Telemedicina aproxima médicos a pacientes com tecnologia
Tecnologia pode ser uma aliada para oferecer atendimento em áreas distantes dos centros urbanos e sem cobertura médica
A tecnologia tem revolucionado as relações, serviços e setores, e com a saúde não é diferente. Atualmente, o uso da internet tem sido um fator de aproximação entre médicos e pacientes.
O assunto foi tema de artigo publicado no Estadão, de autoria de Sandra Franco, consultora jurídica especializada em Direito Médico e da Saúde, presidente da Academia Brasileira de Direito Médico e da Saúde.
Ela explica que, atualmente, por meio de ferramentas como WhatsApp, Skype e e-mail, há um contato mais próximo e constante. Com isso, o paciente se sente melhor assistido durante a fase pós-consulta.
Aplicativos
No Brasil, a tecnologia já está promovendo novos contatos entre médicos e pacientes. Um exemplo desse movimento são os aplicativos que possibilitam que os pacientes escolham profissionais especialistas.
Para isso, é necessário se cadastrar em uma plataforma, o chamado Uber da medicina, que precifica e agenda suas consultas. O novo formato já possui, inclusive, respaldo do Conselho Federal de Medicina (CFM).
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Também já existem aplicativos para monitoramento de doenças, como diabetes ou hipertensão arterial. Ou que auxiliam a lembrar os horários de tomar os medicamentos e assim manter melhor resultados nos tratamentos.
Telemedicina
Outra modalidade que vem ganhando espaço no país é a Telemedicina, que aproxima médicos especialistas a pacientes de lugares distante onde não há atendimento. Em alguns centros de excelência hospitalar, como o Albert Einstein, já é possível levar a expertise do médico a locais em que a falta de especialistas poderia trazer prejuízos aos pacientes.
É o caso do hospital na cidade de Floriano, no interior do Piauí, que atende pelo SUS e está conectado ao Albert Einstein a uma distância física de 2.500 quilômetros.
A plataforma TelessaúdeRS é um outro exemplo de Telemedicina que vem sendo utilizada no Brasil. O projeto é voltado aos profissionais da atenção primária ou básica de saúde, com TeleConsultoria, Teleducação e TeleDiagnóstico.
O objetivo, com isso, é melhorar a qualidade do atendimento à comunidade e a resolutividade dos diagnósticos nos postos de saúde e Unidades Básicas de Saúde. E, atualmente, tem apresentado resultados bastante satisfatórios. Prova disso é a redução de 60% nas filas de espera por consulta por especialistas, segundo dados fornecidos pela UFRS.
Para se ter uma ideia do efeito da telemedicina na saúde pública, um dos programas do TelessaudeRS, Respiranet, possibilitou o aumento de 600 espirometrias por mês. Anteriormente, eram realizadas 200 por ano.
Regulamentação
O fato é que a Telemedicina é uma realidade recente presente em outros países. A ferramenta é utilizada em hospitais e planos de saúde de outros países do mundo. Atualmente, estudos locais já apontam para resultados positivos e diminuição de custos.
No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou, em fevereiro, nova Resolução que provocou um intenso debate na classe médica. Isso porque o texto estabelece a telemedicina como exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde, podendo ser realizada em tempo real ou offline.
Assim, a norma permite a médicos atenderem pacientes em áreas de difícil acesso, por exemplo, usando um computador ou smartphone. Entretanto, diversos Conselhos Regionais de Medicina, sindicatos e sociedades de especialidades estão criticando publicamente a nova legislação. Eles apontam, em especial, para o enfraquecimento da relação médico e paciente. Segundo eles, isso ocorreria em razão da ausência de um exame clínico presencial.
Inovação necessária
De acordo com Sandra, a regulamentação da Telemedicina no Brasil possibilita aos médicos crescimento profissional e financeiro. “Desse modo, abrem-se oportunidades aos especialistas, que, inclusive, poderão ajudar a mais pessoas, à distância”, ressalta.
A jurista afirma ainda que não se pretende comprometer a relação médico e paciente com o uso da tecnologia mas sim usá-la como instrumento de ampliação da assistência médica. “A nova resolução traz vários aspectos que merecem atenção. Precisam ser regulamentados, considerando-se especialmente a Lei Geral de Proteção de Dados”.
Ela destaca que o avanço da tecnologia no setor de saúde é inevitável e acredita que a Telemedicina promete novos horizontes importantes.
“Não podemos ser contrários ao uso da tecnologia responsável na saúde, em especial em um país de dimensão continental. Temos áreas de difícil acesso, realidades socioeconômicas distintas. Por isso, esse não é o momento de se insurgir em críticas e tentar conter o inevitável: uma nova medicina nasce da tecnologia”.
Sandra ressalta, portanto, que é necessário canalizar as energias para buscar as ferramentas para instrumentalizar a resolução da maneira mais ética e juridicamente segura. Em suma, um método que seja favorável aos pacientes e profissionais da saúde. “A inovação é necessária”, finaliza.