Consumo consciente para crianças: como evitar exageros e ajudar o meio ambiente?
Toda atividade individual gera impactos ao planeta. Por isso, pensar um mundo em que comunidades, natureza e negócios prosperem lado a lado é urgente e necessário. As experiências humanas estão integradas e para que sejamos sustentáveis precisamos do engajamento de toda a comunidade.
Para isso, é fundamental conhecer seus direitos, deveres e responsabilidades. Sobretudo, sabendo que suas escolhas influenciam diretamente no hábito das crianças –. Se você é pai, mãe, tio, educador ou responsável legal, saiba a importância de canalizar a energia criativa da infância para criar possibilidades inovadoras: isso transforma o mundo.
Vamos falar de consumo consciente com os pequenos?
Índice:
O que é Consumo Consciente?
Significa um consumo sem exageros, sem desperdícios. É um conjunto de ações que visa gerar um menor impacto social, principalmente, repensando nossas escolhas pessoais, isso passa por todas elas, das menores às maiores que fazemos em nosso dia a dia. Aqui, o bem-viver coletivo está em primeiro lugar em relação às escolhas mais individualizadas, já que o entendimento de que estamos interligados nos leva a ter um pensamento de maior cuidado e responsabilidade uns com outros. Essa prática auxilia na criação de um ciclo virtuoso.
Importante dizer que os princípios da sustentabilidade incluem não apenas o meio ambiente e a natureza, mas também as pessoas (sociedade) e o dinheiro (lucro), que não deve ser gerado a qualquer custo, criando problemas para as demais pontas deste tripé. De forma bem simplificada é a isso que se refere a famosa sigla ESG (Environmental, Social and Governance) ou, em português, ASG (Ambiental, Social e Governança).
Como começar a falar sobre sustentabilidade com as crianças?
Lição 1: Não existe “jogar fora”
Talvez, um bom ponto de partida seja associar conceitos e lições a atividades que exemplifiquem o impacto que podemos gerar à Terra. Que tal introduzi-las ao tema da reciclagem estimulando-as a separar o lixo?
Criem juntos etiquetas para as lixeiras de casa e, na hora do descarte, sempre lembre que não existe “jogar fora”. Tudo ficará em nosso planeta e a reciclagem é uma das maneiras de lidar com os resíduos sólidos.
O planeta é um grande organismo vivo que se autorregula em um processo cíclico. Em um mundo sem humanos não existiria o conceito de “lixo”, pois todo elemento que não fosse aproveitado por uma espécie seria, de certa forma, aproveitado por outra.
Lição 2: Incentive a curiosidade: como os alimentos chegam em nossa mesa?
Conte para as crianças que algumas interações humanas podem impactar negativamente os ciclos biogeoquímicos, ferindo o meio ambiente e prejudicando a vida no planeta. O uso de cimento, por exemplo, impede a absorção da água da chuva pelo solo; a queima de petróleo aumenta a emissão de gás carbônico no meio ambiente; a utilização de plásticos e outros elementos, que demoram a ser degradados, também prejudicam o planeta de forma geral.
Por outro lado, podemos ser agentes de transformação e interferir positivamente nesse fluxo ininterrupto de energia e recursos. Já ouviu falar sobre as hortas ou fazendas urbanas?
Uma boa dica é pesquisar locais como este na sua região e organizar passeios para fazer com a garotada! Separamos aqui alguns.
A primeira fazenda urbana da América Latina foi criada em 2017, no Boulevard Shopping, em Belo Horizonte. Hoje, o projeto está nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e responde por uma produção de 130 mil pés de hortaliças por mês, livres de agrotóxicos, com baixa utilização de água e emissão de carbono reduzida. O modelo BeGreen pode ser encontrado em:
- São Bernardo do Campo (SP), na fábrica da Mercedes-Benz;
- Shopping Plaza Sul (SP), primeira unidade na capital paulista;
- Osasco (SP), na sede do iFood; Campinas (SP)
- Parque D. Pedro Shopping (SP);
- Rio de Janeiro (RJ), no Via Parque Shopping;
- Salvador (BA), no Shopping da Bahia;
- Goiânia, no Passeio das Águas Shopping;
- Belo Horizonte (MG), BeGreen Boulevard;
É a maior horta urbana da América Latina – ocupa uma área equivalente a quatro quadras de futebol – e produz cerca de 2 toneladas de alimentos orgânicos por mês, alimentando mais de 800 famílias que adquirem as hortaliças de graça. A iniciativa é parte do projeto Hortas Cariocas, criado pela prefeitura do Rio de Janeiro, que financia a iniciativa pagando uma bolsa-auxílio para os trabalhadores que se dedicam ao cuidado do espaço, além de fornecerem sementes, ferramentas, equipamentos em geral e fertilizantes orgânicos.
