à mamadeira

Como primeira opção, a recomendação é que o leite materno extraído seja oferecido por sonda de pequeno calibre (nesse caso, uma das pontas é acoplada a um recipiente que contenha leite e a outra é fixada ao seio, junto ao bico, como um canudinho, para que o bebê sugue ambos ao mesmo tempo). O copinho surge como a segunda alternativa mais adequada, mas também há a seringa e a colher.

Lembrando que esses procedimentos precisam ser orientados e acompanhados por profissionais habilitados e capacitados – pediatras, fonoaudiólogos, consultores de amamentação ou profissionais da rede de Bancos de Leite Humano do Brasil, que é a maior rede do mundo, inclusive exportando tecnologia para mais de 20 países.

No entanto, sabe-se que grande parte das mães não são bem orientadas a seguir essas recomendações. As próprias creches têm grande dificuldade em seguir essas técnicas de forma adequada. Assim, o resultado é a utilização das mamadeiras e chuquinhas.

O momento de tirar a mamadeira

Sabemos que, em muitas situações, mesmo conhecendo os desafios provocados pelo uso de mamadeiras e chupetas, esses acessórios acabam sendo utilizados. Odontopediatras e fonoaudiólogos podem auxiliar as mães, quando o uso da mamadeira for a opção ou for inevitável. Esses profissionais podem orientar qual seria o produto que traz os menores riscos para o lactente e o momento mais apropriado para a suspensão de seu uso.

Em caso de uso de mamadeiras e chuquinhas, o ideal é que a retirada e transição para o copo ocorra o quanto antes, no máximo aos 2 anos de idade, na tentativa de minimizar os possíveis problemas causados ao lactente.

Existe mamadeira “menos pior”?

Há no mercado chupetas e bicos de mamadeira ortodônticos. Se um bico fosse mesmo ortodôntico, ele corrigiria algo que está inadequado ou causaria menos danos se assemelhando à sucção no seio materno. Mas não é isso o que acontece. Segundo o Guia de Saúde Oral Materno-Infantil da Global Child Dental Fund, com apoio e divulgação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), “não existe bico de mamadeira com mesmo formato, textura ou que permita realizar os movimentos orofaciais do bico do peito materno. Todos os modelos dos bicos de mamadeira podem alterar o crescimento e desenvolvimento orofacial infantil”.

Cuidado ao oferecer a mamadeira

Entre os cuidados para a mãe que utiliza mamadeira, chuquinhas e chupetas, a higiene é fundamental, lavando e esterilizando após o uso. E uma dica: não aumente o tamanho do furo original da mamadeira para facilitar a saída do leite. Além de prejudicar o produto, aumentando o risco de contaminação, impede o esforço da sucção que ajuda a desenvolver os músculos orofaciais.

Os benefícios do aleitamento materno

Estudos demonstram que “a ampliação da amamentação a um nível quase universal poderia prevenir 823 mil mortes a cada ano em crianças menores de 5 anos e 20 mil mortes por câncer de mama”, além trazer muitos outros benefícios à saúde das mães e dos bebês. E, a cada dia, apresentam-se novas características do aleitamento materno, padrão ouro na alimentação infantil, na vida dos bebês, prematuros ou a termo, na prevenção de doenças, propiciando as melhores condições de desenvolvimento das crianças, que serão o futuro desse país. Para concluir, tudo deve ser feito para garantir à mãe e ao bebê o direito de aleitamento materno desde a sala de parto até os 2 anos ou mais, exclusivo e em livre-demanda até o sexto mês, por todos os benefícios conhecidos na saúde materno-infantil.

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