Ansiedade: o que é, sintomas, causas e tratamento
Entenda o que é ansiedade, quais são os sintomas, as principais causas e como é realizado o tratamento.
A ansiedade é um problema cada vez mais comum na sociedade. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio do Relatório Mundial de Saúde Mental de 2022, revelaram que, aproximadamente, 1 bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental, sendo 31% com ansiedade.
O relatório também constatou um aumento de 25% de depressão e ansiedade em todo o mundo, somente no primeiro ano da pandemia. Esses e outros dados mostram o quanto a ansiedade e outros transtornos mentais são cada vez mais comuns na sociedade.
Entender o que é ansiedade, quais são os sintomas, as causas e como prevenir a doença é essencial para que essa taxa comece a reduzir. Confira a seguir as principais informações sobre o assunto!
Índice:
O que é ansiedade?
A ansiedade é uma reação natural à incerteza ou ao perigo. Todos nós temos essa reação quando estamos diante de uma situação de perigo ou quando não temos certeza sobre algo. Ela desencadeia sensações como angústia, aflição e perturbação do espírito.
Essa é a chamada ansiedade comum, aquela que todos os indivíduos sentem e que é usada como um estímulo para que o corpo entre em ação. Basicamente, diante do perigo ou de uma necessidade urgente, a ansiedade faz com que nosso corpo fique em alerta e consiga sair dessa situação rapidamente.
Mas essa reação natural pode se tornar um problema quando ela ocorre em uma alta intensidade. Por isso, o que separa a ansiedade fisiológica do transtorno é a forma como ela se manifesta.
O que é transtorno de ansiedade?
O transtorno de ansiedade é a manifestação patológica desta reação natural. Trata-se de um reflexo exacerbado em relação ao perigo e à incerteza e que gera sensações que vão além da perturbação do espírito, podendo ter sintomas físicos, inclusive, como respiração ofegante, falta de ar e palpitações.
Embora a ansiedade seja uma reação que nos coloca em estado de alerta, para agir com rapidez, o transtorno de ansiedade pode ter um efeito contrário, impedindo a reação diante daquilo que causa esse sentimento.
Diferente da reação natural, no transtorno de ansiedade, o indivíduo pode se sentir ansioso na maior parte do tempo sem que tenha alguma razão aparente.
Assim como pode sentir ansiedade em algumas situações, mas com uma intensidade tão alta que causa imobilização.
Portanto, o transtorno de ansiedade é definido como o estado em que a pessoa se sente ansiosa com frequência ou com alta intensidade, mas sem ter motivos aparentes para isso.
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Conheça os principais tipos de transtornos de ansiedade
Você sabia que existem vários tipos de transtornos de ansiedade? A seguir, explicaremos os principais tipos e como esses distúrbios relacionados à ansiedade se manifestam. Acompanhe!
Transtorno de ansiedade generalizada
O primeiro tipo é o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), que é talvez o mais conhecido e associado à ansiedade. Esse é o transtorno de ansiedade em que o indivíduo sente um medo irracional, preocupação exagerada, tensões, falta de controle sobre os pensamentos e sensação de que algo ruim vai acontecer.
O TAG é um distúrbio persistente e de difícil controle, que geralmente ocorre por no mínimo seis meses. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação de Psiquiatria Americana, esse transtorno vem acompanhado de pelo menos três dos seguintes sintomas: irritabilidade, inquietação, tensão muscular, fadiga, dificuldade de concentração e perturbação do sono.
Transtorno obsessivo-compulsivo
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é outro distúrbio psiquiátrico associado à ansiedade. Segundo a classificação do DMS-5, esse transtorno tem como característica a presença de crises recorrentes de compulsões e obsessões.
O indivíduo com TOC pode ter obsessão por ideias, pensamentos, imagens e crenças. Esses sintomas ocorrem com frequência, sem que a pessoa queira lidar com isso. É como um disco riscado que repete sempre o mesmo trecho.
