O que são hepatites virais? Veja sintomas e tratamentos
A doença se caracteriza por uma inflamação no fígado e pode gerar consequências severas para a saúde. Conheça os sintomas e saiba como se prevenir
A hepatite é uma doença silenciosa que, se não for tratada de maneira certeira e rápida, pode levar à morte. De acordo com a Associação Paulista de Medicina, o Brasil teve 785.571 casos confirmados de hepatites virais entre 2022 e 2023. Nesse cenário, é muito importante conhecer a doença e manter sua conscientização em alta.
A hepatite é uma doença que causa inflamação no fígado por causa de vírus, remédios, álcool, drogas, doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. As hepatites virais podem ser causadas por 5 vírus diferentes:
- Hepatite A, causada pelo vírus HAV;
- Hepatite B, causada pelo vírus HBV;
- Hepatite C, causada pelo vírus HCV;
- Hepatite D, causada pelo vírus HDV;
- Hepatite E, causada pelo vírus E (HEV).
Os sintomas mais comuns da hepatite são febre, icterícia (olhos amarelados), dores musculares, fadiga, enjoo, vômitos, mal-estar, dor abdominal, constipação (popularmente conhecida como diarreia) e falta de disposição. Contudo, a hepatite é também chamada de “doença silenciosa” porque muitos de seus casos são assintomáticos, ou demoram um tempo para manifestar os primeiros indícios da doença. Mesmo assim, se a hepatite não for tratada da maneira correta, pode levar a uma cirrose, câncer e até mesmo a óbito.
Quais são as diferenças entre os tipos de hepatites virais?
À Proteste, a Dra. Carolina Augusta Matos de Oliveira — Médica Hepatologista do Hospital Sírio-Libanês e Membro titular da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) e da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) — destacou as principais diferenças entre as hepatites virais A, B, C, D e E.
De acordo com ela, cada uma dessas modalidades da doença pode apresentar ausência de sintomas mas, se não forem tratadas, podem evoluir para um quadro bastante severo de saúde.
“As hepatites que cronificam (principalmente as causadas pelos vírus B, C e D) podem evoluir para cirrose hepática, caracterizada por sintomas como ascite (acúmulo de líquido na cavidade abdominal), vômitos com sangue e encefalopatia hepática, além de aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de fígado”.
Apesar da semelhança, as diferenças entre as hepatites virais começa logo no contágio: as hepatites A e E podem ser contraídas por meio da contaminação fecal-oral. “Por isso, a higiene pessoal e dos alimentos, especialmente os crus, é fundamental para a prevenção”, ressalta Dra. Carolina.
Já as hepatites B, C e D possuem maneiras distintas de contágio. As principais delas são:
- Contato com sangue contaminado, compartilhamento de seringas e agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfurocortantes;
- Relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada pelos vírus das hepatites B, C ou D;
- Infecção transmitida da mãe para o feto no útero ou para o recém-nascido. A amamentação também pode ser uma via de transmissão se houver fissuras nos mamilos, mas não é contra indicada se forem seguidas medidas de prevenção, como a vacinação do recém-nascido contra a hepatite B;
- Transfusão de sangue ou hemoderivados, principalmente as realizadas antes de 1993, quando ainda não existiam as medidas de controle atuais.
O novo boletim epidemiológico da doença no Brasil, realizado pelo Ministério da Saúde em julho do ano passado, afirma que as hepatites virais mais comuns no Brasil são as A, B e C, com uma concentração de casos da modalidade D no Norte do país. A hepatite E apresenta, ainda de acordo com o documento, uma percentagem de diagnósticos no país de 0,2% no período de 2000 a 2023 — sendo mais comum nos continentes africanos e asiáticos.
A testagem da hepatite é feita por meio de exames de sangue (Foto: Freepik)
Como descobrir se estou com hepatite?
O rastreio e o diagnóstico das hepatites são realizados por meio de exames de sangue. Por isso, é essencial manter os check-ups em dia e cuidar da saúde.
