Criança precisa se sujar

Criança precisa se sujar

A exploração de materiais, texturas e cheiros proporcionam aprendizado, identidade e segurança para pequenos e pequenas

Não há dúvida de que criança deve brincar, mas será que precisa mesmo se sujar? Prepare água e sabão porque – sim -, para fazer as descobertas e se desenvolver melhor pequenos e pequenas vão precisar ‘emporcalhar’ roupas, mãos e pés – no melhor sentido. Criança precisa se sujar.

Além da parte lúdica e do aprendizado, especialistas na área de saúde afirmam que se sujar ajuda na criação de anticorpos e no fortalecimento do sistema imunológico das crianças. Vamos entender um pouco mais sobre o assunto e todo o seu desdobramento na vida de uma pessoa.

A fase das descobertas

Quando chegamos ao mundo, os nossos sentidos são os principais meios com os quais interagimos com o ambiente – incluindo o tato. Bebês manuseiam objetos, agarram, puxam e os levam à boca. E o que parece um simples instinto é, na verdade, o início da nossa construção, da nossa percepção de tudo o que nos rodeia.
Isa Minatel, psicopedagoga autora do livro Crianças sem limites: educação empreendedora na primeira infância, além de outros títulos, explica: “Todo pensamento é formado por imagens, sons, texturas, ou seja, sensações. São as lembranças visuais, auditivas, sinestésicas, olfativas e gustativas que formam a matéria-prima do nosso pensamento. Sempre que é permitido que uma criança explore e interaja com os meios, estamos fortalecendo esse repertório. Todo pensamento é formado por esse acervo.”, conclui.

Sendo assim, essas sensações corporais são registros que darão base para o desenvolvimento do corpo e para a construção de uma identidade.

E a sujeira?

Você já imaginou – morder a fruta e não se lambuzar? Brincar na areia e não encardir as roupas? Mergulhar em tintas e não manchar a camiseta e o short? Manusear argila e não colorir de terra o corpo? Quando a criança começa explorar o ambiente, provavelmente, vai começar a fase da sujeira.
“A sujeira, às vezes, é vista como algo negativo pelo adulto ou mesmo que dá trabalho – mas se a gente entende o desenvolvimento da criança e as suas reais necessidades, a gente vê nesse momento o seu crescimento saudável, a sua criatividade e a sua apropriação do corpo e do espaço”, acrescenta Isa.

Mas, muito além da diversão, na verdade essa percepções e interações cotidianas ajudam a compreender o mundo e como ele funciona. Colaboram na percepção de como as substâncias interagem e reagem aos espaços.

criança precisa se sujar

A saúde

De antemão, sujar-se é saudável. Permitir que a criança tenha contato com terra, planta, água, flores, chão traz benefícios no desenvolvimento da resistência imunológica e colabora no desenvolvimento físico e mental.“O maior risco é não correr risco”, pondera Isa. A pedagoga alerta que quando protegemos demais a criança ela fica frágil em todos os aspectos – mentais, físicos e emocionais. Mas chama atenção para o equilíbrio – o risco avaliado.

Se tem alguma dúvida, converse com o pediatra e entenda como pode ir incluindo na rotina da criança novas descobertas e ambientes, sem prejuízos.

O corpo e o movimento

Essas experiências também refinam a motricidade da criança, ensinando que tipo de força e movimento precisam ser aplicados e em que situações. A motricidade está relacionada com as sensações conscientes do ser humano em movimento intencional e significativo no espaço-tempo objetivo e representado, envolvendo percepção, memória, projeção, afetividade, emoção, raciocínio. Enfim, motricidade é a atividade do corpo e, como já falamos, para alguém em formação, “lugar de aprendizado”.

Explorar livremente o ambiente possibilita à criança o contato com as ideias de “destruição” e “criação”, “eterno” e “efêmero”. E essas experiências colaboram, inclusive, nas vivências afetivas.

Nova barreira digital

Além dos receios e dúvidas que podem levar pais e mães a limitarem a integração das crianças com a natureza, outro ponto que distancia esse envolvimento são as telas. Cada dia mais cedo, elas descobrem smartphones, tabletes e outros recursos digitais.
De acordo a pesquisa “Crianças Digitais”, realizada pela Kaspersky em parceria com CORP, 49% das crianças brasileiras utilizam esses dispositivos pela primeira vez antes dos 6 anos.