O projeto da comunidade Chico Mendes, em Santa Catarina, iniciado em 2008, é um exemplo de gestão comunitária de resíduos. Tudo começou com a busca de uma solução para um problema de saúde pública, resultante do lixo abandonado nas ruas da comunidade, que apresentava um dos piores IDH de Florianópolis. Implementado pelo Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), no Bairro de Monte Cristo, em Florianópolis, hoje a Revolução dos Baldinhos beneficia 400 pessoas de 12 comunidades do complexo. A iniciativa para coleta de resíduos, compostagem e produção de insumos já foi replicada em estados como Pará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.
CEM – Centro de Integração da Serra da Misericórdia
É uma associação sem fins lucrativos que promove a Soberania Alimentar nutricional no contexto rururbano da Serra da Misericórdia. Localizada na zona norte do Rio de Janeiro, no bairro da Penha Circular. O trabalho é realizado em parceria com diversos coletivos, instituições e organizações de agricultores urbanos. Através dessas redes, buscam contemplar as pontas da cadeia produtiva de alimentos, desde o cultivo até o consumo por meio dos quintais produtivos – pequenos lotes de terras em que moradores plantam seu próprio alimento de forma ecologicamente responsável – a partir das práticas Agroecológicas. Desse modo, eles promovem a Agricultura Urbana, fomentam a redução da pobreza em áreas favelizadas da cidade, ampliam a biodiversidade, a integração com a natureza e proporcionam melhores condições alimentares e nutricionais para a comunidade.
Localizada em um galpão na Vila Leopoldina, em São Paulo, a Pinkfarms é a maior fazenda vertical urbana da América Latina. Torres de 10 andares, que dispensam terra, sol ou chuva, e têm uma produtividade por metro quadrado 170 vezes maior do que o campo, produzem duas toneladas de folhosas e microgreens, sem usar agrotóxicos e economizando até 95% de água. O espaço é aberto à visitação guiada por engenheiros agrônomos, que explicam o passo a passo da produção.
Lição 3: Indique boas leituras para as crianças
O ebook elaborado por especialistas da PROTESTE, distribuído gratuitamente de forma online, busca reforçar o nosso engajamento em colaborar para uma comunidade mais equilibrada, consciente e informada. Além disso, acreditamos na educação como forma de tornar a sociedade em que vivemos mais sustentável e plural.
O ebook
O livro disponível online de forma gratuita conta com cinco capítulos ao todo. Inicia com a noção da ‘Economia circular’ e seus ciclos virtuosos, passeia pela sustentabilidade à mesa, visita a ‘família minimalista’ nos apresentando escolhas sustentáveis. Ainda, oferece a perspectiva da educação financeira para os pequenos. Finalizando com o os principais direitos das crianças cidadãs. Adquira aqui seu livro! Baixe o Manual do pequeno consumidor sustentável.
Lição 4: Faça escolhas sustentáveis
Você pode adotar uma ou mais boas práticas que contribuam para um planeta mais sustentável. O importante para a PROTESTE, como associação de consumidores, é que o primeiro passo para ser sustentável está em fazer escolhas de consumo mais conscientes, sejam elas as de alimentos, energia, veículos, roupas… E as crianças precisam ter essa compreensão, uma vez que elas influenciam cada vez mais as decisões de compra da família, da alimentação ao carro, passando por seus brinquedos.
Ao escolher um produto sustentável, o consumidor está atuando diretamente e indiretamente na diminuição do impacto das suas escolhas no meio ambiente. A maioria dos produtos que consumimos demanda recursos naturais e podem se tornar rejeitos no final dessa cadeia. No caso das crianças, estima-se que 90% dos brinquedos do mundo são feitos a partir de materiais plásticos e muitos destes produtos contêm substâncias tóxicas, segundo dados da pesquisa conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a pedido do Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana.
