Escova progressiva: PROTESTE ganha causa e produto é retirado da prateleira
Alto índice de formaldeído é encontrado no teste de escova progressiva da associação – uma alerta à saúde do consumidor brasileiro e profissionais da área
Em setembro de 2023, na edição de setembro da Revista PROTESTE, foram divulgados os resultados do teste de escova progressiva realizado pela associação consumerista. Foram 12 marcas avaliadas, e entre essas nove apresentaram uma concentração altíssima de formaldeído, acima do permitido por lei.
Na época, todos os alertas foram feitos com relação às conclusões. E de posse das análises laboratoriais, a PROTESTE ingressou com uma ação civil pública para a retirada dos produtos do mercado e encaminhou os ofícios de alerta necessários aos órgãos competentes para medidas cabíveis.
Agora, é hora de comemorar mais uma vitória do consumidor. Neste mês, saiu a decisão da liminar sobre o pedido da PROTESTE determinando a retirada do mercado do produto Zap-me Leva Black (lote 002/22DHR), da marca Zap Cosméticos, sob multa de cominatória diária de R$50.000,00 . No teste, os estudos mostraram uma concentração de formaldeído que supera mais de 40 vezes o determinado pelos limites da regulamentação.
De acordo com a Agência Nacional de Saúde (Anvisa), adicionar formol a esses produtos é infração sanitária (adulteração ou falsificação). Portanto, as quantidades muito acima de 0,2% nos produtos testados implicam sérios riscos à saúde da população, o que pode ser considerado um problema de saúde pública.
A pesquisadora Ubirani Otero da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do Câncer (Inca), aumenta o coro de alerta sobre a substância “está tecnicamente reconhecido que o formol é cancerígeno e é altamente tóxico”.
Escova progressiva
Os alisantes podem ser classificados em alcalinos ou ácidos, e este último grupo é o que popularmente se conhece como escova progressiva.
Na verdade, a consumidora ou o consumidor não encontram mais facilmente o título “escova progressiva” nas embalagens dos produtos, mas a promessa continuou. Em 2019, 35% dos fiscais de Vigilâncias Sanitárias de estados e municípios que participaram de uma pesquisa da Anvisa sobre o tema relataram ter constatado o uso irregular de formol em alisantes. Basta digitar no site de busca ou mesmo sentar na cadeira de um cabeleireiro e solicitar que ela aparece.
Mas se não achamos o termo nas embalagens, o que está sendo ofertado? Entre as denominações de venda encontradas, estão: “ativador capilar”, “máscara finalizadora”, “tratamento antifrizz”, “máscara capilar”, “máscara hidratante”, “termo-redutor orgânico”, “gloss alisante” e “máscara de tratamento e realinhamento capilar”. Nenhum dos avaliados apresentam na embalagem a categoria alisante capilar. De acordo com a Anvisa, os alisantes são produtos cosméticos que modificam a estrutura química capilar para relaxar, alisar ou ondular os cabelos com duração do efeito após o enxágue.
Danos à saúde
Nos meios de comunicação da PROTESTE, todas as informações foram dadas com relação aos riscos à saúde que essa concentração poderia trazer, e inclusive casos onde mulheres já teriam sofrido os danos do processo.
Em 2009, levando em consideração ainda a manipulação do produto pelos profissionais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso de formol para alisamento de cabelo no país.
O formol é permitido apenas como conservante na concentração máxima de 0,2% nos produtos não destinados à higiene oral ou para endurecimento das unhas. Neste percentual permitido, ele não tem potencial para alisar os cabelos.
A Anvisa afirma que o uso de formaldeído como alisante é proibido, pois pode causar:
- Irritação, coceira, queimadura, inchaço, descamação e vermelhidão no couro cabeludo;
- Queda do cabelo;
- Ardência e coceira nos olhos e no nariz;
- Falta de ar e tosse;
- Dor de cabeça.
- Se houver uma exposição frequente ao formol, a pessoa pode ainda ter:
- Dor de barriga;
- Enjoo;
- Feridas na boca, na narina e nos olhos;
- Boca amarga;
- Câncer nas vias aéreas superiores, podendo até levar à morte.
PROTESTE
A maior associação consumerista da América Latina, a PROTESTE está atenta às necessidades das consumidoras e consumidores brasileiros. Acompanhe os conteúdos sobre o tema em nossos blogs Seu Direito, Minha Saúde e Conecta Já.