Etanol combustível não deve ser usado na higienização

Etanol combustível não deve ser usado na higienização

Por desconhecimento, consumidores vinham buscando etanol combustível nos postos, com o intuito de utilizar o produto no lugar do álcool 70%; ANP alerta para os riscos.

Com a falta de álcool em gel em alguns pontos de venda, que ocorreu no início da pandemia,  ou em função dos preços do produto nas alturas, alguns consumidores passaram a procurar o etanol combustível, comercializado nos postos, para limpeza das mãos e desinfecção de superfícies.

Apesar de os estoques do álcool em gel já estarem normalizados na maior parte dos pontos de venda, a diferença de preços ainda é grande. Com a crise do coronavírus, os valores de comercialização do álcool em gel dispararam. Em março, o aumento chegou a 161% em alguns pontos de venda. Depois disso, já houve uma queda mas, mesmo assim, embalagens de 440 gramas estão custando em torno de R$ 20, segundo pesquisas em mecanismos de busca na Internet.

Enquanto isso, entre os dias 17 e 23 de maio, o valor médio nacional do litro de etanol combustível, nos postos, era de R$ 2,530, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Agência reguladora alerta para os riscos do uso indevido de etanol combustível

Com a diferença de preços, os consumidores (inclusive caminhoneiros e motoristas de aplicativos) passaram a procurar o produto nos postos revendedores, com a finalidade de higienizar as mãos e desinfetar superfícies. Vários relatos de uso surgiram nas redes sociais e em grupos de WhatsApp. A suposta justificativa era que o etanol combustível tem maior percentual de álcool, o que, supostamente, faria com que fosse mais eficiente.

Diante do equívoco, a ANP divulgou um informe alertando sobre os riscos do uso inadequado do produto. De acordo com a agência reguladora, além das diferenças de concentração de etanol, ainda existe a possibilidade de contaminação do produto com substâncias tóxicas, como metanol, gasolina ou diesel, além de enxofre, ferro, sódio ou potássio. “A ingestão ou o contato com a pele e mucosas é prejudicial à saúde”, diz o comunicado.

Para combater o coronavírus, etanol precisa ser 70%

Além do risco de toxicidade, o etanol combustível não é eficaz para combater o coronavírus. A explicação é que o álcool 70% permanece mais tempo em contato com o vírus e tem menor tempo de volatilização, por conter maior quantidade de água. O etanol vendido no posto tem concentração de 93%, o que faz com que evapore mais rapidamente.

Pelo mesmo motivo de o etanol comercializado para uso automotivo não ser eficaz para combater o coronavírus, o álcool 96%, vendido em supermercados e farmácias, também não funciona, nem mesmo para desinfetar ambientes ou objetos. Concentrações inferiores a 70% também não são suficientes para eliminar o coronavírus.


Importante destacar que o álcool etílico em gel é considerado um fármaco. Por isso, deve ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com um número de registro, que se inicia com o algarismo 1. Para ser apropriado para uso como produto antisséptico, deve ter a concentração 70°%. Produtos fora do padrão, sem o registro da Anvisa ou sem rótulo não devem ser utilizados pelo consumidor.

Em caso de dúvidas, procure mais informações ou denuncie o comércio de substâncias irregulares. Tais produtos podem comprometer a sua saúde e proporcionar a falsa sensação de segurança. A PROTESTE, por meio de seu canal RECLAME, também pode ajudar!

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Redação

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