Essa obsessão, na maioria das vezes, leva o indivíduo a realizar compulsões que são baseadas em regras e etapas criadas pela própria pessoa. Ao realizar o ritual próprio da compulsão, o indivíduo sente o alívio da ansiedade.
Transtorno de estresse pós-traumático
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é outra condição que tem relação com a ansiedade e que se manifesta após a ocorrência de situações traumáticas ou experiências de atos violentos.
O portador de TEPT apresenta um conjunto de sinais e sintomas físicos, emocionais e psíquicos por ter sido vítima ou testemunha de uma situação traumática, onde pode ter passado por uma ameaça contra sua vida ou de terceiros.
São muitas as situações que podem levar a esse transtorno, como agressão física, terrorismo, tortura, violência urbana, sequestro, assalto, entre outras. O indivíduo com esse problema se sente ansioso, tem dificuldade em se concentrar, pode apresentar distúrbios do sono, ter irritabilidade e dificuldade em lidar com pessoas ou atividades que revivam essa experiência traumática.
Síndrome do pânico
Outro distúrbio ligado à ansiedade é a síndrome do pânico, uma condição onde o indivíduo apresenta crises repentinas de ansiedade aguda marcadas por desespero e muito medo.
A síndrome do pânico tem como característica a ocorrência dessas crises de ansiedade de forma repentina e inesperada e, na maioria das vezes, não há uma explicação racional.
Durante o ataque de pânico, a pessoa pode ter uma nítida sensação de que irá morrer, de que perdeu o controle sobre si e de que vai enlouquecer. É uma percepção que pode ser desencadeada por traumas, fobias e estresse.
Transtorno de ansiedade social ou fobia social
O transtorno de ansiedade social ou fobia social é outra condição em que a ansiedade se manifesta e compromete a qualidade de vida. Embora todos nós tenhamos certa ansiedade social, que é a preocupação com a própria imagem, em conversar com uma autoridade e insegurança ao estar em um ambiente estranho, o transtorno ocorre quando essa manifestação tem uma intensidade elevada.
O portador desse transtorno tem muita dificuldade em falar em público, em interagir com outras pessoas, em participar de projetos em grupo e todo tipo de interação social. Ao ter que passar por essas situações, a pessoa pode ter crises de ansiedade.
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Quais são os sintomas da ansiedade?
Os sintomas da ansiedade variam de acordo com o distúrbio do paciente. Mas na maioria dos transtornos, há sintomas físicos e psicológicos associados.
Confira a seguir os principais sintomas dessa condição:
- inquietação;
- palpitações;
- falta de ar;
- irritabilidade;
- fadiga;
- tensão muscular;
- dificuldade de concentração;
- náuseas;
- taquicardia;
- dor de cabeça;
- aperto no peito;
- dores musculares;
- alteração no funcionamento intestinal.
Entenda as causas da ansiedade
As causas da ansiedade também variam de acordo com cada distúrbio. Existe uma série de situações e condições que pode propiciar o desenvolvimento de algum tipo de transtorno de ansiedade, tais como:
- traumas;
- fatores ambientais;
- estresse;
- doenças físicas;
- doenças mentais, como depressão;
- gatilhos específicos para cada paciente.
Também é preciso considerar o fator genético. Essa descoberta relacionada ao desenvolvimento dos transtornos de ansiedade é recente.
Como é o tratamento da ansiedade?
Já o tratamento da ansiedade é orientado pelo médico de acordo com as características do distúrbio vivenciado por cada paciente. Em alguns casos, são utilizados medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos para controlar a sensação de ansiedade, sendo essa a terapia farmacológica, que é indicada quando os sintomas de ansiedade interferem de maneira significativa nas atividades cotidianas do paciente.
Além de inibir essa reação em quem tem um distúrbio de ansiedade, é preciso entender o que leva a esse sentimento exacerbado para eliminar os gatilhos que despertam a crise de ansiedade. É nesse momento que entra a psicoterapia, que é o acompanhamento psicológico do paciente.
