Minimalismo e consumo combinam? Saiba mais!
Consumo consciente, sem desperdícios, com valorização de marcas e produtos de qualidade e escolhas que agregam valor: entenda melhor o conceito do minimalismo!
Você já ouviu falar em minimalismo? Ou que menos é mais? Embora essa filosofia tenha se tornado um modismo e se transformado em tema de séries e documentários, existem vários mitos que cercam o conceito. Um deles é o de que ser minimalista é viver em uma casa com poucos móveis, se livrar de vários objetos e investir o dinheiro em experiências, como viagens.
“Na verdade, não há uma única forma de vivenciar o minimalismo. Viver com menos é saber fazer escolhas das coisas que verdadeiramente agregam valor à vida”, disse Gabriela Brasil, produtora de conteúdo, cineasta de formação e que trabalha com organização desde 2013. “Ser minimalista não significa, por exemplo, se desfazer ou deixar de consumir itens que sejam importantes para o indivíduo. É natural, por exemplo, que uma pessoa que gosta de ler tenha uma estante cheia de livros”, afirmou.
Para Gabriela, a identificação do que é acúmulo e do que é realmente importante para cada um, juntamente com escolhas de consumo conscientes, faz muita diferença na vida e na organização das pessoas. “Não existe uma única maneira de viver isso. A filosofia é buscar a simplicidade e, sempre que pensar em comprar algo, avaliar se realmente aquilo é necessário”, destacou. Segundo ela, a mudança de atitude contribui para ganho de tempo, de qualidade de vida e também para decisões mais assertivas.
Como é viver com menos?
Na avaliação da especialista, que participou de uma live da PROTESTE no fim de novembro, a organização simplifica a vida e contribui para a resolução de vários problemas.
Durante a conversa, ela explicou o conceito do minimalismo e como ele pode ser aplicado em várias situações do dia a dia, desde escolhas alimentares adequadas até a criação de um guarda-roupas mais versátil, conhecido como “cápsula”, passando também pelo destralhe on-line. Confira os detalhes!
Entenda o minimalismo
Segundo Gabriela, o minimalismo pode ser aplicado na decoração, nas artes, na filosofia ou no estilo de vida. “A simplicidade é voluntária e diferente para cada pessoa. No entanto, existem princípios comuns, como a necessidade de se desfazer do que é desnecessário e categorizar as coisas”, afirmou.
Existem vários movimentos que pregam esse conceito no mundo, mas eles surgiram em lugares onde o consumo é muito mais exacerbado, como nos Estados Unidos e no Japão. “No Brasil, o acesso ao consumo é diferente, embora mesmo as pessoas com menor renda acabem consumindo mais do que devem”, destacou. “Por isso, é importante refletir sobre o que leva ao consumo, quais as propagandas que influenciam as compras e como isso afeta cada consumidor. É necessário olhar para o consumo de outra forma”, completou.
Consumo sustentável
De acordo com Gabriela, destralhar é apenas uma parte do processo, o início. “O minimalismo não se resume a isso. É preciso pensar no consumo consciente, nas ações e produtos da marca, na durabilidade com cada item e em como é a relação desse produto com o ambiente”, explicou.
Em outras palavras, produtos de baixa qualidade, que acabam sendo descartados e substituídos rapidamente, geram mais resíduos que afetam o meio ambiente. O excesso de compras também é um problema, pois, muitas vezes, o item sequer é usado. Na área de alimentação, esse exagero causa desperdício. “Precisamos analisar o que nos leva a consumir. É uma promoção? Ótimo! Mas, eu realmente preciso deste produto?”, refletiu.
A especialista aconselha o consumidor a sempre analisar as suas reais necessidades e acompanhar o preço do produto desejado ao longo do tempo, evitando tanto as compras por impulso, quanto o pagamento de valores maiores do que o justo.
Minimalismo tecnológico
Gabriela também alerta para uma questão que muitas pessoas não se dão conta, quando tentam organizar a sua rotina e a sua vida.
