As brasileiras terão a oportunidade de ter um dos métodos contraceptivos mais eficazes do mercado totalmente de graça
Um dos métodos contraceptivos mais eficientes do mundo, o Implanon está mais acessível, agora oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. Junto com o DIU de cobre, o processo de inserção do implante, bem como o próprio, serão disponibilizados gratuitamente para as mulheres brasileiras.
O Ministério da Saúde tem a expectativa de distribuir 1,8 milhão de dispositivos até 2026, sendo 500 mil ainda este ano. O investimento médio que uma mulher tem ao aplicar o contraceptivo atualmente é de entre R$ 2 mil e R$ 4 mil, mas agora ela pode garantir um método altamente recomendado por especialistas de graça. O governo deve investir aproximadamente R$ 245 milhões na distribuição.
Além de contribuir para o fortalecimento do planejamento sexual e reprodutivo do Brasil, a principal justificativa para oferecer o Implanon pelo SUS é que o acesso ao contraceptivo também contribui para a redução da mortalidade materna, em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
De acordo com o Ministério da Saúde, o objetivo é reduzir em 25% a mortalidade materna geral e em 50%, entre mulheres negras até 2027. Essa é uma política pública que traz mais segurança às mulheres e meninas, além de incentivar projetos de saúde pública para o grupo.
Atualmente, o SUS disponibiliza os seguintes métodos contraceptivos:
- Preservativos externo e interno;
- DIU de cobre;
- Anticoncepcional oral combinado;
- Pílula oral de progestagênio;
- Injetáveis hormonais mensal e trimestral;
- Laqueadura tubária bilateral e vasectomia.
Entre os contraceptivos atualmente oferecidos no SUS, apenas o DIU de cobre — e agora o Implanon — são classificados como contraceptivos reversíveis de longa duração (LARC, na sigla em inglês). Segundo o Ministério da Saúde, esses métodos são considerados mais eficazes no planejamento reprodutivo por não dependerem do uso contínuo. Os LARC são reversíveis e seguros.
Mas o que exatamente é o Implanon? Confira um guia completo de como funciona esse método contraceptivo, quais as vantagens, riscos e como ter acesso ao dispositivo de graça.
O que é o Implanon e como ele funciona no organismo?
O Implanon é um implante contraceptivo hormonal em formato de bastão, com cerca de 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro. Ele contém etonogestrel, um hormônio sintético semelhante à progesterona natural do corpo.
Com a liberação deste hormônio continuamente na corrente sanguínea, o dispositivo ajuda a impedir a ovulação e evita a gravidez. Ou seja, o óvulo não é liberado ao útero, o que impede a formação de um embrião, bem como inibe a menstruação. Confira os três principais efeitos:
- Inibe a ovulação, impedindo o óvulo de chegar ao útero (o que impede a menstruação)
- Espessa o muco cervical, o que dificulta a entrada dos espermatozoides no útero
- Afina o endométrio (a camada interna do útero), tornando o ambiente uterino desfavorável para a implantação de um embrião.
Sua eficácia é maior a 99%, se equiparando à eficácia da laqueadura — corte dos tubos que permitem que os óvulos cheguem ao útero.
O bastão é feito de um material plástico biocompatível e flexível, e vem dentro de um aplicador estéril. Seu efeito tem duração de 3 anos, mas um novo dispositivo pode ser inserido de forma imediata após o prazo.
Assim como o DIU de cobre, o Implanon é classificado como um contraceptivo reversível de longa duração (LARC). No entanto, ele não protege a paciente de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) — o único método no mercado com essa capacidade é o preservativo externo.
Segundo a Dra. Taís Auricchio de Miranda, ginecologista e obstetra, esse “é um método de alta eficácia e longa duração, que elimina a necessidade de constante manutenção, como lembrar de tomar a pílula todos os dias no mesmo horário e, por isso, aproxima o uso ideal do uso típico”.
Como é feito o procedimento de colocação e retirada do Implanon?
A médica revela que o processo de inserção do Implanon é rápido, com duração entre 5 e 10 minutos. O procedimento deve ser realizado em um consultório médico ou unidade de saúde.
O primeiro passo é realizar a anestesia do local onde ele será inserido — geralmente no braço, imperceptível na pele —, em seguida o profissional insere o bastão com um aplicador especial, sem necessidade de pontos.
Segundo a especialista, o desconforto costuma ser mínimo, semelhante a uma picada ou pressão. “Geralmente coloca-se o implante na face interna do braço não dominante, abaixo do sulco entre o bíceps e o tríceps, cerca de 8 a 10 cm acima do cotovelo. Esse local oferece discrição e fácil acesso”, informa.