De fato, não é fácil saber se uma marca é ecologicamente correta. Os produtos podem chegar na prateleira usando materiais que sejam reciclados, por exemplo, mas o consumo de água, no momento da produção, pode ser excessivo. Indicamos, alguns exemplos de selos que representam uma terceira parte, que confirmam a diminuição do impacto de uma empresa.
Fique de olho – selos e certificações
Mostre, desde já, os selos de qualidade para os pequenos.
Procel: a certificação faz parte do programa nacional de conservação de energia elétrica e tem como objetivo indicar claramente os produtos que têm maior eficiência energética, ou seja, utilizam melhor a energia que consomem.
Forest Stewardship Council (FSC): o selo assegura que áreas e produtos florestais são de origem sustentável, ou seja, ecologicamente adequados e socialmente justos.
Liderança em energia e design ambiental (LEED): o selo é focado em prédios e edificações. É concedido a projetos que minimizam os impactos ambientais durante o processo de obra. Indo desde as escolhas de materiais até as soluções de engenharia.
ISO 14001: é um certificado de qualidade ISO (International Organization for Standardization) específico para a gestão ambiental. É um selo mais abrangente e exige que a organização tenha processos mais adequados de reuso de materiais, destinação de rejeitos além de outras atividades.
ECOCERT: certificação de que a empresa alimentícia utiliza 95% de ingredientes orgânicos em seus produtos. Também pode ser usada por empresas de cosméticos orgânicos e naturais.
Eureciclo: o selo comunica aos os consumidores que a empresa faz a compensação ambiental de resíduos através da emissão dos Certificados de Reciclagem das Embalagens. Há as modalidade de 200%, 100% e 22%, ou seja, para cada embalagem de produto é feita a compensação ambiental de dois equivalentes, um equivalente e 22% dos resíduos acumulados, percentual exigido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) .
Empresas: meio ambiente e responsabilidade social
Nos websites: as empresas costumam colocar sua gestão de meio ambiente nos seus sites, demonstrando como se preocupam com o meio ambiente e como reduzem seu impacto na produção dos seus produtos.
Alguns exemplos de empresas que possuem essa informação no site:
Para espelhar esse ciclo, aqui na PROTESTE faz parte do nosso dia a dia pensar sistematicamente, ou seja, entender que o todo é feito de partes. Somos uma organização de consumidores que testa produtos e serviços, criando assim, através da ciência e da tecnologia materiais de qualidade para um consumo de menor impacto à Terra.
Mais dicas para deixar “tudo redondo”!
- Separe os seus resíduos recicláveis, caso não tenha coleta seletiva na sua casa, procure cooperativas de reciclagem para entregar esses resíduos.
- Reutilize os produtos, sempre que possível.
- Faça o aproveitamento de papéis e impressões na produção de desenhos e brinquedos criativos.
- Não suje e nem piche as ruas, essa sujeira precisará ser limpa em algum momento e o produto que será usado não faz bem para o meio ambiente e será descartado nos esgotos da cidade. Ensine ao seu pequeno o que de fato é arte e o que não é.
- Não queime lixos e resíduos, os gases produzidos pela queima do material fazem mal para o meio ambiente.
- Sempre que puder, em lugares permitidos, plante e cuide das árvores. Elas são muito necessárias para renovar o ar do ambiente. Ensine à criança que, assim como nós, a planta é um ser vivo e, como todo ser ela também tem sua função no planeta e na vida de todos nós.
- Opte, quando possível, pela aquisição de produtos usados (segunda mão), para evitar que mais um produto seja fabricado somente para a sua utilização. Temos um artigo bem interessante sobre brechós, que tal conferir? Acesse!
- Doe ou venda produtos usados, como roupas, brinquedos, utensílios, que estão em condições de uso e não estão mais sendo aproveitados.
- Evite comprar objetos/móveis de madeira não certificada.
- Opte por produtos e empresas que se importam com o meio ambiente. Procurar pelos selos que mostramos aqui neste artigo podem lhe ajudar.
- Reutilize itens! Materiais que muitas vezes jogamos fora podem virar lindos brinquedos e ainda trabalhar a criatividade das crianças. Como rolos de papel higiênico, tampinhas de garrafas, pregadores de roupas estragados, palitos de sorvete, dentre outros. É só usar a imaginação!