Na psicoterapia, o paciente tem a oportunidade de entender o que causa as crises de ansiedade para lidar melhor com esses gatilhos.
É nesse momento também que o paciente pode lidar com traumas, com o estresse e outros problemas associados ao distúrbio.
O tratamento farmacológico inclui o uso de medicamentos para o controle da crise e para aliviar os sintomas contínuos do transtorno de ansiedade, sendo descontinuados de forma progressiva com acompanhamento médico. Já a psicoterapia pode ser realizada por tempo indeterminado, sendo benéfica para o paciente em diversos aspectos.
Por que muitos jovens estão ansiosos e depressivos?
Os problemas psicológicos não são exclusivos dos adultos e idosos, cada vez mais os jovens estão fazendo parte das taxas de pessoas com distúrbios como os transtornos de ansiedade e a depressão.
Dentre as causas para os problemas de saúde mental nessa fase estão as mudanças intensas que ocorrem durante a adolescência, as alterações físicas, cerebrais e hormonais, os conflitos internos vivenciados por cada indivíduo, entre outros.
Também há fatores externos que contribuem para o desenvolvimento de certos distúrbios, como o bullying, o cyberbullying, as cobranças por desempenho, o vínculo com seus familiares, a qualidade do diálogo, a pressão para assumir riscos ou tomar decisões, a necessidade de aceitação social e o descontentamento com a imagem corporal.
De acordo com a OMS, 14% dos adolescentes no mundo todo viviam com algum transtorno mental em 2019. Dados como esse mostram o quanto é importante cuidar da saúde mental em todas as fases, inclusive na infância e na adolescência.
Como prevenir a ansiedade?
Embora os transtornos de ansiedade possam ser desencadeados por uma série de fatores diferentes, saiba que é possível prevenir esses distúrbios a partir do cuidado com a saúde mental.
Fazer atividades relaxantes, diminuir o estresse, lidar com traumas e problemas que são gatilhos emocionais, fazer psicoterapia, praticar exercício físico, yoga e meditação são algumas das recomendações para manter a mente e o corpo em equilíbrio.
Saiba que é muito importante cuidar da saúde da nossa mente, mesmo que seja de forma preventiva. Cuidar da mente é o mesmo que aprender a lidar com as nossas emoções, frustrações, medos, angústias e outros fatores que podem gerar desequilíbrio emocional.
Qual é a relação entre a ansiedade e a alimentação?
Para finalizar, você também deve ter um cuidado especial com a sua alimentação. Os alimentos têm um papel muito importante na manutenção e no funcionamento do nosso corpo e podem também afetar a nossa saúde mental.
Há diversos estudos que comprovam que as escolhas alimentares que fazemos podem aumentar ou diminuir os sintomas da ansiedade. O baixo consumo de alimentos fontes de magnésio, zinco, cromo, vitamina D, vitaminas do complexo B, triptofano e ômega 3 associado ao elevado consumo frequente de alimentos ricos em açúcar, gorduras saturadas e sódio, por exemplo, afeta as nossas emoções de forma negativa.
E isso é explicado pelo nosso funcionamento intestinal, que é responsável por produzir neurotransmissores que melhoram o humor e oferecem a sensação de bem-estar, como a serotonina. Logo, a inclusão de fibras e probióticos são essenciais para o corpo também.
Por isso, uma alimentação saudável é recomendada para manter o corpo e a mente saudáveis.
Inclua na sua alimentação verduras, legumes, frutas, sementes e oleaginosas, cacau, feijão, peixes, ovos, cereais integrais e probióticos diariamente. Faça desses alimentos uma rotina diária.
Também é válido evitar certos alimentos que aumentam os sintomas da ansiedade, como o café, que é uma bebida estimulante, energéticos, chás que contém cafeína, bebidas alcoólicas, alimentos gordurosos e com altas quantidades de açúcar adicionado.
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Fernanda Taveira
Especialista do Centro de Competência de Alimentação e Saúde da PROTESTE Mestre em Alimentação, Nutrição e Saúde pela UERJ
