Gravidez na adolescência: causas e como diminuir os índices

Gravidez na adolescência: causas e como diminuir os índices

A gravidez na adolescência é um problema enfrentado por muitos países, que deve ser trabalhado para ser diminuído

A taxa mundial de gravidez na adolescência é estimada em 46 nascimentos para cada mil meninas de 15 a 19 anos. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, um em cada sete bebês é filho de mãe adolescente. A cada hora, nascem 48 bebês, filhos de mães adolescentes. O número de bebês com mães de até 14 anos contabilizou 19.330 nascimentos no ano de 2019, o que significa que, a cada 30 minutos, uma menina de 10 a 14 anos se torna mãe.

A gestação não planejada na adolescência pode ser resultado de uma série de fatores e, como defendido por Angela Mattos – orientadora parental em atuação consciente na infância e adolescência e coordenadora geral e idealizadora do projeto Semente Amarela, realizado pelo Instituto Caminho do Meio (CMAP), que acolhe orienta gestantes, mães, pais, cuidadores de crianças (até 3 anos), adolescentes e familiares de Alto Paraíso de Goiás – costuma ser um reflexo da infância.

“Falar de acolhimento e prevenção da gestação na adolescência é refletir sobre uma construção relacional, que começa ainda dentro do útero materno. A infância deve ser baseada em respeito, nutrição física e emocional, conhecimento fisiológico, proteção e intimidade, práticas necessárias a fim de que  a criança se torne um adolescente mais estruturado para atuar no espaço fora de casa. Assim, a adolescência, com toda a sua potência e espírito de busca, terá alicerce de autoconhecimento para a travessia. O que foi recebido através de ações efetivas vai se intensificar – exemplos e experiências vividas”, explica a profissional.

Angela Mattos reforça, ainda, que durante muito tempo a adolescência não foi valorizada como um grupo, mas hoje tem sido vista de forma especial na maioria dos países. Mesmo não sendo um problema novo, a gravidez na adolescência tem chamado atenção e preocupado especialistas.

Gravidez na adolescência: causas e como diminuir os índices

Gravidez na adolescência: causas e como diminuir os índices (Imagem: Freepik)

O que leva à gravidez na adolescência

Como já apresentado pela profissional, a gravidez na adolescência também se relaciona muito com a infância e a forma na qual essa pessoa foi criada nos primeiros anos de vida. Ela pode, no entanto, ser um resuldado de diversos outros fatores, como a falta de conhecimento da jovem sobre sua saúde e o acesso limitado aos métodos contraceptivos eficazes, por exemplo.

“A desinformação sobre sexualidade e direitos sexuais e reprodutivos é o principal motivo [da gravidez indesejada na adolescência]. Questões emocionais, psicossociais e contextuais também contribuem, inclusive, para a falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, incluindo o uso inadequado de contraceptivos, como métodos de barreira e preservativos”, pontua Angela Mattos.

Unidos contra a gravidez na adolescência

A profissional defende que, para reverter os números e diminuir casos de gravidez na adolescência, o trabalho precisa ser contínuo e conjunto. “A garantia de desenvolvimento integral na adolescência e juventude é uma responsabilidade coletiva que precisa unir família, escola e sociedade para se articularem com órgãos e instituições públicas e privadas na formação de políticas públicas de atenção integral à saúde, em todos os níveis de complexidade”, diz.

A prevenção da gravidez durante a adolescência, portanto, exige esforços dos distintos setores públicos responsáveis pela formulação e pela implementação de políticas públicas, que têm como perspectiva central os direitos humanos, mas demanda também o envolvimento de todos os setores da sociedade civil.

“A permissividade é maior na sociedade atual, em que as demandas de trabalho e a falta de tempo não permitem a interconexão entre os familiares, gerando culpa pela falta de presença. Os meios de comunicação constituem forte estimulação sexual para jovens. Nas famílias, os tabus persistem e ainda constituem exceção os pais que discutem sexo com seu filho adolescente. Eles iniciam a vida sexual sem os conhecimentos mínimos sobre a fisiologia da reprodução e a concepção e, muitas vezes, as fontes de informação são os próprios amigos ou meios de comunicação que, em geral, fornecem conhecimento incompleto e inexato”, detalha.

Tratar a gravidez na adolescência sob uma perspectiva preventiva e de atenção integral , desde a tenra infância, proporciona à menina e ao menino o exercício da vida sexual e reprodutiva com base em valores e comportamentos mais autônomos, com descisões mais responsáveis, além da construção de projetos de vida a longo prazo. Educar as novas gerações é semear futuros mais saudáveis.

Helena Selegatto Leite

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Helena Selegatto Leite