Dia da Prevenção e Controle do Colesterol: o que você precisa saber sobre a doença
O colesterol é essencial para o funcionamento do nosso corpo, mas, quando desregulado, pode trazer uma série de problemas
Nesta quinta-feira (08) é comemorado o Dia da Prevenção e Controle do Colesterol, data importantíssima para acender um alerta sobre um problema que atinge muitos brasileiros. Segundo informações do Ministério da Saúde, hoje em dia estima-se que 40% da população tem o colesterol elevado. Quando falamos de crianças, esses números também são preocupantes. De acordo com dados de pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais de um quarto das crianças e adolescentes brasileiros têm colesterol alto.
Como explicado pelo Dr. Giuliano Generoso, especialista em Cardiologia pela AMB e Sociedade Brasileira de Cardiologia e Médico Cardiologista do Hospital Sírio Libanês, os fatores que levam a um aumento do conhecido como “colesterol ruim” podem ser tanto comportamentais quanto genéticos.
“Os níveis de LDL-c podem aumentar por diversos motivos. Questões cotidianas, como dieta rica em gorduras saturadas e trans, falta de atividade física, obesidade, tabagismo e diabetes tipo 2. O componente genético/hereditário também é um fator de risco muito importante, já que grande parte dos níveis de colesterol é oriundo da sua produção no fígado”, explica.
Mas não se engane: apesar de ser comum logo associarmos a palavra colesterol com uma coisa ruim, ele nem sempre é negativo. Muito pelo contrário, quando no local e quantidade certa, o colesterol é essencial para o bom funcionamento do nosso corpo.
O que é o colesterol?
“O colesterol é uma substância essencial para a formação de membranas celulares e outros componentes do organismo, como hormônios e vitamina D”, explica o médico. Ele ressalta que existem dois tipos de colesterol: de alta densidade, chamado HDL (do inglês High Density Lipoprotein) e o de baixa densidade, chamado LDL (do inglês Low Density Lipoprotein).
O colesterol ruim é o que está presente na LDL e na VLDL que, como explicado pelo especialista, podem acumular nas artérias quando em excesso. Já a HDL é o que popularmente chamamos de “colesterol bom”. “Ela é como um caminhão de lixo: transita pelo corpo recolhendo o colesterol em excesso (tanto da LDL quanto das outras partes do corpo) e leva de volta para o fígado, onde ele é processado e eliminado”, completa.
Como prevenir?
O colesterol ruim alto pode causar diversos problemas de saúde. Justamente por isso, é muito importante ficar sempre de olho e tomar os cuidados necessários para evitar que ele se transforme em um sufoco.
O médico pontua que o primeiro passo é fazer os exames de rotina com a frequência indicada. “O colesterol alto geralmente não apresenta sintomas. Sendo assim, a única maneira de saber se os níveis de colesterol são altos é através de exames de sangue regulares. Os exames de sangue para medir os níveis de colesterol total, LDL-c, HDL-c, não-HDL-c e triglicerídeos são recomendados regularmente conforme orientação médica”, afirma.
Ele explica que, além de fazer os exames com frequência, manter hábitos saudáveis também é primordial para evitar problemas com o colesterol. “É essencial manter peso saudável, praticar atividade física regular, não fumar, limitar o consumo de álcool e seguir um hábito alimentar rico em fibras e baixo teor de gorduras saturadas e trans”.
Para ser mais palpável, o Dr. pontuou que o ideal é que menos de 10% das calorias diárias venham de gorduras saturadas para minimizar o risco de colesterol alto. “Entre as pessoas com fatores de risco cardiovascular, esse valor não deve ultrapassar 7%”, acrescentou.
Impactos na saúde
O colesterol ruim elevado pode causar diversos impactos negativos na saúde e levar, inclusive, a algumas complicações sérias. “Níveis elevados de colesterol podem levar ao seu acúmulo nas artérias e consequente formação de placas, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC)”, pontua o Dr.
Justamente por isso é essencial acompanhá-lo de perto e buscar um especialista na área quando os números dos exames voltarem alterados. Hoje em dia, os cardiologistas são os mais indicados para tratar questões de colesterol.
“O tratamento inclui medidas não medicamentosas, como hábitos alimentares saudáveis, exercícios físicos regulares e perda de peso. E também medidas medicamentosas para reduzir os níveis de colesterol no sangue”, detalha o especialista em Cardiologia pela AMB e Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Colesterol em crianças
Os números de crianças com problemas de colesterol alto tem crescido cada vez mais, chegando em um patamar preocupante. O Dr. Giuliano Generoso acredita que isso pode acontecer por dois motivos.
O primeiro deles é relacionado à saúde das nossas crianças: uma dieta inadequada, sobrepeso/obesidade infantil e a falta de atividade física é um combo fatal no caso do colesterol.
O segundo tem a ver com a evolução da medicina. “O aumento dos casos de colesterol alto em crianças também pode ser atribuído também à melhoria do rastreamento feito pelos pediatras”, diz. Ou seja, hoje em dia, existe uma rapidez e facilidade na descoberta desses problemas, o que, consequentemente, faz os números aumentarem.
Existe colesterol emocional?
Quando falamos em colesterol, é muito comum que algumas pessoas acreditem que fatores emocionais podem desencadear em um aumento daquele negativo, trazendo os problemas citados.
Isso, no entanto, não é 100% verdade. “O que acontece é que o estresse pode contribuir para o aumento dos níveis de colesterol ao desencadear comportamentos não saudáveis, como má alimentação e falta de exercício. No entanto, o conceito de colesterol emocional não é cientificamente reconhecido”, completa o médico.
Ou seja, eles não estão diretamente relacionados, mas picos de estresse podem nos fazer comer mais, parar com as atividades físicas e desenvolver hábitos não saudáveis. Isso, por consequência, pode desencadear problemas de colesterol.