“Especialmente após a pandemia, as pessoas estão mais conectadas do que nunca. O indivíduo encerra sua jornada de trabalho e o lazer é assistir um filme on-line ou navegar nas redes sociais. Se as pessoas não se derem conta do tempo que passam conectadas, acabam tendo menos tempo de valor em sua vida, com outras atividades necessárias e importantes”, ressaltou Gabriela, que é autora do livro Conexão Essencial: o que acontece quando você usa tecnologia com propósito.
Para otimizar o uso da tecnologia, a especialista sugere algumas mudanças de hábito:
- desabilite as notificações de sites, redes sociais e aplicativos de mensagens; assim, você só vai entrar em tais redes quando realmente quiser saber de algo ou falar com alguém, por exemplo;
- evite armazenar inúmeras fotos, prints de tela, documentos e páginas salvas para ler depois. “Se um e-book estiver ao alcance de um clique, por exemplo, não há porquê deixá-lo salvo; fotos em demasia também ocupam espaço no seu celular ou servidor, mesmo em nuvem, e poucas pessoas as imprimem depois. Faça uma seleção e evite o acúmulo”, frisou;
- organize seus e-mails e mensagens instantâneas, deletando o que for spam. Uma ideia é criar um endereço de e-mail específico para cadastro em lojas ou páginas que enviam informações. Desta forma, você filtra o que é de seu interesse e essas mensagens não interferem no foco de seu trabalho.
Minimalismo na alimentação
No aspecto alimentar, a visão principal para adotar o minimalismo é o aproveitamento. Segundo Gabriela, o veganismo e o vegetarianismo estão mais alinhados a esta tendência, uma vez que prezam por entender de onde vem o alimento e quais as práticas da indústria fornecedora.
“Mesmo sem essa opção, o consumidor pode – e deve – adotar posturas mais sustentáveis em suas compras. Vale levar sua sacola retornável, evitar embalagens plásticas que depois serão descartadas, preferir compras a granel, entre outros”, orientou. “O princípio é descascar mais do que desembalar”.
Outro detalhe importante, segundo a especialista, é ter atenção aos alimentos que estão sendo consumidos. “Quando a pessoa se alimenta olhando o celular ou em frente à televisão, normalmente nem presta atenção à quantidade e à qualidade do que está ingerindo”, comentou.
Regra dos 20/20
Segundo Gabriela, esse princípio surgiu nos Estados Unidos e, em resumo, estabelece uma regra para descartar objetos não utilizados, mas guardados para uma eventual necessidade. “Trazendo isso para o Brasil, a lógica seria algo como: se eu conseguir achar um objeto que substitua o descartado em 20 minutos ou por menos de R$ 20, posso me desfazer dele”, explicou.
“Certamente existem situações mais complexas, como processos de luto, separações, em que a pessoa precisa de mais tempo para se desapegar dos objetos. Mas, em princípio, a regra 20/20 é interessante. Muita gente guarda inúmeras coisas desnecessárias, que prejudicam sua organização e tomam muito tempo”, pontuou.
Como ter um guarda-roupas cápsula?
Gabriela recomenda que cada consumidor avalie o seu estilo e as peças de seu armário. Segundo ela, o ideal é que os itens combinem entre si, proporcionando vários looks distintos. Além disso, a qualidade das roupas é importante. “Mesmo que inicialmente pareçam mais caras, se tiverem maior durabilidade o custo-benefício, ao longo do tempo, é melhor”, destacou.
Como dica, ela sugere que os consumidores nunca comprem uma peça de roupa que não combine, pelo menos, com 80% de seu guarda-roupas. “Com três peças de baixo (calça, saia ou bermuda) e cinco peças de cima, além de acessórios, conseguimos 15 looks diferentes”, exemplificou.
Confira as dicas da especialista para colocar o minimalismo em prática
- avalie o acúmulo de itens nos ambientes da casa e descarte o que é desnecessário;
- crie uma rotina que permita tempo para essa organização;
- tenha consciência ao comprar um novo objeto. Questione-se se o item é realmente necessário ou se a compra está sendo feita por impulso;
- existem objetos que acumulam emoções – neste caso, não é do item que o indivíduo não quer se desfazer, mas sim da lembrança. Em tais situações, é possível que seja necessário ajuda psicológica;
- analise seu extrato bancário, sua agenda, sua geladeira: existem excessos ou desperdícios? Procure adotar atitudes para evitar que isso aconteça.