Herpes zoster: principais sintomas e como identificar a doença
Os números de casos de herpes zoster no Brasil cresceram 568% no ano passado; saiba tudo sobre a doença
Se você faz parte do grupo de pessoas que nunca tinha ouvido falar de herpes zoster e, de repente, foi diagnosticado com a doença ou viu pelo menos uma pessoa à sua volta com os sintomas, saiba que não está sozinho. Segundo dados do DATASUS, 127 mil brasileiros foram afetados pelo retorno do herpes zoster no ano passado, contabilizando um aumento de 568% em relação aos 19 mil casos de 2022.
Neste ano, os números não estão tão diferentes assim e seguem apontando um aumento nos casos da doença. Apenas nos dois primeiros meses de 2024, o vírus afetou 27 mil pessoas, três vezes mais do que os 9 mil casos registrados no mesmo período de 2023. Mas, afinal, o que é essa doença e quais os possíveis motivos para ela estar crescendo de forma tão abrupta?
“O herpes zoster ou também popularmente conhecido como “cobreiro”, é uma doença infectocontagiosa viral que se manifesta no momento da reativação do vírus da varicela, aquele que causa a catapora”, afirma a Dra. Emy Gouveia, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Ela explica que, quando contraímos a catapora, o vírus fica “adormecido” nas nossas terminações nervosas após a melhora da doença. “Em momento em que o indivíduo passa por uma situação de queda da imunidade como o desenvolvimento de câncer, AIDS, uso de medicamentos que deprimem o sistema imunológico, o vírus que antes estava “dormente” se manifesta sob a forma de vesículas na pele em cima de uma base avermelhada, desenhando o caminho de uma terminação nervosa”, completa.
Sintomas da herpes zoster
Como dito pela especialista, o principal sintoma visível da herpes zoster é a aparição de “bolinhas” vermelhas na pele, em algumas regiões do corpo. Normalmente, essas erupções aparecem no tórax, pescoço, rosto e região dos quadris, mas também podem acontecer em outros locais.
Além das manchas na pele, a pessoa pode apresentar alguns sintomas como febre, mal-estar, dor de cabeça e dores no local em que a vesícula se desenvolveu. “Essas dores podem ser de diferentes intensidades, parecidas como uma agulhada ou aperto ou formigamento; coceira e ardor também podem ocorrer”, pontua.
A médica faz um alerta também para a importância de ser devidamente medicado e acompanhado por um profissional no caso de herpes zoster. Ela explica que, além dos sintomas causados pela própria doença, alguns pacientes ainda podem desenvolver outras infecções após o contágio.
“Com o passar dos dias as vesículas vão secando e criando crostas. Alguns poucos pacientes podem desenvolver uma infecção secundária por bactérias que colonizam a pele, dependendo da extensão da lesão, dos cuidados de higiene e de medidas para que não haja o rompimento precoce das vesículas através das mãos, que podem estar contaminadas”, afirma.
Herpes zoster é contagioso?
Como já explicado pela médica, a herpes zoster é, de forma simplificada, a reativação do vírus da catapora que já estava no corpo de uma pessoa. Justamente por isso, é errado dizer que uma pessoa se infectou com herpes zoster, mas sim ela desenvolveu a doença em seu corpo. Por isso mesmo, ela não é contagiosa.
“Quem tem zoster não transmite zoster para outra pessoa. Ela transmitirá o vírus da varicela zoster e a pessoa que nunca foi vacinada ou que nunca teve catapora, desenvolverá a catapora doença. Depois de anos, quando a imunidade baixar, a pessoa poderá ou não desenvolver zoster”, detalha a Dra. Emy Gouveia.
Como a doença em si não é contagiosa, mas o vírus sim, a médica reforça a importância de tomar alguns cuidados para evitar que outras pessoas se infectem e possam desenvolver a catapora. São eles:
- Cobrir as lesões quando estiver próximo a outras pessoas, até que elas estejam sob a forma de crostas;
- Evitar tocar as lesões com as mãos;
- Caso seja necessário tocar as lesões, higienizar as mãos antes de fazê-lo.
- Após o toque, higienizar as mãos com água e sabonete, caso haja a presença de secreções/sujidade, ou com álcool em gel 70% caso não exista sujidade;
- Não entrar em contato com gestantes que nunca tiveram catapora, bebês prematuros ou com baixo peso ao nascimento e pessoas imunodeprimidas até que haja a presença de crostas em todas as lesões.
O estresse pode ajudar a desenvolver a doença?
É muito comum ouvirmos pessoas contando que o estresse desencadeou o aparecimento da herpes zoster. A médica explica que isso realmente pode acontecer, já que picos de estresse podem causar uma queda no sistema imunológico.
Ela avalia, inclusive, que esse pode ser um dos principais causadores do aumento de casos da doença após a pandemia de covid-19. “O aumento pode estar relacionado ao nível de estresse que a pandemia causou nos indivíduos, especialmente com aspectos relacionados ao isolamento social, dificuldades financeiras e o atraso no diagnóstico de várias doenças, como cânceres”.
Vale ressaltar que, apesar da herpes zoster estar cada vez mais presente ao nosso redor, ainda existem alguns grupos de pessoas que são mais suscetíveis a tê-la, como idosos, pessoas com imunidade baixa ou pessoas que utilizam medicamentos que causam depressão do sistema imunológico (como medicamentos após transplante de órgãos, ou uso de corticóides em doses e tempo que configuram depressão do sistema imune, por exemplo).
Vacina contra herpes zoster
Hoje em dia, a melhor forma de prevenção à doença é a vacinação. A vacina contra herpes zoster é recomendada a homens e mulheres a partir de 50 ou 55 anos, mesmo que eles nunca tenham tido catapora na infância. Se tiverem, a indicação é ainda maior.
Pessoas acima de 19 anos com imunidade baixa, seja pelo uso de medicamentos ou por alguma doença, também são recomendadas a receberem as doses da vacina. A vacinação é recomendada, ainda, para aqueles que já tiveram herpes zoster no passado.
Apesar de ser a melhor forma de prevenir a doença, hoje em dia, a vacina de herpes zoster está disponível apenas na rede privada. “Esta vacina previne em 60% o desenvolvimento da doença, ou seja, mesmo vacinado o indivíduo possui uma chance pequena de desenvolvê-la. Por outro lado, e um ponto importantíssimo é que ela previne em 70% a chance do indivíduo desenvolver a temida neuralgia pós-herpética – que são dores crônicas nos nervos que foram infectados pelo herpes zóster”, explica.