Miranda também informa que a retirada do Implanon pode ser feita antes dos 3 anos em caso de efeito adverso intolerável ou desejo de gestar. Nesse processo, é realizada anestesia local e feito um pequeno corte na pele para retirar o bastão com uma pinça especial.
A especialista comenta que não costuma ser um procedimento doloroso e que a cicatriz geralmente é mínima. Ainda, na maioria das vezes não é necessário realizar sutura (pontos). O procedimento leva cerca de 15 a 20 minutos.
Melhor eficácia do mercado contraceptivo

O Implanon possui 3 anos de duração, sem manutenções (FOTO: Freepik).
O Implanon tem uma eficácia acima de 99, 95%, sendo o método contraceptivo mais seguro disponível no mercado. Ele ainda se destaca por não depender do uso diário ou mensal, reduzindo falhas humanas por esquecimento.
A ginecologista exemplificou a eficácia de outros métodos:
- Pílula anticoncepcional: cerca de 91% (uso típico)
- DIU hormonal ou de cobre: 99% ou mais
- Anticoncepcional injetável: cerca de 94% (uso típico)
- Laqueadura tubárea (método cirúrgico e definitivo): cerca de 99,96%
Quem pode usar o Implanon? Conheça contraindicações e efeitos colaterais
Apesar de seguro, existem restrições ao uso desse método contraceptivo que devem ser avaliadas individualmente pelo médico e paciente.
Segundo a ginecologista e obstetra, ele é indicado principalmente para mulheres que querem evitar gravidez a longo prazo sem a necessidade de lembrar com frequência do uso, que desejam métodos reversíveis e que não podem usar estrogênio (presente em pílulas combinadas).
Vale lembrar que ele não afeta a fertilidade da mulher, que volta rapidamente, em poucas semanas ou meses após a retirada do dispositivo.
Esse método não é recomendado para os seguintes casos:
- Gravidez confirmada ou suspeita.
- Histórico de câncer de mama ou tumores hormonodependentes.
- Doenças graves do fígado, como cirrose avançada ou tumores hepáticos.
- Trombose ou embolia atuais ou prévias.
- Sangramento vaginal não diagnosticado.
- Alergia aos componentes do implante.
O efeito colateral mais comum é o sangramento irregular — que não é menstruação —, de acordo com a médica, presente em cerca de 15% das usuárias do método. “Na maioria dos casos, se trata de pequeno sangramento e esporádico, sendo bem tolerado pelas pacientes, mas em alguns casos é persistente e de maior volume, o que pode levar à insatisfação e descontinuidade do método”, revela Miranda.
Outros efeitos colaterais menos comuns incluem:
- Dor ou hematoma no local da aplicação.
- Sensibilidade ou aumento nas mamas.
- Mudanças de humor ou irritabilidade.
- Acne ou oleosidade na pele.
- Diminuição da libido.
- Cefaléia (dor de cabeça).
- Ganho ou perda de peso.
O Implanon será disponibilizado pelo SUS: como ter acesso?
Em 2025, todas as mulheres adultas em idade reprodutiva (18 a 49 anos) terão direito ao Implanon pelo SUS. Terão prioridade no recebimento as localidades com os maiores índices de vulnerabilidade e de gravidez na adolescência.
Para conseguir o Implanon pelo SUS, será necessário agendamento em unidades de saúde, geralmente com avaliação por um médico ou enfermeiro capacitado.
O processo incluirá consulta prévia, orientações sobre uso e após isso o procedimento será agendado. O SUS fornecerá gratuitamente o implante e a aplicação.
O que considerar antes de escolher esse método contraceptivo?
Para a médica, toda paciente que inicia um método contraceptivo deve passar por uma primeira consulta, para avaliação inicial e escolha do método e por uma consulta de retorno, 1 a 3 meses após a colocação, além de acompanhamento anual.
Os principais pontos que a mulher deve levar em conta para a escolha desse método devem ser:
- Seus antecedentes pessoais.
- Desejo ou não de ter filhos a curto prazo.
- Padrão menstrual atual.
- Estar preparada para possíveis efeitos colaterais.
- Orientação médica específica caso a caso.
“É um método que deve ser considerado como opção na maioria dos casos de pacientes que buscam métodos hormonais, mas é fundamental que esta escolha seja individualizada e discutida entre médico e paciente”, finaliza Thaís de Miranda.
Colaborou: Camila Lutfi.
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