Planos de saúde individuais podem deixar de existir

Planos de saúde individuais podem deixar de existir

Normas rígidas da ANS na regulamentação desses produtos tornam a comercialização inviável e população fica sem acesso a saúde de qualidade

Das 50 milhões de pessoas seguradas por planos de saúde no Brasil, apenas 20% possuem planos individuais ou familiares, aqueles destinados à pessoa física, segundo artigo publicado por Cadri Massuda, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge-PR/SC). Segundo ele, o cenário se deve às normas rígidas da ANS na regulamentação desses produtos.

Planos de saúde individuais ou familiares estão se tornando cada vez mais caros e inviáveis financeiramente para as operadoras. Diante disso, as companhias estão deixando de oferecer essa opção.

O primeiro dos entraves diz respeito aos reajustes permitidos. Segundo ele, os valores são sempre menores do que a inflação na área da saúde. O aumento se deve, sobretudo, aos avanços tecnológicos. Outra questão são as oscilações de câmbio, pois muitos produtos ou matérias-primas são importados.

Outra razão que faz com que os planos individuais deixem de ser interessantes para as operadoras é a existência de um contrato unilateral, onde apenas o cliente pode rescindir. “É um tipo de engessamento que não vemos em outras relações comerciais”, explica.

Altas taxas de sinistro

Assim sendo, o valor que as operadoras precisam cobrar dos planos individuais para que sejam viáveis é cerca de 100% mais caro que os planos empresariais. Além disso, essa situação gera, ainda, um ciclo vicioso, em que apenas pessoas que já estão doentes contratam o plano. Nós da PROTESTE oferecemos o Serviço Saúde, com consultas a partir de R$ 40.

Por isso, de acordo com Massuda, a taxa de sinistro desses planos ultrapassa os 100%, gerando prejuízos para as seguradoras. “Dessa forma, a realidade é que eles se tornam “planos de doença” e não de saúde”.

Custos elevados

“A consequência desse cenário é que a população que quer contratar planos de saúde sem possuir vínculo com empresas ou cooperativas não está mais conseguindo arcar com o valor das mensalidades”. Segundo ele, a única opção para as pessoas sem contrato formal de trabalho são os planos de saúde coletivos por adesão, que estão ligados a sindicatos e associações.

Ainda assim, muitos indivíduos que não têm as características para se associar aos planos por adesão estão tendo que sair. Com isso, acabam migrando para a saúde pública. “O aumento do desemprego devido à crise econômica só piorou esse cenário. Isso leva a um tráfego ainda maior no nosso sistema, que já é bastante sobrecarregado”.

Por isso, Massuda destaca que é preciso que ANS apresente uma solução para estimular o mercado de planos de saúde individuais. Com isso, muitas pessoas seriam beneficiadas, além de desafogar o SUS. “Inclusive, pode resultar em redução dos custos dos planos. Isso ocorreria em reflexo da concorrência, já que hoje são pouquíssimas as operadoras que ainda vendem esse produto”, finaliza.