Bruxismo e má qualidade do sono: entenda essa relação
Ranger os dentes ou apertar o maxilar causa desde problemas nos próprios dentes até desgaste na articulação temporomandibular (ATM), além de noites mal dormidas.
O bruxismo leva as pessoas a rangerem ou apertarem os dentes, normalmente enquanto dormem. “Quando entramos na fase mais profunda do sono, ocorre um relaxamento e, nessa fase, o indivíduo não tem episódios do distúrbio. Porém, por vários fatores, muitas vezes as pessoas não atingem essa etapa de descanso e uma das consequências é o ranger involuntário dos dentes ou o briquismo”, explica a cirurgiã-dentista Carla Romei Pirolla, especializada em Disfunção Temporomandibular (DTM).
Segundo ela, o distúrbio pode acontecer por uma série de fatores mas, principalmente, em função da ansiedade e do estresse. “A vida agitada, a correria do dia a dia, questões emocionais e tensão são as principais causas”, afirma. Outras possíveis razões são problemas respiratórios, uso de determinados medicamentos para tratamento de depressão ou psiquiátricos (que em algumas pessoas podem causar agitação), obesidade, alimentação pesada durante a noite e o consumo excessivo de substâncias com cafeína, que também podem prejudicar a fase de sono profundo, resultando em episódios de bruxismo.
“O ranger de dentes pode ser esporádico, em situações de estresse ou de maior ansiedade, ou acontecer diariamente, inclusive quando a pessoa está acordada. Como resultado, surgem desgastes ou fraturas nos dentes, nas restaurações e em próteses, face dolorida, cansaço muscular, dor de cabeça e desgaste dos ossos da articulação. Pessoas que têm artrose podem também apresentar uma piora no quadro”, diz a especialista.
Como tratar o bruxismo?
De acordo com Carla, o tratamento depende muito da causa do bruxismo. “Por exemplo, se a pessoa sofre com problemas respiratórios, a doença deve ser tratada, juntamente com outras intervenções. Nos casos de ansiedade ou transtornos emocionais, a mesma coisa. Geralmente, o tratamento do bruxismo é multidisciplinar”, afirma.
A especialista destaca que é importante procurar um profissional com experiência no distúrbio, que saiba identificar a causa e encaminhar o paciente para o tratamento adequado. “O dentista soluciona a questão dentária, ou seja, as fraturas e restaurações que foram afetadas. Além disso, é possível fazer uma placa de acrílico, sob medida, que a pessoa utiliza para dormir e, em alguns casos, também durante o dia. Porém, para que o tratamento seja adequado, muitas vezes é preciso fazer o encaminhamento para um terapeuta, fonoaudiólogo ou fisioterapeuta. Em algumas situações, é necessário, inclusive, fazer uso de medicamentos para controle da ansiedade”, destaca.
Segundo Carla, além do uso da placa de acrílico, existem outras alternativas de tratamento:
- injeção de toxina botulínica (botox), que paralisa o músculo por algum tempo, evitando a contração ou o ranger dos dentes;
- uso de laser para o alívio de dores;
- tratamento com eletromiografia;
- fisioterapias específicas.
Como é feito o diagnóstico?
O principal sinal é o desgaste nos dentes ou mesmo as fraturas. Mas, muitas vezes, a contração intensa e frequente do maxilar leva à retração da gengiva, que expõe a raiz do dente, em um processo conhecido como erosão. Isso pode causar infecções e até mesmo a perda do dente (ou dos dentes afetados).
Além disso, outros sinais são a dor na face e músculos do rosto, dor de cabeça frequente, cansaço, sensação de que o sono não foi reparador e até labirintite. “Às vezes, a pessoa procura diversos profissionais, acreditando que a origem do problema é outra, que existe algum fator neurológico, por exemplo. Por isso, é importante ter atenção aos sinais”, esclarece Carla.