Testamos 15 marcas de leite integral e esses são os resultados
Teste com 23 lotes de 15 marcas de Leite UHT integral identifica que produtos são seguros para consumo e não apresentam fraudes durante a produção
Há quem tome pela manhã, quente, puro ou misturado com café. Tem quem prefira tomar à noite, antes de dormir. E até mesmo frio, com chocolate, durante o lanche da tarde. São diferentes as possibilidades quando se trata de tomar leite. Seja como for, consumida na medida certa, a bebida tem alto valor nutritivo e são muitos os benefícios
No Brasil, a média de ingestão, em 2023, foi de 163 litros por habitante. Um pouco abaixo de alguns países que chegam de 250 a 300 litros/ano, mas acima da média mundial que é de 112 por pessoa. Os dados são da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que afirma ainda que os que mais tomam leite, hoje, no país são homens na faixa de 70 anos (Confira abaixo o perfil do consumo de leite e outros produtos lácteos).
Mas será que o leite consumido na nossa mesa é seguro? Infelizmente, ainda a casos de adulteração no alimento e para avaliar a qualidade do que está indo para a mesa do consumidor, a PROTESTE levou ao laboratório 23 lotes de 15 marcas de leite integral UTH – o mais consumido no país.
Processo de pasteurização do leite integral
Considerando o leite UHT integral, sua composição é principalmente água, gordura, proteínas e minerais, assim como o leite semidesnatado, mas em proporções diferentes. A lactose também é encontrada em ambos os tipos. Porém, para os intolerantes ou alérgicos, a indústria produz laticínios sem a substância (veja o teste publicado na edição de abril da Revista PROTESTE).
Em inglês, a sigla UHT significa Ultra High Temperature (temperatura ultra alta, em tradução livre). Trata-se de um método no qual a temperatura do leite alcança entre 130°C e 150°C, sob pressão, matando os microorganismos mais resistentes.
“O processo é feito em tubulações fechadas, sem contato com o meio externo. Ou seja, é uma linha asséptica de produção, o que torna o produto muito seguro para consumo”, explica Rafael Barros, engenheiro de alimentos e especialista responsável pelo estudo.
De olho nas fraudes
Além de ser considerada crime, as fraudes podem provocar perda do valor nutricional e da qualidade do leite, ocasionando danos à saúde do consumidor, que não tem como detectá-las, já que isso só é possível em laboratório. No critério consumo seguro (veja na tabela), avaliamos possíveis fraudes – antes de mergulharmos no teste, vamos logo à boa notícia: não foram identificadas alterações em nenhum dos lotes avaliados. “As grandes marcas possuem um bom controle de qualidade e não se arriscam. As fraudes acontecem mais em pequenas empresas de laticínio ou no campo”, diz Rafael.
Uma das alterações consiste em adicionar água com o objetivo de aumentar a densidade do leite. “Ao fazer isso, transforma-se um litro de leite em dois. O problema é que, como o fraudador só pensa em dinheiro, normalmente a água não é tratada, e o produto fica mais suscetível à contaminação”, explica o especialista.
Outras práticas habituais são o uso de elementos chamados reconstituintes, como sal, açúcar e álcool etílico, que servem para camuflar a adição de água. Ou, ainda, conservantes – entre os mais comuns estão água oxigenada e formol –, que, além de dar volume, ajudam o leite a durar mais tempo. “Esse controle é difícil porque o período de validade não é tabelado. Cada fabricante testa seus produtos antes de estabelecer o prazo. Mas o fato é que, se colocar conservante sem necessidade, é lógico que o produto não vai azedar. Economicamente, para quem frauda, é melhor. Se a pessoa está no Sul e quer distribuir no Nordeste, o prazo de validade tem que ser maior”, comenta Rafael.
Leite integral nota máxima em saudabilidade
Seguimos nossa análise pelo critério de saudabilidade, cujo resultado foi excelente, pois todos os lotes tiraram nota máxima nos quesitos avaliados. Numa porção de 200 ml, os valores encontrados foram: carboidrato (9,3 g), proteína
(6,4 g), gordura (6,3 g), gordura saturada (4 g), gordura trans (0 g), fibras (0 g), cálcio (237 mg) e sódio (129 mg). Em todos os produtos, as quantidades observadas estavam muito próximas à média esperada pela Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA).
Além do cálcio, o lote de Ninho (Nestlé) informa as porções de vitamina A, D, E, C, ferro e zinco. “Isso é muito atrativo para o consumidor. Porém, é importante ressaltar que não são informações obrigatórias na tabela nutricional. Por isso, o produto não foi beneficiado durante a avaliação”, comenta Rafael.
Entre os aditivos, a legislação permite apenas a existência de estabilizantes, o que foi respeitado em todos os lotes analisados. E, como não pode levar conservantes, o prazo de validade está intimamente relacionado ao manuseio em todo o processo e ao tratamento térmicos.
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