Dia do Nutricionista: como ler rótulos e manter uma dieta balanceada

Dia do Nutricionista: como ler rótulos e manter uma dieta balanceada

Neste Dia do Nutricionista, te damos algumas dicas para comprar com cosciência

Neste sábado, dia 31 de agosto, é comemorado o Dia do Nutricionista. A data marca o nascimento da Associação Brasileira de Nutricionistas (ABN), em 1949, atualmente conhecida como Associação Brasileira de Nutrição (Asbran).

Depois do nascimento da associação, a data foi escolhida para celebrar a importância desse profissional, que trabalha diariamente planejando ações para incentivar a implementação de iniciativas de promoção da alimentação adequada e saudável.

Para celebrar esta data, a Dra. Tessa Cristine Alves, Coordenadora do Curso de Nutrição do Centro Universitário Católico Ítalo Brasileiro, coordenadora de serviços de alimentação compreendendo cozinhas industriais e cafeterias do SESC e nutricionista gestora de programa social de Segurança Alimentar e Combate à Fome e Desperdício de Alimentos (Mesa Brasil), conversou com a PROTESTE, para dar algumas dicas de como olhar o rótulo dos alimentos que você compra para conseguir manter uma nutrição balanceada e saudável.

“A informação mais importante para buscarmos nos rótulos é a lista de ingredientes. O que vem em primeiro lugar é o ingrediente que vem em maior quantidade no produto. Então, se nós queremos saber se o produto industrializado foi produzido de uma maneira mais próxima do natural possível, a primeira coisa a se olhar é essa lista”, começa, explicando.

“Por exemplo, um tomate enlatado, se na ordem em que os ingredientes aparecem estiver tomate, sal e algo mais, sabemos que está muito próximo de um produto natural. Seguindo o guia alimentar, devemos sempre perseguir alimentos mais próximos da versão natural, ou minimamente processados, com pouca adição de aditivos, como corante e aromatizantes, que trazem malefícios para a saúde ao longo do tempo”, continua.

Dia do Nutricionista: como ler os rótulos para manter uma dieta balanceada

Como ler os rótulos para manter uma dieta balanceada (Imagem: Freepik)

A caloria é realmente nossa inimiga?

Quando falamos de alimentação balanceada e dietas para emagrecimento, é muito comum a ideia de que a primeira coisa a se olhar em um rótulo é a quantidade de caloria. A nutricionista explica que, na verdade, o principal, como dito, é olhar para a lista de ingredientes.

Para explicar a importância e o valor da caloria, Tessa Cristine Alves faz uma analogia. “No termo nutricional: a caloria é a forma de medir a energia dos alimentos. Igual medimos a potência de uma lâmpada por watts, a caloria é a forma de medir a energia dos alimentos. Hoje a nutrição evoluiu muito e a prática física também. Por isso, atualmente, pautar a alimentação apenas pelas calorias, sem considerar que tipo de nutriente ele tem não é mais ideal”, explica.

Ela continua dizendo que o ideal é olhar o rótulo como um todo e que, hoje em dia, a maior parte dos nutricionistas montam um cardápio olhando para várias questões, que vão muito além da contagem de calorias.

“Tem alimento que possui valor energético  maior, mas que traz nutrientes importantes. Não devemos pautar nossa escolha apenas olhando um desses fatores dietéticos, como a caloria, temos que olhar como um todo. Principalmente olhar a porcentagem dos valores diários de referência. Hoje sabemos que a variável entre pessoas é muito grande, e pautar assim não será efetivo”, pontua.

A lupa nos rótulos

Com certeza, em algum momento das suas compras, você foi impactado por um rótulo com um aviso em formato de lupa, alegando que aquele produto tem um alto índice de açúcar ou gordura. A obrigação do aviso mais visível veio como uma tentativa do governo de conscientizar a população a ser mais consciente na hora da compra.

“Essa lupa é a nova rotulagem nutricional frontal dos alimentos, instituída pela Anvisa em 2022 para provocar um alerta logo na frente dos alimentos, referente ao teor de sódio, gordura e açúcar. Esses 3 nutrientes estão relacionados às principais causas de doenças crônicas degenerativas que mais matam os brasileiros. Temos doenças cardiovasculares, por exemplo, muito relacionadas ao consumo desse tipo de nutrientes em excesso”, explica a profissional.

Fato é que você pode ter ignorado o aviso e seguido em frente, ou, então, deixado de comprar algum alimento processado pela tensão ao se deparar com o aviso. Tessa explica que é importante repensar e olhar com calma quando for comprar um alimento com a lupa no rótulo, mas ressalta que eles também não são totalmente proibídos e que, de vez em quando, está tudo bem!

“É um rótulo de advertência para deixar as pessoas mais alertas, principalmente porque esses tipos de produtos podem ter forte apelo de publicidade, principalmente voltada para alimentos processados para o público infantil. O objetivo é ressaltar a importância de alimentos mais saudáveis, evitando-se o consumo dos ultraprocessados, que contém esses nutrientes ruins em excesso”, pontua.

Além do rótulo: o futuro da nutrição

Como explicado pela profissional, hoje em dia, são poucos nutricionistas que olham apenas para números frios, como a quantidade de caloria, por exemplo. Atualmente, vemos um crescimento cada vez maior dos chamados “nutricionistas com abordagem comportamental”.

Muito além de recrutar uma dieta na fórmula matemática (comer X calorias e gastar X + Y), esses profissionais olham para a realidade psicológica e socioeconômica do paciente.

“Hoje entendemos que a abordagem comportamental é a mais indicada. Não se trata apenas sobre o que se come, mas como se come. Como processamos psicologicamente aquela refeição. Essa abordagem funciona muito mais hoje em dia, porque tem mais evidência científica e trabalha na mudança do estilo de vida, ou seja, na prevenção de doenças, naquilo que o indivíduo vai aplicar no seu dia a dia para se manter saudável, de maneira que consiga manter-se saudável ao longo de toda a sua vida, e não apenas em um período de dieta”, explica a nutricionista.

Ela ressalta que este formato de nutrição pode trazer resultados aparentes mais lentos, mas se apresenta como mais produtivo, por olhar para dentro do paciente e busca entender também questões psicológicas que o levam a comer (ansiedade, tédio, compulsões, entre outros).

ABC dos rótulos

Se  você está em busca de se informar melhor sobre o que consome, não deixe de dar uma olhada na revista do último mês da PROTESTE. Nela, nosso especialista, o engenheiro de alimentos Rafael Barros, deu uma série de dicas para você conseguir ler melhor o rótulo dos alimentos que consome e se transformar, também, em um consumidor auditor.

A revista já está disponível no App da PROTESTE, no Android e Iphone.

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Helena Selegatto Leite