É possível ser sustentável em uma sociedade de consumo?

É possível ser sustentável em uma sociedade de consumo?

Sustentabilidade e consumo são dois conceitos que podem conviver em harmonia, com a mudança de comportamento das empresas e dos próprios consumidores.

A cadeia de consumo é compatível com os conceitos de sustentabilidade? Este foi o tema de mais um bate-papo da PROTESTE, durante uma live com a gerente de relações institucionais do Conselho Empresarial Brasileiro Para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Tatiana Assali. 

O CEBDS reúne empresas que representam 60% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, respondendo por mais de 1 milhão de empregos diretos no país. Dentre os integrantes do conselho estão o Banco do Brasil, Banco Central, Bradesco, Casa da Moeda, BRK Ambiental, Petrobras, Natura, Ambev, entre outras empresas de grande porte, em vários segmentos de atuação. 

“Percebemos uma preocupação cada vez maior, por parte das grandes corporações, com a sustentabilidade”, disse Tatiana. Segundo ela, o conceito de sustentabilidade está intimamente ligado à ideia de perenidade. “Estamos falando de preservação, de estarmos aqui por um longo tempo e com qualidade de vida. A perenidade é um sinônimo da sustentabilidade”, afirmou.

Convicção, conveniência e compliance: o que isso tem a ver com sustentabilidade e consumo?

Para Tatiana, as causas verdes devem nortear as relações na cadeia de consumo daqui para a frente. “As empresas precisam ser sustentáveis, do ponto de vista financeiro, econômico e governamental, o que chamamos de ASG (pilares ambiental, social e de governança)”, disse. 

empresa sustentavel
Isso significa que, cada vez mais, boas práticas como a eficiência energética, a destinação adequada de resíduos e a responsabilidade social e ambiental serão valorizadas, não apenas pelos consumidores, mas por toda a sociedade. “A tendência é de que os consumidores comecem  a valorizar os produtos sustentáveis e os meios de produção responsáveis, preferindo comprar e fazer negócios com empresas que adotam tal filosofia”, disse. 

De acordo com Tatiana, esse comportamento vem sendo cada vez mais evidente. “O consumidor amadureceu e se preocupa mais com essas questões”, destacou. Ou seja, as pessoas estão cada vez mais propensas a buscarem produtos que tenham maior eficiência energética (menor consumo de recursos), fabricados por empresas ambiental e socialmente responsáveis. 

“A Europa está à frente nessa tendência, mas vivemos em um mundo globalizado. Percebo que a preocupação das pessoas com a sustentabilidade é cada vez maior”, disse. 

Do ponto de vista corporativo, Tatiana destacou que as empresas precisam se preocupar com os 3 “C”s, ou seja, convicção, conveniência e compliance. “Em outras palavras, é fundamental que o setor corporativo adote posturas responsáveis por convicção, embora exista a conveniência, ou seja, a necessidade de atender aos desejos e demandas de consumo”, explicou. “Além disso, o compliance, que é o cumprimento de normas e regras, faz toda a diferença para os resultados e imagem das empresas”, completou. 

“Não podemos abusar da natureza”, diz Tatiana

Na visão da representante do CEBDS, o momento que vivemos, de pandemia,  pode ser entendido como um recado da natureza. “Temos conhecimento das mudanças climáticas em curso e sabemos do risco e dos impactos da ação humana na natureza. Então, precisamos agir com responsabilidade para evitar possíveis crises futuras”, alertou.

Como exemplo, ela citou os riscos decorrentes de uma possível crise hídrica. “A água é um recurso finito e é preciso que as pessoas passem a utilizá-la com consciência”, disse. “As mudanças estão vindo, e tanto consumidores quanto empresas estão precisando, rapidamente, mudar o comportamento e também os seus valores”, destacou. 

Segundo Tatiana, a tecnologia será uma aliada nas mudanças de comportamento, em busca do equilíbrio entre sustentabilidade e consumo. “Com ela, é possível rastrear a procedência de produtos, descobrir as técnicas de cultivo utilizadas, checar as ações dos produtores e sua adequação à regulação, o comprometimento de cada um com o descarte de resíduos, bem como a economia circular, entre outros”, destacou.