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Educação positiva X permissiva: qual é a diferença?

Resumo:

Confundir esses modelos pode prejudicar o desenvolvimento infantil, além de trazer riscos para a vida adulta

“Educação se aprende em casa”. Se você já escutou essa frase, sabe que esse termo vai muito além de materiais didáticos. Mas qual é a educação que nós estamos transmitindo para as crianças? Educação positiva ou educação permissiva? Conversamos com especialistas para responder às principais dúvidas sobre o assunto.

Segundo Yasmin Costa Rocha, formada em Pedagogia pela Cruzeiro do Sul, com especialização em ensino lúdico e pós-graduação em Psicopedagogia, a educação positiva é uma forma de educar que ajuda os pais a criarem um ambiente onde a criança aprende de maneira saudável e respeitosa. Já a educação permissiva se traduz quando os adultos permitem à criança fazer quase tudo o que quer, sem impor muitos limites.

O que é educação positiva e quais são seus princípios?

Ana Paula Majcher, psicóloga graduada desde 2011, com ampla experiência clínica e formação em neuropsicologia, explica: “Educação positiva é uma abordagem baseada no respeito mútuo, no vínculo afetivo e na disciplina construtiva. Seu foco está em ensinar, orientar e desenvolver habilidades socioemocionais, em vez de punir”.

Na prática, isso significa um processo de comunicação clara e respeitosa, com o estabelecimento de limites consistentes, incentivo à autonomia, utilização de consequências naturais e lógicas, além de acolhimento emocional.

É fundamental pontuar aqui que falta de punição não é sinônimo de não haver consequências diante de algum mau comportamento, mas a ausência de violência física ou verbal à criança.

Yasmin completa: “Essa abordagem se apoia na psicologia positiva, valorizando o desenvolvimento emocional, o diálogo com empatia e o uso da comunicação sem agressividade”.

O que é educação permissiva e como ela se diferencia da positiva?

Na educação permissiva, pais evitam impor limites, atendendo quase sempre aos desejos da criança. “Basicamente não há regras e ‘tudo pode’”, resume Ana Paula. Nesse modelo, há excesso de liberdade e os pais atuam mais como amigos do que como figuras de autoridade, e principalmente os conflitos são evitados a todo custo.

Ou seja, enquanto na educação positiva, os adultos oferecem carinho com limites bem definidos (o que significa que a criança é ouvida, mas sem deixar de aprender o que pode e o que não pode), na educação permissiva, há carinho, mas falta de firmeza.

Segundo a neuropsicóloga, a educação positiva prepara para a vida real (com frustrações e responsabilidades), já a permissiva ocasiona dificuldades de autorregulação e convivência social (podendo levar a adultos frustrados e desajustados).

“O psicólogo Martin Seligman, da Psicologia Positiva, reforça que o bem-estar não vem só de fazer o que se quer, mas do equilíbrio entre liberdade, responsabilidade e convivência. Ou seja, crianças precisam de afeto, mas também de limites claros para crescer com segurança”, enfatiza Yasmin.

Até onde a criança pode compreender regras e limites de acordo com seu desenvolvimento?

Como o cérebro da criança leva um tempo para amadurecer, o quanto ela é capaz de entender esses limites varia de acordo com a idade. Ana Paula traz um referencial para guiar os pais:

Em outras palavras, a criança aprende a lidar com frustrações e consequências dos seus atos com o tempo e com a ajuda dos pais. Por isso, Yasmin defende: “O mais importante é que os adultos expliquem com clareza, repitam com paciência e mantenham os limites com firmeza”.

O amadurecimento do cérebro ocorre durante a infância, adolescência e início da fase adulta, por isso, a clareza e consistência são fundamentais (Foto: Freepik).

O amadurecimento do cérebro ocorre durante a infância, adolescência e início da fase adulta, por isso, a clareza e consistência são fundamentais (Foto: Freepik).

Nesse contexto, a divisão de tarefas e responsabilidades entre a família pode ajudar. Confira as atividades que as crianças são capazes de fazer sozinhas dentro de casa de acordo com a faixa etária:

Quais são os riscos de confundir educação positiva com permissividade?

As especialistas listam alguns perigos para o comportamento das crianças, caso se confunda os modelos:

Como impor limites sem punição e sem cair na permissividade?

Dicas que as psicólogas destacam:

Consequências: além de mostrar quais são elas, é fundamental que sejam lógicas em vez de punições severas (se o combinado era de 30 minutos de tela, mas a criança excedeu o tempo mesmo você avisando que já tinha acabado, uma consequência adequada seria no próximo dia não assistir, ou diminuir o tempo).

Elas ainda mencionaram o erro mais comum dos pais ao tentar aplicar a educação positiva: confundi-la com permissividade. “Ou seja, achar que é nunca dizer ‘não’, ceder diante de birras e ser incoerente”, pontua Ana Paula.

Em situações de birra/recusa da criança, Yasmin sugere oferecer opções simples para que ela escolha, ser firme no propósito e não ceder, mostrar empatia pelo sentimento dela, assim como dar soluções que estão dentro dos limites dos pais. Acima de tudo, Ana Paula reforça: “Em primeiro lugar lembre-se: você é o adulto, portanto é quem deve manter a calma na situação”.

Qual é o papel da família e da escola no equilíbrio entre afeto e disciplina?

Tão importante quanto ter esse alinhamento dentro de casa é garantir a consistência entre família e escola na aplicação de limites. “A consistência fortalece a noção de regras como algo social e não arbitrário”, diz a neuropsicóloga.

A psicopedagoga acrescenta: “Quando escola e família combinam as regras, fica muito mais fácil para a criança entender o que pode ou não pode fazer, e ela se sente mais segura e respeitada”.

Por fim, elas deixam duas mensagens. Yasmin fala: “Educar dá trabalho, mas vale a pena. A criança precisa de amor, mas também de direção” enquanto Ana Paula completa: “Educar com afeto não é ceder, e educar com limites não é endurecer. A combinação equilibrada é o que garante segurança emocional e desenvolvimento saudável. Portanto, faça a sua parte e prepare um filho melhor para o mundo!”.

Colaborou: Yulia Serra.

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