Pomada modeladora de tranças tem comercialização proibida pela ANVISA

Pomada modeladora de tranças tem comercialização proibida pela ANVISA

O produto vinha apresentando risco de cegueira temporária e lesão ocular dos consumidores e teve a venda de todas as marcas interrompida

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou no Diário Oficial da União na sexta-feira (10/2) a proibição em todo Brasil, da venda e comercialização das pomadas modeladoras de trança

O consumidor deve ficar atento, pois a medida abrange, sem exceções, todos os tipos e todas as marcas que têm essa função estética, independente de sua origem. Isso significa que até mesmo as versões importadas do produto estão proibidas. 

Segundo a própria Anvisa, a decisão é preventiva e temporária e foi adotada em razão do aumento do número de casos que apresentaram “efeitos indesejáveis graves associados ao uso desse tipo de produto”. Enquanto isso,  as investigações seguem em andamento.

Quais foram os riscos apresentados pelo pomada modeladora? 

A proibição da venda do produto se dá inicialmente após inúmeros relatos de lesões oculares e de cegueira temporária. 

Na prática, esse tipo de produto destinado a trançar e modelar os cabelos deveria entrar em contato somente com o couro cabeludo. No entanto, a realidade é um pouco diferente e, por diferentes motivos, durante o uso, o produto pode escorrer, entrando em contato direto com os olhos do usuário e é aí que mora o perigo. 

Segundo a ANVISA, “a aplicação involuntária de pequenas quantidades nos olhos pode ocasionar efeitos indesejáveis, principalmente, dor leve e vermelhidão. No entanto, há relatos de lesões oculares temporárias mais graves”, explica a agência em comunicado. Em um dos casos relatados, a recuperação da visão levou 15 dias.

O órgão ainda completa dizendo que há  situações onde o consumidor pode correr mais risco de contaminação. “Segundo as informações disponíveis, os eventos ocorreram, principalmente, com pessoas que tomaram banhos de mar, piscina, ou mesmo de chuva após terem recorrido ao uso dos produtos”

A medida abrangente vale até para aqueles que já têm o produto. “Mesmo exemplares adquiridos anteriormente e existentes nas residências ou em salões de beleza não devem ser utilizados”, aconselha. Isso porque ainda não se sabe ao certo quais marcas colocam a saúde dos olhos dos usuários em risco e quais estariam supostamente seguras para uso.

Para os consumidores  que tiverem em suas residências ou estabelecimentos produtos para os quais foi determinado recolhimento, a recomendação é de que entrem em contato com a empresa, a fim de verificar a forma de devolução.

Entre os efeitos indesejados mais graves associados com os relatos, a Anvisa destaca:

 

  • Cegueira temporária (perda temporária da visão);
  • Forte ardência nos olhos;
  • Lacrimejamento intenso;
  • Coceira;
  • Vermelhidão e inchaço ocular;
  • Dor de cabeça.

Vale destacar que, antes de proibir a venda de todas as marcas, a Anvisa já tinha vetado a comercialização dos produtos de mais de 20 fabricantes

No entanto, com o aumento dos casos de intoxicação a agência de vigilância sanitária resolveu, por precaução, estender a medida a todos os lotes de pomadas para trançar, modelar ou fixar cabelos.

Em sua resolução, a Anvisa publicou uma série de orientações aos consumidores. Confira:

Consumidores

  • Não usar ou comprar esses produtos;
  • Se usou recentemente, lavar os cabelos com cuidado, inclinando a cabeça para trás, para que o produto não entre em contato com os olhos;
  • Em caso de contato com os olhos, lavar imediatamente com água em abundância;
  • Em caso de efeito indesejado, notificar o caso à Anvisa pela internet através de seu site oficial.

Profissionais, salões e comércio

  • Não usar os produtos em nenhum cliente;
  • Não vender os produtos enquanto a medida estiver em vigor;
  • O produto deve ficar separado e não deve ser exposto ao consumo ou uso

Com o que o consumidor precisa estar atento com esse tipo de produto? 

A PROTESTE perguntou à especialista Fernanda Taveira sobre os possíveis ingredientes que podem gerar esses riscos à saúde do consumidor. 

“Na internet, é possível encontrar algumas pomadas disponíveis ainda para a venda. Dessas, pesquisamos a lista de ingredientes. Observamos que constam apenas as imagens do painel principal dos produtos e dificilmente encontramos a informação da lista de ingredientes. Entre os vários dos produtos pesquisados, foram encontradas informações sobre a composição em apenas dois produtos. O interessante de se notar é que nenhum ingrediente se repete” afirma.  

Além disso, a especialista ainda completa que a proibição já está sendo percebida nos comércios deste nicho. 

“Diferentemente da internet, a boa notícia, é que ao irmos em lojas de produtos de estética na Zona Sul do Rio de Janeiro alguns dias após a proibição, já não vimos à venda nenhum desses produtos e os comerciantes estão respeitando a nova lei (RESOLUÇÃO-RE n.º 475/2023). Outra informação interessante é que os vendedores estão orientando a compra de géis de cabelo como substituto a essas pomadas.”

Como o consumidor afetado pode recorrer aos seus direitos? 

Se você identificar a ocorrência de qualquer efeito adverso apresentado nessa matéria que esteja supostamente relacionado ao uso de produtos para trançar e modelar os cabelos, a Anvisa orienta que a queixa deve ser formalmente registrada. 

Para isso, a agência disponibiliza canais que podem ser preenchidos tanto pelos profissionais quanto pelos usuários. A denúncia pode ser realizada através deste formulário.

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