Dificuldade para dormir na adolescência: causas e como melhorar a rotina de sono
Fazer um adolescente dormir cedo não é fácil, mas também não é impossível
Manter uma rotina de sono para os filhos adolescentes é um desafio antigo para pais e mães. Muitos conseguem estabelecer um limite para ir para a cama de segunda a quinta-feira, porém, sem garantia de que o filho irá, de fato, dormir naquele horário.
No entanto, a chegada de sexta-feira costuma ser sinônimo de sono bagunçado. Nas sextas, os adolescentes costumam dormir tarde – seja por terem saído com amigos ou por querer virar a noite jogando videogames. Consequentemente, ele acaba por acordar tarde no sábado, o que leva-o a dormir tarde no sábado também e, claro, acordar tarde no domingo.
É no domingo à noite que a confusão se instaura: chega a hora de dormir para receber a semana descansado e a discussão começa: é filho que acordou tarde sem sono, não querendo dormir; e mãe preocupada com a rotina insistindo.
Cristiane Fumo dos Santos, pediatra com área de formação em pneumologia pediátrica e medicina do sono, mestre em ciências pela Unifesp, presidente do departamento de medicina do sono e do adolescente da Sociedade de Pediatria de São Paulo e secretária do departamento do sono da Sociedade Brasileira de Pediatria explica que isso tem um nome: jet lag social. “Ele funciona como o que temos ao viajar, mas, nesses casos, estamos em nossas casas, assumindo hábitos em outros horários”, explica.
Estudos têm mostrado que uma diferença maior que 30 minutos entre os horários de dormir e acordar na semana e no final de semana já levam a problemas de aprendizagem e alteração no metabolismo da glicose e no controle da pressão arterial. Isso também acontece com os adolescentes.
Dificuldade para dormir na adolescência: causas e como melhorar a rotina de sono (Imagem: Freepik)
Como evitar o problema para dormir
É natural que um adolescente que acordou tarde no domingo não tenha sono para dormir tão cedo no mesmo dia. Ou seja, para conseguir manter a rotina para começar a semana, é necessário ficar atento aos horários no final de semana. A profissional orienta negociar os horários de dormir e acordar no final de semana sem permitir grandes variações entre eles.
“Sobre a diferença de horas de sono nesses períodos temos dois outros problemas: a interferência do horário escolar e o atraso de fase comum na adolescência”, explica.
“Somando-se o tempo de deslocamento, em cidades médias e grandes, é comum que o adolescente tenha que acordar entre 5h30 e 6h. Só quem já tentou acordar um adolescente neste horário sabe o quanto esse trabalho é difícil. A explicação, em parte, deve-se do fato de que na adolescência passamos a secretar melatonina – o hormônio que ajuda a sinalizar o sono – mais tarde. Assim, naturalmente os adolescentes têm preferência por dormir e acordar em outros horários. A secreção de hormônio só vai voltar ao período anterior na fase de adulto jovem”, completa.
Atualmente, os adolescentes também enfrentam um outro problema – além do hormonal – na hora de ter uma rotina de sono de qualidade: as telas. A pediatra explica que o uso excessivo das telas prejudica mais ainda a secreção no horário correto, uma vez que este hormônio começa a aumentar a produção com o escuro.
Ou seja, trabalhar para que o adolescente se desconecte e fique longe das telas algumas horas antes de dormir deve ajudá-lo, também, a ter uma noite de sono mais completa.
“Converse sobre a importância do sono, dê exemplo e negocie horários mais regulares durante o final de semana”, orienta Cristiane.