Em destaque

Na revista de outubro da PROTESTE, vimos a importância dos limites no uso de telas por crianças e adolescentes. “Do ponto de vista físico, há associações com o sedentarismo, porque não se larga a tela para comer, o que pode causar a má-nutrição pelo consumo de alimentos inadequados; o uso de telas à noite diminui a qualidade do sono e a produção do hormônio do crescimento (o GH, Growth Hormone). Então, sim, a gente corre risco de ter até menor estatura; e ainda há muitos casos de miopia”, alerta psicoterapeuta de famílias Leo Fraiman, um dos entrevistados da matéria.

E Isa colabora com o risco dos excessos. A geração atual é a primeira que apresentou um Quociente de Inteligência (QI) menor que a anterior. “Sempre a inteligência ia aumentando diante do conhecimento acumulado e ampliado, nessa agora, não”. O estudo foi publicado no livro A fábrica dos cretinos digitais: os perigos das telas para nossas crianças, do autor francês Michel Desmurget.

Como pais e mães colaboram

Os adultos são mediadores e incentivadores do processo que também precisa ser autônomo. Seu papel é o de potencializar as oportunidades para que a criança explore o mundo e se desenvolva, tomando os cuidados necessários para que ela não se coloque em risco. “O adulto ao invés de dizer que não pode, ele vai pensar: ‘Como posso fazer com que essa criança explore isso?’, mas sempre garantindo sua segurança”.

É preciso deixá-las livres em alguns momentos para interagir com outras crianças e com o ambiente. Mas Isa alerta que “o adulto precisa mostrar como é o uso adequado de cada coisa, mesmo que seja bagunça ou sujeira. Sem uma referência a criança não sabe o que fazer. É muito importante trazer a ordem para a mente da criança, para o pensamento que está se formando.”

Brincadeiras que sujam

Agora que já que está tudo bem sua filha ou filho se sujarem de vez em quando. Aqui vai uma lista de brincadeiras que você pode colocar em prática. E, vale alerta: aproveite para se sujar, também! Sua criança interior também agradecerá. Vamos:

  • Argila de brincar: molde, dissolva, monte de novo. O que importa é imaginar, criar e se sujar no processo. Grande papelarias e lojas de artesanato sempre têm. Fácil de encontrar;
  • Arte: libere a criatividade com canetinhas, lápis, giz, tinta… as obras de arte ficam ótimas. Uma tela de canva pode ser ótima para que depois você guarde como recordação daquele momento. Construir memórias é incrível;
  • Jogos de bola: são várias as opções, é só escolher o esporte pela faixa etária e brincar junto com eles. E que tal construir a bola? As gerações mais antigas vão lembrar como era legal uma boa bola de meia! Experimente se nem você ainda conhece. Canais de Youtube com dicas de DIY (Do-it-uourself), o clássico “faça você mesmo”, podem lhe ajudar. Aprenda junto o pequeno
  • Na cozinha: convide-os para serem seus ajudantes e crie receitas especiais só de vocês. Se o resultado não for dos melhores, certamente a experiência será inigualável
  • Praças e parques: deixe que os pequenos corram, subam em brinquedos e aproveitem a liberdade do local. Choveu? Pra que fugir? Pular em poças de lama não é coisa só pra personagem de desenho. As crianças amam. E um belo banho resolve tudo. O barro sai, a gente jura.
  • Brincar com água: está quente? Deixe brincar de mangueira ou na chuva. Se você não tiver esse espaço em casa, banheiro + um balde ou bacia…Já é uma alegria. Explore! Encher bexigas com água, recipientes diversos, desde que seguros, claro. Objetos que afundam e boiam… Nossa, tanta coisa a experimentar!
    Depois de toda essa aventura, as roupas estão sujas, né? Máquina de lavar resolve.

A sujeira, então, faz parte desse crescimento e aprendizado. Descobrindo e participando do ambiente, a criança desenvolve a criatividade e tem sua percepção de mundo ampliada. A exploração de materiais, texturas e cheiros proporcionam uma verdadeira troca de diálogos e experiências que são muito saudáveis e refletem durante toda a vida.

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