Como cuidar da pele no verão e evitar danos

Como cuidar da pele no verão e evitar danos

Crédito imagem: verona_S/iStock

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país.

Esse tipo de câncer é mais comum em pessoas com mais de 40 anos. No entanto, devido ao aumento da exposição de jovens aos raios solares sem a utilização de filtro solar, a média de idade dos pacientes vem diminuindo.

Embora o sol seja a principal fonte de vitamina D, essencial para a saúde óssea, a luz solar contém radiação de diferentes comprimentos de onda, desde a radiação infravermelha de baixa frequência do calor, passando pelo espectro da luz visível, até os raios ultravioleta (UV) que podem prejudicar a saúde da nossa pele.

O que é radiação UV?

Os raios luminosos da radiação ultravioleta (RUV) são classificados em três faixas de onda diferentes, chamadas de A, B e C.

  • Os raios UVA atravessam facilmente a camada de ozônio e são a radiação a que estamos mais expostos.
  • A maioria dos raios UVB é absorvida pela camada de ozônio, mas os que a atravessam podem causar danos.
  • Os raios UVC são os mais perigosos, mas felizmente são bloqueados pela camada de ozônio e não chegam ao sol

Embora existam fontes artificiais, o sol é a principal fonte de RUV. A exposição total à RUV de quem trabalha ao ar livre, por exemplo, é quatro vezes maior do que a de quem trabalha em ambientes internos.

Nas últimas décadas, os cientistas têm monitorado as alterações na camada de ozônio – a capa de proteção situada na estratosfera. Os níveis de ozônio diminuíram em consequência dos danos causados pelas atividades humanas, provocando aumento dos níveis de raios UVB que chegam à Terra.

A radiação ultravioleta é refletida e modificada por diferentes superfícies, e os danos podem ser maiores em determinadas circunstâncias. Além da exposição ser maior em áreas de altitude elevada, baixa latitude e mais próximas do equador, a intensidade dos raios UV é maior durante o verão.

A reflexão da RUV é aumentada em 25% pela areia e em 5% pela água; é reduzida pelas nuvens (20-90%) e pela passagem da luz através da água. Não é afetada por calor, frio e vento, nem pela luz visível.

Como a radiação ultravioleta afeta a pele

A RUV tem dois tipos de efeito na pele: os agudos e os efeitos crônicos cumulativos.

Os agudos são aqueles que surgem em algumas horas – como a produção de vitamina D, o bronzeamento ou a queimadura solar. Os efeitos crônicos cumulativos são aqueles que podem surgir somente anos depois – como o fotoenvelhecimento ou o câncer de pele.

Fotoenvelhecimento

Os efeitos prejudiciais da radiação UVA podem ser constatados pelo envelhecimento prematuro e pelo aparecimento de rugas que ocorrem nos casos de exposição crônica ao sol. As fibras de colágeno e elastina perdem a elasticidade e se tornam espessas e aglomeradas. Isso causa a aparência coriácea da pele exposta. O fotoenvelhecimento também leva ao adelgaçamento da epiderme e à pigmentação irregular.

Câncer de pele

A RUV danifica os genes, ocasionando um crescimento anormal e descontrolado das células cutâneas. Estas células se dispõem formando camadas e, de acordo com a camada afetada, um tipo de câncer é desenvolvido.

Existem três formas de câncer de pele relacionadas à exposição solar:

  • melanoma maligno
  • carcinoma epidermoide
  • carcinoma basocelular

O melanoma maligno é o tipo menos frequente dentre eles, porém com pior prognóstico e maior índice de mortalidade. Geralmente, tem aparência de uma pinta ou sinal, em tons acastanhados ou enegrecidos, que podem mudar de cor, formato ou tamanho e causar sangramentos.

O carcinoma epidermoide é o tipo de câncer duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Normalmente apresenta sinais de dano solar, enrugamento, mudança na pigmentação avermelhada, na forma de machucados ou feridas espessas e descamativas que não cicatrizam.

O carcinoma basocelular é o tipo mais prevalente dentre eles e possui baixa letalidade. O tipo mais comum apresenta-se como uma pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central que pode sangrar com facilidade. Acredita-se que estejam associados à exposição de baixo grau prolongada à RUV.

Bronzeamento

A pele tem vários mecanismos para se proteger contra os efeitos do sol. A exposição à luz solar causa a redistribuição da melanina na epiderme em direção à superfície para absorver os raios UVA. Há um leve escurecimento da pele, chamado bronzeamento imediato. Este, no entanto, é temporário e desaparece de 3 a 36 horas após a exposição.

Um segundo processo, chamado de bronzeamento tardio, ocorre quando a pele é exposta aos raios UVB. São produzidos mais melanócitos e há maior síntese de melanina, tornando a pele mais escura. Também ocorre espessamento da camada externa resistente da pele, de modo a aumentar a absorção da radiação UVB. Esse processo em duas fases leva um dia ou mais e provoca um bronzeado visível, que pode durar semanas ou meses.

Os dois processos oferecem alguma proteção contra lesão adicional pela RUV, mas podem tornar a pele mais vulnerável ao câncer.

Queimadura solar

A queimadura solar é a vermelhidão inflamatória da pele causada pela superexposição à RUV, em especial UVB. É um sinal de lesão celular grave. Os pequenos vasos cutâneos dilatam-se, provocando aumento do fluxo sanguíneo para a superfície cutânea, vermelhidão e dor. A lesão do DNA das células pela radiação UVB aciona diversas vias inflamatórias, acarretando inchaço da pele.

Ela surge duas horas após a exposição e evolui nas 24 horas subsequentes. A pele fica vermelha e aparecem bolhas. Alguns dias depois há descamação das células cutâneas mortas. Em casos graves, a queimadura pode estar associada à insolação.

