Violência obstétrica: saiba o que é e como se precaver

Violência obstétrica: saiba o que é e como se precaver

Recentemente o uso do termo violência obstétrica gerou um forte debate; saiba quais procedimentos são considerados inapropriados e como denunciar

O Ministério da Saúde, embora reconheça a legitimidade do termo violência obstétrica, manteve a decisão de não inclui-lo em suas normas e políticas públicas. Mas o que é violência obstétrica?

Vejamos o que diz o site Minha Vida: violência obstétrica é a prática de procedimentos e condutas que desrespeitem e agridam a mulher na hora do gestação, parto, nascimento ou pós-parto. Ou seja, se considera violência obstétrica os atos agressivos tanto de forma psicológica quanto física.

Segundo Hemmerson Magioni, médico obstetra fundador do Instituto Nascer, violência obstétrica é um termo em construção. Transita entre o desrespeito humano durante o cuidado ao nascimento até a prática de condutas médicas sem respaldo científico.

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Um levantamento encomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e feito em 34 países identificou sete tipos de violência obstétrica:

  • Abuso físico (bater ou beliscar, por exemplo)
  • Abuso sexual
  • Abuso verbal (linguagem rude ou dura)
  • Discriminação com base em idade, etnia, classe social ou condições médicas
  • Não cumprimento dos padrões profissionais de cuidado (por exemplo, negligência durante o parto)
  • Mau relacionamento entre a gestante e a equipe (falta de comunicação, falta de cuidado e retirada da autonomia)
  • Más condições do sistema de saúde (falta de recursos)

Além desses tipos de violência obstétrica, há procedimentos ou forma de fazê-los que também considerados como tal:

Episiotomia

A episiotomia é o corte na região do períneo, entre a vagina e o ânus, feito com o intuito de ampliar o canal do parto para facilitar a passagem do bebê no parto.

Uso da ocitocina sem necessidade

A ocitocina sintética é usada quando não há evolução da dilatação após muito tempo de contrações. Muitos médicos contudo, optam por aplicá-la mesmo sem sinais de demora no parto.

Ponto do marido

Após a episiotomia ou a laceração da vulva, há relatos de médicos que fazem a sutura do corte maior do que necessária, para deixar a entrada da vagina mais estreita.

Manobra de Kristeller

Este procedimento consiste em pressionar a parte superior do útero para acelerar a saída do bebê. Ele pode levar a traumas tanto no bebê quanto na mãe

Lavagem intestinal

A lavagem intestinal pode ser feita para diminuir os riscos de escape de fezes durante o trabalho de parto. No entanto, ela não é recomendada antes do parto pela OMS.

Direito a acompanhante

Acompanhante no parto

A Lei do Acompanhante (Lei Federal nº 11.108, de 07 de abril de 2005) determina que os serviços de saúde do SUS, da rede própria ou conveniada, são obrigados a permitir à gestante o direito a acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto.

Restrição de alimentação e bebida

É comum que a mulher seja mantida em jejum durante o trabalho de parto normal. Isso era praticado para evitar o risco da Síndrome de Mendelson caso ela tivesse uma cesárea. No entanto, caso o trabalho de parto esteja transcorrendo normalmente, não há mais respaldo científico para manter as mulheres em jejum absoluto.

Impedir que a mulher grite ou se expresse

A equipe médica não pode impedir a mulher de se expressar durante o trabalho de parto. As dores são muito fortes e os gritos, por exemplo, podem ser uma válvula de escape.

Impedir livre posição ou movimentação durante o trabalho de parto.

Muitas vezes a equipe médica faz a mulher ficar deitada na cama durante o trabalho de parto. No entanto, as posições verticais são as melhores, além de serem as preferidas das mulheres.

Não oferecer métodos de alívio da dor

Toda gestante tem direito a métodos para aliviar a dor do parto. Entre eles, massagem e anestesias, como a peridural. Não oferecê-las configura-se como violência obstétrica.

Como evitar a violência obstétrica

O planejamento é o principal instrumento para se evitar procedimentos indesejados. Nem sempre o planejamento poderá ser seguido à risca, pois imprevistos podem acontecer. Mas acordar previamente tudo o que será feito e, principalmente, o que não poderá ser feito, dão mais segurança às mulheres e equipes médicas envolvidas em um trabalho de parto.

Como denunciar a violência obstétrica

Existem alguns canais em que as mulheres podem denunciar a prática, segundo o site Minha Vida:

  • No próprio hospital que a atendeu
  • Na secretaria responsável por pelo estabelecimento (municipal, estadual ou distrital)
  • Nos conselhos de classe (CRM quando o desrespeito veio do médico, COREN quando do enfermeiro ou técnico de enfermagem)
  • Ligando no 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou 136 (Disque Saúde)

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