Transtornos alimentares e a importância do cuidado na busca pelo corpo magro

Transtornos alimentares e a importância do cuidado na busca pelo corpo magro

A magreza voltou a ser valorizada nas redes sociais e é importante entender seus limites na hora de buscá-la

“Magras, magras, magras!”. Basta abrir e gastar um pequeno tempo nas redes sociais para se deparar com um fenômeno: a busca pela magreza extrema, que até um tempo atrás estava altamente debatida e, em certos pontos, superada, voltou com tudo.

Mais uma vez, vemos atrizes, influenciadores, cantores e pessoas da mídia mostrando suas dietas malucas para conseguir secar a gordura e se apresentar cada vez mais magros. Essa idealização, no entanto, pode causar uma série de problemas mentais e transtornos alimentares. Por isso, é extremamente importante ter uma consciência corporal e, caso for buscar por um emagrecimento, buscá-lo de forma saudável.

A psicóloga clínica Leonília Lemos, especialista em neurociência pedagógica e neuropsicologia pela Santa Casa de Misericórdia (RJ) explica que o emagrecimento saudável é plural e abrange a importância de um enfoque multidisciplinar no tratamento da obesidade, pelos vários aspectos relacionados ao comportamento alimentar disfuncional e aos afetos e sentimentos envolvidos no processo de emagrecimento.

“A consciência do próprio corpo, a autopercepção e a satisfação pessoal com a própria imagem são necessárias para reestruturação das cognições que sustentam o mau hábito alimentar, e não apenas a busca pelo ‘belo’ ou pelo ‘corpo magro'”, explica a profissional.

Transtornos alimentares e a importância do cuidado na busca pelo corpo magro

Transtornos alimentares e a importância do cuidado na busca pelo corpo magro (Imagem: Freepik)

Anorexia e Bulimia

Querer emagrecer ou mudar algumas coisas no próprio corpo pode ser completamente normal. É preciso ficar de olho, no entanto, nos  sinais de que esse emagrecimento está se transformando em um problema de saúde, como é o caso de distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia.

O primeiro se caracteriza por um terror enorme de engordar para manter o peso corporal abaixo do nível normal. A anorexia pode se desenvolver, inclusive, durante a infância ou no início da adolescência, prejudicando o os ganhos ponderais esperados nessas fases.

Leonília Lemos detalha que, entre os sintomas depressivos que se relacionam com a anorexia, estão: retraimento social, irritabilidade, insônia e menor libido. “Não comer em público, ter uma espontaneidade social limitada e ter o sentimento de inutilidade são alguns dos danos psicológicos”, pontua.

A bulimia, por sua vez, também se dá por um medo excessivo de ganho de peso, mas de uma forma diferente. Um episódio bulímico é definido pela compulsão alimentar repetida, seguida de comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos ou uso indevidos de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos.

“Essas pessoas se envergonham de seus problemas alimentares e procuram ocultar os sinais do distúrbio, apresentando uma frequência maior de sintomas depressivos ou transtornos do humor”, explica a profissional.

Ansiedade X transtornos alimentares

No geral, um comportamento ansioso é o grande vilão para os transtornos alimentares, por excesso ou falta. Consideradas uma das doenças psiquiátricas mais comuns da atualidade, a ansiedade pode interferir na qualidade de vida, desempenho diário ou conforto emocional.

“De acordo com a intensidade das alterações emocionais, a ansiedade pode causar implicações na dieta, gerando o chamado ‘comer emocional’. Pesquisas buscam entender a influência dos transtornos de ansiedade no processo que desencadeia o ganho de peso e, consequentemente, levam à obesidade, já que os sintomas, provavelmente, promovem o desejo de se alimentar em excesso e a ingestão de gorduras e açúcares”, pontua Leonília Lemos.

Estudos sobre transtornos alimentares também apontam que a educação à mesa tem influências da memória genética no momento que a ingestão é controlada por mecanismos neurais, nutricionais e hormonais, que são transportados para áreas cerebrais envolvidas na regulação do balanço energético.

Portanto, desenvolver um estilo de vida de acordo com as necessidades individualizadas, sintonizando as estratégias alimentares com as emoções, é fundamental para um bom resultado final nesse espectro entre o que comer e como se sente.

Helena Selegatto Leite

author avatar
Helena Selegatto Leite