Tratamento de emergência para queimadura solar

Os principais sinais e sintomas da queimadura solar são dor e calor na pele afetada, com possível coceira e repuxamento. Pode haver vermelhidão, bolhas ou edema. Algumas pessoas sentem calafrios e apresentam elevação da temperatura corporal. Além disso, também podem sentir fraqueza acentuada.

O tratamento imediato deve consistir em banho frio, durante no mínimo 20 minutos, para tentar eliminar parte do calor excessivo.

É importante evitar a desidratação. Se você suou muito, pode ter perdido muita água, que precisa ser reposta.

Os produtos pós-sol ou os cremes aquosos com mentol aliviam a queimadura solar leve. O paracetamol reduz a dor e a febre, e os corticoides tópicos atenuam a inflamação.

Cuidados com a pele no verão

O vento, o sol e a poluição afetam profundamente a pele. Sendo assim, é importante conhecer o seu fototipo de pele para prever a reação ao sol.

Mas independente do seu fototipo de pele a proteção contra o sol é muito importante, sobretudo nas crianças. Os filtros solares contêm substâncias químicas orgânicas que absorvem a RUV, e os bloqueadores solares contêm partículas finas que a refletem. Há diversas formulações, como creme, gel, loção, spray e bastão.

Leia também: Protetor solar físico ou químico? Conheça as principais diferenças

​​Todos os filtros solares são identificados com um número de fator de proteção solar (FPS), que informa quanto tempo você pode se expor ao sol sem se queimar. Se normalmente você levaria 30 minutos para se queimar, um filtro solar com FPS 20 permitiria aumentar esse tempo para 20 x 30 minutos (600 minutos = 10 horas). Hoje, a maioria das recomendações diz que não vale a pena usar um produto com FPS inferior a 15, pois será preciso reaplicá-lo o dia todo.

O fator só se refere à radiação UVB, embora alguns fabricantes também tentem quantificar a proteção contra a UVA. Mas, atenção, não se deve supor estar seguro durante horas só por usar filtro solar, pois os danos são cumulativos. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, deve-se evitar a exposição solar entre 10h e 16h.

Como usar filtro solar corretamente

Os lábios precisam de proteção; use um produto apropriado com FPS 15 ou maior, ou um bloqueador solar.

O filtro solar perde a eficácia cerca de dois anos após a fabricação, devendo ser descartado depois disso. As substâncias químicas separam-se da solução; portanto, se o seu filtro solar parece arenoso, jogue-o fora. Se você não consegue ler a data de fabricação na embalagem, é mais seguro comprar um novo frasco do que correr o risco de não se proteger adequadamente.

Todos os tipos de pele se beneficiam muito também quando são limpos, tonificados e hidratados duas vezes por dia – de manhã e antes de dormir. Além disso, dois tratamentos caseiros – vaporização e esfoliação – podem ajudar a fazer com que a pele pareça que foi mimada em um spa. Veja a seguir os 5 passos para ficar com a pele perfeita:

1. Limpe. Use um produto de limpeza de pele adequado para o seu tipo de pele e repita esse ritual diariamente para remover a maquiagem e a sujeira.
2. Tonifique. Após a limpeza, use uma loção tônica para remover qualquer resíduo do produto.
3. Hidrate. Escolha um hidratante adequado ao seu tipo de pele e passe-o no rosto, no pescoço e no colo duas vezes ao dia..
4. Vaporize. Uma ou duas vezes por semana, proporcione ao rosto uma limpeza a vapor por 10 minutos. O vapor funciona naturalmente para abrir os poros e melhorar a microcirculação da superfície da pele.
5. Esfolie. Uma vez por semana, realize uma esfoliação utilizando cremes abrasivos específicos para sua pele. Com a pele limpa, aplique o creme massageando suavemente a pele e lave-a em seguida. A esfoliação promove a renovação celular por meio da descamação, que pode ser feita com lixas ou cremes abrasivos, e estimula a produção de células novas com mais colágeno.

Cuidados com os cabelos no verão

Os cabelos podem ficar ressecados após um dia na praia, mas não sofrem queimadura, porque os fios não estão vivos. No entanto, a exposição solar danifica a cutícula natural que protege o cabelo, e as células semelhantes a escamas que revestem cada fio começam a se abrir. Isso torna o fio frágil, seco, sem brilho e quebradiço.

Mas não se preocupe, hoje em dia existem alguns produtos específicos para cabelo que contêm filtro solar.

Os fios descoloridos e/ou tingidos são mais sujeitos à lesão solar. Por isso, procure hidratá-los bem e utilize chapéus e/ou bonés para evitar a exposição direta ao sol.

Cuidados extras para as crianças no verão

As crianças necessitam de proteção especial contra o sol. Embora o câncer de pele quase sempre surja mais tarde, provavelmente a exposição solar na infância é um fator determinante importante.

A queimadura solar grave antes dos 18 anos é um fator de risco para melanoma maligno: um ou mais episódios de queimadura solar grave com bolhas durante a infância duplicam o risco de câncer de pele.

Os bebês devem tomar alguns minutos de banhos de sol no início da manhã ou no fim da tarde. Mas entre as 10h e as 16h, mantenha-os completamente fora do sol. O uso de filtro solar não é recomendado antes dos 6 meses; portanto, até essa idade, eles devem ficar protegidos no carrinho.

As crianças devem usar chapéu e roupas que protejam a pele vulnerável sob o sol; também se deve limitar o tempo de exposição, principalmente durante o período de maior incidência dos raios solares. Roupas feitas com tecidos resistentes à radiação UV são boas escolhas.

As crianças devem usar óculos de sol com filtro UV para evitar o risco de catarata. Alguns óculos protegem contra a radiação UV; outros, não. Portanto, verifique antes de comprar.

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