Pele negra: dicas e cuidados para manter uma boa saúde e aparência
Para manter uma boa pele, é preciso uma série de cuidados específicos de acordo com a cor e tipo, confira algumas!
A melanina em excesso pode trazer benefícios, mas também cobra dedicação. Esta é a principal diferença entre a pele negra e branca – ambas produzem melanina e possuem a mesma quantidade de melanócitos – células que respondem pela geração de proteína que determina a cor da pele. Porém, a produção é diferente entre uma pessoa e outra, daí a variedade de tons e as singularidades da pele e, consequentemente, da rotina de cuidados.
Entre as principais preocupações relacionadas à pele negra, estão a maior propensão a manchas – tanto escuras quanto brancas (aopecias), foliculites e queloides. De acordo com a médica dermatologista Vitória Regina Pedreira de Almeida, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), as manifestações são semelhantes em todo tipo de pele, mas não a intensidade. “Não existem doenças específicas, apenas mais frequentes”, explica.
No Brasil, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 53,6% da população é preta ou parda. Em algumas regiões do país, como Salvador, 80% das pessoas se declaram negras. Então, entender os cuidados necessários com a pele da maioria da população do país é fundamental. Foi isso que o associado PROTESTE Francisco Silva pensou quando sugeriu o tema. “Vi uma matéria e achei que o assunto poderia ser aprofundado”, diz. Vamos lá!
Xô, manchas!
Na pele negra, os melasmas surgem com mais facilidade por conta da quantidade de melanina presente. São manchas escuras de formato irregular, que ocorrem, principalmente, no rosto, e atingem com mais frequência as mulheres. “Qualquer corte, acne ou ferida pode gerar o que chamamos de pigmentação pós-inflamatória”, alerta Vitória, que indica o uso constante de protetor solar como uma forma de prevenção.
“Mesmo com uma resistência maior, ao contrário do que muita gente pensa, a pele negra precisa do uso de protetor diário. Áreas como lábios, a ponta do nariz e as orelhas são muito sensíveis. O que pode acontecer é o uso de um fator mais baixo, mas não tem como abrir mão”, esclarece a médica, já lembrando que o Fator Proteção Solar (FPS) deve ser de, no mínimo, 30 – sempre respeitando o tipo de pele. A profissional chama atenção para o número de opções que o mercado tem hoje, como gel, loção ou spray. “Escolha o que melhor se adaptar”.
Oleosidade sob controle A pele negra pode ser normal, mista, seca ou oleosa, mas o último tipo é o mais comum. E quando o assunto é rosto, a oleosidade aliada aos hormônios impõe diferenças entre homens e mulheres. A pele masculina tende a ter uma maior produção de sebo e, com a rotina da barba, a foliculite aparece com mais frequência. “Os folículos pilosos (responsáveis pelo crescimento do pelo) são curvos. Com o uso da lâmina, eles vão inflamando e voltam a entrar na pele. A reação se dá como se fosse a um corpo estranho e surgem o que parece acnes ou espinhas”, alerta a especialista. O resultado pode ser manchas pigmentadas ou até queloide. Nessa hora, nada de espremer ou coçar.
Manter a pele limpa diariamente ajuda no controle da oleosidade. “Um bom sabonete é fundamental”, explica a médica. De qualquer maneira, surgindo a infecção, o ideal é consultar um médico para que avalie a lesão e indique o tratamento mais adequado.
Se a pele do rosto tende a ser mais oleosa, o corpo é mais sujeito a escamações, ou seja, resseca mais facilmente. “É preciso hidratar sempre, e no inverno a dedicação deve ser dobrada, já que a pele sente com as temperaturas mais baixas”, avisa a profissional. Regiões como axila e virilha merecem uma atenção especial, porque o contato da pele pode levar ao escurecimento das áreas. Uma boa hidratação vai ajudar nesse controle, além de garantir também saúde aos cotovelos, joelhos e pés mais propensos ao ressecamento.
Rugas sem expressão
É verdade – a pele negra é mais resistente às marcas do tempo. A razão disso? Uma combinação da oleosidade, melanina e dos fibroblastos. O terceiro nome do trio apresentado traz com ele nada mais nada menos do que função da produção do colágeno e da elastina – responsáveis pela sustentação e elasticidade da pele, ou seja, a jovialidade. Não para por aí, a pele negra também é menos sujeita aos efeitos do fotoenvelhecimento.
Os sinais da idade surgem por fatores intrínsecos, relacionados à evolução da idade, e extrínsecos, que são razões externas. O fotoenvelhecimento é a ação do sol na pele – o principal causador, hoje, dos danos do maior órgão do corpo humano. Os outros seriam estresse, fumo, álcool e poluição. Enfim, o astro-rei envelhece – e um tanto mais de melanina garante um tanto mais de resistência aos efeitos de sua ação na pele.
Mas, se os fibroblastos ajudam na lisura da tez, eles também são os responsáveis pelos queloides. O que causa a cicatriz protuberante na pele é o excesso do colágeno. De acordo com SBD, as peles mais pigmentadas dão 15 vezes mais propensas à sua formação. Diante de um ferimento, é fundamental a atenção e, se a cicatrização apresentar saliências, endurecimento e uma superfície lisa e avermelhada, escuras ou rosadas, é bom procurar um médico.
Identidade na pele
Independentemente de características comuns – seja da pigmentação, seja do tipo – cada pele traz suas próprias particularidades. Para a dermatologista Vitória, o consumidor encontra várias opções no mercado. “A indústria de cosmético está antenada à diversidade do público, incluindo o brasileiro. A gente tem uma pele miscigenada, mas mesmo assim estamos, hoje, bem abastecidos para as diferenças”, conclui. Limpeza, hidratação e proteção são cuidados comuns, mas o ideal é entender as exigências de cada pele e a expectativa de cada pessoa.