Qualidade da carne: entenda sobre consumo seguro
Mais de 2 toneladas de carne bovina é apreendida no Rio de Janeiro. Agora, entenda como fazer a sua parte na hora da compra de uma carne de qualidade
A crise econômica afetou o prato do brasileiro, e o consumo de carne bovina diminuiu – em 2022, a média foi de 24,2 kg por habitante. As informações são do relatório divulgado pela consultoria agro do Itaú BBA – essa é a menor taxa desde 2004. Ainda assim, o país segue sendo um dos principais consumidores da variedade no mundo, ficando atrás só dos Estados Unidos e Argentina (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE).
Mas como está a qualidade da carne no nosso prato?
Em dezembro de 2021, a PROTESTE realizou um teste com o contrafilé – um dos cortes mais populares no Brasil. A avaliação trouxe bons resultados nas seis marcas analisadas, mas nem sempre é assim. Neste mês, a Delegacia Especial de Crimes contra o Consumidor e do Instituto de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa-Rio), apreendeu 2,4 toneladas de carne impróprias para o consumo, na cidade do Rio de Janeiro.
Durante a ação, entre as normas higienes não atendidas, os policiais encontraram:
- Carnes sendo moídas e fracionadas indevidamente;
- Alimentos sem identificação;
- Carnes temperadas no local;
- Carnes indevidamente cortadas para estrogonofe;
- Carnes armazenadas em depósitos e expostas.
A apreensão foi na comunidade de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o gerente do local foi preso e o estabelecimento vai responder judicialmente pelo crime.
Inspeções são necessárias para controle da qualidade do produto, mas vamos entender dicas simples que podemos, como consumidor, praticar na hora da compra.
Índice:
Compra com segurança
Recentemente a PROTESTE mostrou o recolhimento de seis toneladas de camarão. E nesta mesma matéria trouxe informações importantes para a escolha da carne. Mas nunca é demais lembrar. Siga o roteiro na hora de adquirir seu corte preferido:
- Nome do Produto: identifique a Denominação de Venda do produto ao comparar as marcas disponíveis;
- Temperatura: pegue as peças que estão bem geladinhas, geralmente elas ficam no fundo do freezer ou geladeira. Nunca compre peças que estão armazenadas fora da refrigeração;
- Aparência: as peças devem ter boa aparência, coloração avermelhada, gordura cor creme e sem coloração escura/esverdeada, sem líquido em excesso;
- Validade: escolha as carnes com data de fabricação recente, pois tendem a ser mais frescas e ter melhor qualidade sensorial e microbiana. Além disso, avalie se você consumirá a tempo da data de vencimento do produto;
- Embalagem: opte pelas carnes frescas e com procedência. Dê preferência as pré-embaladas com selo de inspeção, aquelas que possuem SIF, SIE ou SISBI. Observe se a embalagem não possui rasgos e está bem fechadinha – elas não podem estar violadas.
No momento do preparo
Também é importante reconhecer algumas características, na hora de cozinhá-la:
- Avalie os aspectos sensoriais da carne crua (aparência, cor, odor, textura), observando:
- Aparência: o líquido (suco) deve escorrer normalmente, e manter a coloração característica.
- Odor: o cheiro deve ser suave a agradável. Jamais rançoso!
- Textura: a superfície da carne deve ser fina, untuosa e macia, porém firme conforme o corte da carne.
- Cor: a cor da carne deve ser característica do corte escolhido:
– Gordura: a cor da gordura deve ser creme, sem presença de pontos ou partes escuras/acinzentadas/esverdeadas. A gordura ao ser apertada não deve esfarelar, isso é característica de presença de sebo.
– Músculo: a cor deve ser vermelha viva alguns minutos após abertura da embalagem, porém é importante considerar alguns fatores pois a coloração da carne é consequência de reações químicas entre a mioglobina da carne e o oxigênio do ar. As carnes quando expostas ao ambiente por muito tempo tendem a apresentar uma cor marrom. Porém quando a carne está embalada a vácuo, a cor será um vermelho mais escuro.
Carne vermelha na sua alimentação
Agora que você sabe comprar e preparar, entenda como deve ser o consumo. Segundo o coordenador da Centro de Competência de Alimentação e Saúde da Proteste Rafael Moura, a carne vermelha é um alimento rico nutricionalmente, com alto teor de ferro, proteína e vitaminas.
Ele pondera, no entanto, que como todo ingrediente de uma dieta saudável, é necessário equilíbrio. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o ideal é ingerir 300 gramas de carne vermelha por semana. “O consumo excessivo está relacionado a diversas doenças crônicas, como obesidade, diabetes e doenças do coração”, alerta Rafael.
Os cortes também podem ser um aliado na hora de balancear a carne na rotina, “menores quantidades de gordura tendem a ser mais saudáveis”, aconselha o coordenador. A preparação também influencia: carne assada, cozida ou grelhada é mais recomendada do que a fritura de imersão. “E sempre vale diversificar o prato com fruta, verduras, legumes, carnes brancas (frango e peixe) e ovos”, finaliza Rafael. Veja, a seguir, os componentes presentes na carne que trazem benefícios ou podem prejudicar o organismo em excesso.
- Benefícios
– G L-carnitina: ajuda no tratamento da obesidade e da dislipidemia;
– Vitaminas do complexo B: fortalecem o sistema imunológico e mantêm a saúde do sistema nervoso, da pele, dos cabelos e do intestino;
– G Minerais: colaboram para a saúde, atuando em diversas funções no organismo. - Malefícios
– Colesterol: pode provocar infarto e acidentes vasculares cerebrais;
– Gordura saturada: ajuda a elevar os níveis de colesterol no sangue;
– G Contaminantes: dependendo da procedência, a carne pode estar contaminada com resíduos de medicamentos veterinários, metais pesados e microbiológicos, entre outros.
Cada carne uma função na receita
Nem sempre uma carne de primeira tem boa qualidade, por isso é importante atenção na hora de escolher. Também, não se engane em relação a essa nomenclatura. Saiba que peças de segunda e a de terceira são excelente em certos preparos e rendem pratos saborosos.
De primeira
As carnes popularmente chamadas como de primeira são provenientes de músculos relativamente grandes e individualizados, situados nas regiões pouco utilizadas pelo animal. O processo de cozedura é rápido, sendo uma boa opção para pratos grelhados, assados ou fritos.
Exemplos: alcatra, picanha, filé-mignon e contrafilé.
De segunda
As carnes de segunda são aquelas retiradas de músculos relativamente pequenos, reunidos em grupos, que possuem função na locomoção do animal e na sustentação de estruturas como cabeça e órgãos. Como o processo de cozedura é médio, esse tipo de carne surge como alternativa ideal para refogados ou guisados.
Exemplos: acém, paleta, coxão duro e chuleta.
De terceira
Possuem uma camada extra do tecido conjuntivo do boi, além de gordura e nervos em maior quantidade. Por esse motivo, exige mais tempo de cozimento. Geralmente, a carne de terceira compõe caldos, sopas e cozidos.
Exemplos: pescoço, músculo dianteiro e ponta de agulha.
E agora, mais seguro com relação a quantidade e qualidade da carne que consome? A PROTESTE está sempre atenta a sua saúde e bem-estar. Acompanhe nossas notícias e conteúdo sobre o tema. Nosso Centro de Competência de Alimentação e Saúde atua na realização de testes de qualidade que analisam alguns dos principais alimentos disponíveis no mercado, sobretudo, quanto às informações divulgadas em seus rótulos. Clique aqui para acessar a nossa página de testes.