Além disso, a testagem das hepatites virais pode se diferenciar. “Nas hepatites B e C, a testagem pode ser feita por exame laboratorial (AgHBs, anti-HBc, anti-HCV) ou por teste rápido. O teste rápido fornece o resultado imediato (em até 30 minutos) e pode ser realizado em unidades básicas de saúde, maternidades ou em campanhas de testagem, até mesmo em regiões remotas”, explica a Dra. Carolina. “Após a realização desses testes de rastreio, em caso de resultado positivo, é feita a coleta da carga viral para confirmação e acompanhamento”.
Este quadro é diferente nas hepatites A, D e E. “O vírus da hepatite D só pode estar presente em pacientes portadores de hepatite B, e seu diagnóstico também é realizado por exame laboratorial (anti-HDV IgM e IgG e carga viral HDV). Já os vírus das hepatites A e E, também são detectados por meio de exames laboratoriais específicos (HAV IgG e IgM e HEV IgG e IgM)”.
Como é o tratamento da hepatite?
Assim como no caso da testagem e do diagnóstico, o tratamento da doença varia de acordo com a sua modalidade.
Na hepatite C, todos os pacientes com vírus em circulação devem ser tratados. O tratamento é feito com medicamentos orais, dura de 3 a 6 meses e tem uma taxa de cura em torno de 95%.
Já na hepatite B, o tratamento é indicado apenas para casos específicos, como pacientes com cirrose ou fibrose hepática, aqueles que apresentam alterações nas enzimas do fígado ou quando a carga viral é superior a 2.000 UI/ml. A hepatite D, que sempre ocorre em associação com a hepatite B, tem indicação obrigatória de tratamento, pois apresenta uma progressão mais rápida para a cirrose.
As hepatites A e E, por fim, não possuem um tratamento específico — apresentando apenas soluções para alívio da dor e sintomas.
Apesar de complexas, algumas hepatites têm cura — a depender do grau da doença no momento do diagnóstico. A hepatite viral A é uma forma aguda da doença, e geralmente melhora com o tempo e o cuidado do paciente. Já a hepatite B têm apresentado uma melhora cada vez mais positiva quando aplicados medicamentos antivirais — como inibidores de nucleotídeos, que controlam a replicação viral e reduzem a carga viral. Contudo, em alguns casos, o paciente só consegue controlar o vírus por meio da medicação, o que torna a doença uma infecção crônica controlável, mas sem cura. A hepatite C também é tratada com medicamentos antivirais de ação direta contra o vírus.
A hepatite D não tem cura. No entanto, é possível controlar a multiplicação do vírus e evitar que a doença evolua para cirrose e câncer por meio de medicamentos como o interferon alfa, que visa controlar o dano hepático. Dada essa realidade, a Dra. Carolina destaca:
“A vacinação é uma importante aliada na prevenção das hepatites e na interrupção da cadeia de transmissão. A vacina contra a hepatite B é fornecida de forma universal e gratuita pelo SUS, sendo recomendada para toda a população, independentemente da faixa etária ou da presença de vulnerabilidades. Já a vacina contra a hepatite A faz parte do calendário infantil do Programa Nacional de Imunizações (PNI), sendo aplicada em uma dose aos 15 meses de idade, podendo ser administrada a partir dos 12 meses até crianças com menos de 5 anos. Ela está disponível nos postos de saúde. Infelizmente, ainda não não há vacina disponível para a hepatite C”.
Além disso, a hematologista ressalta, “Como a maioria dos pacientes, principalmente os crônicos, é assintomática, campanhas de conscientização e políticas públicas podem incentivar o diagnóstico precoce da doença, facilitando o acesso aos testes. A maioria dos infectados desconhece o diagnóstico, o que dificulta a interrupção da cadeia de transmissão”.
O Ministério da Saúde recomenda a testagem para hepatites B e C em todos os indivíduos acima de 20 anos, pelo menos uma vez na vida, e, na população de risco, semestralmente — como usuários de drogas, pessoas privadas de liberdade, trabalhadores do sexo, pessoas em situação de rua e pessoas com múltiplas parcerias e uso inconstante de preservativo.
Conhecer os sintomas e o quadro das hepatites no Brasil é essencial para que a população entenda a importância de manter os exames atualizados e saber quando algo não vai bem. Na dúvida, procure um médico!
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