Como os energéticos impactam a sua saúde

Como os energéticos impactam a sua saúde

Conheça os possíveis riscos do consumo dos energéticos e saiba como construir uma relação saudável com a bebidas

Jazmin Garza, de apenas 20 anos, não imaginava que corria perigo ao ingerir meia lata de energético momentos antes de ir à academia. Resultado: a jovem sofreu quatro paradas cardíacas e uma convulsão. 

O caso aconteceu no Texas, nos EUA, mas carrega consigo um alerta: as bebidas energéticas precisam ser ingeridas com cautela. Entenda como incluir o seu consumo na rotina.

O que são os energéticos?

Apesar de estarem constantemente associados a um estilo de vida mais disposto, saudável e fitness,as bebidas energéticas podem comprometer a saúde — especialmente do coração.

Os energéticos são bebidas criadas para fornecer disposição e energia, e costumam ser populares entre os jovens: uma pesquisa realizada pela Universidade de Michigan com uma amostra de 22 mil alunos constatou que 30% deles consumia constantemente bebidas energéticas. No Brasil, segundo dados da consultoria Kantar para a BBC News, o volume de energéticos consumidos em 2019 se concentrou em 1% na faixa dos 11 a 17 anos; 26% de 18 a 29 anos; 18% de 30 a 39 anos; 28% de 40 a 49 anos; e 28% na parcela de pessoas com mais de 50 anos.

Apesar de ser associada a um lifestyle descolado e proativo, é importante entender os possíveis riscos a curto, médio e longo prazo que uma dieta com presença constante dessa bebida é capaz de trazer. Os principais deles são:

  • Taquicardia;
  • Ansiedade;
  • Insônia;
  • Tremores;
  • Dor de cabeça;
  • Diarreia;
  • Acelerar a perda de cálcio e magnésio pelo organismo, provocando cãibras, alteração na contração muscular e a, longo prazo, osteoporose;
  • Convulsões;
  • Alterações cardíacas, como arritmia, parada cardíaca e até morte súbita.
A arritmia cardíaca atinge mais de 20 milhões de brasileiros (Foto: Freepik)

A arritmia cardíaca atinge mais de 20 milhões de brasileiros (Foto: Freepik)

A Sociedade Brasileira de Arritmia constatou que existem mais de 20 milhões de casos de arritmia cardíaca no país — uma condição caracterizada pela alteração de ritmo nas batidas do coração. Ela pode causar sintomas que vão desde estresse e fadiga até fraqueza e desmaios. 

Nessa realidade, é essencial evitar quaisquer quadros que possam estimular ou comprometer a doença — e não seria diferente com as bebidas energéticas. De acordo com o Dr. Alexsandro Fagundes, cardiologista e presidente da SOBRAC, “embora a arritmia possa ser desencadeada por problemas de saúde subjacentes, como doenças cardíacas, também pode ser provocada pelo consumo de certas substâncias, como a cafeína presente em bebidas energéticas”.

Segundo Ricardo Mourilhe Rocha, Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj e cardiologista chefe do Setor de Insuficiência Cardíaca e Cardiomiopatias do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Uerj, “os energéticos não são bebidas essenciais. Como o próprio nome diz, ele é um estimulante para realizar funções que você em condições normais faria com mais dificuldade.”.

Dentro dessa realidade, uma arritmia decorrente do consumo exacerbado de energéticos, se não for tratada, pode ser ainda mais complexa. “O principal risco de uma arritmia não tratada, seja ela por aceleração ou desaceleração, é um mau súbito do coração, parada cardíaca e até a morte”, destaca o Dr. Ricardo.

A cafeína presente nos energéticos consegue ter um efeito semelhante ao álcool, aumentando a frequência cardíaca e o risco de arritmias. E a sua porcentagem não é pequena: os energéticos, possuem aproximadamente 80 a 90 mg de cafeína para cada 250 ml de bebida. De acordo com a Academia Americana de Pediatria, o consumo recomendado de cafeína para adultos é de até 400 mg por dia. Já crianças com menos de 12 anos não devem consumir cafeína; e, dos 12 e 18 anos, o consumo não deve passar de 100 mg por dia.

Posso consumir energéticos?

O problema da bebida energética não é, necessariamente, o seu consumo. A situação se agrava quando a bebida é consumida em excesso e, acima de tudo, misturada com outras substâncias — como bebidas alcoólicas. A lista de sintomas desse quadro chega a dobrar, ganhando condições como insônia, ansiedade, dores de cabeça, hiperatividade, eventos cardiovasculares e até convulsões.

Para além disso, a mistura entre energéticos e bebidas alcoólicas pode mascarar os efeitos da embriaguez, fazendo com que as pessoas queiram consumir ainda mais álcool para atingir o estado de agitação e euforia. 

Em documento enviado à BBC News em 2020, a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR) frisou que os energéticos não causam doenças e malefícios se consumidos da maneira correta: “A ABIR informa ainda que diversas pesquisas e literaturas nacionais e internacionais comprovam e atestam que as bebidas energéticas não são prejudiciais à saúde e/ou relacionadas a ocorrências de doenças, se consumidas com segurança”.

Mesmo assim, é importante rever a relação dos energéticos com a população e entender quais são as nuances desse consumo para a saúde — especialmente dos jovens. Conhecer os possíveis efeitos do consumo exagerado do energético é a chave para uma dieta mais balanceada. E, principalmente, manter os exames em dia para que qualquer alteração possa ser identificada.

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Luíza Fernandes

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