Metais pesados nos alimentos: cuidados e perigos

Metais pesados nos alimentos: cuidados e perigos

Processos industriais podem contaminar o solo e a água, atingindo também a comida que chega à sua mesa

Os alimentos in natura são os mais saudáveis, segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira. Ainda assim, eles podem vir contaminados da lavoura ou do supermercado. Insetos, microrganismos e até metais pesados são capazes de comprometer a segurança da comida que chega à sua mesa.

Por isso, é importante tomar alguns cuidados. A higienização de frutas e hortaliças, por exemplo, ajuda a remover impurezas e microrganismos. Basta lavar bem os vegetais antes de consumi-los.

Porém, e se houver presença de chumbo ou mercúrio nos produtos? Em um caso assim, não tem água corrente que elimine as substâncias contaminantes.

O pior é que esses e outros metais são perigosos para a saúde humana. Então, cabe às autoridades fiscalizar os alimentos que estão sendo comercializados para evitar riscos à população. Continue a leitura para entender mais sobre o assunto.

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Tipos de contaminação

Os alimentos estão contaminados quando apresentam alguma substância nociva e que não deveria estar presente. Essa alteração na qualidade do produto pode acontecer em qualquer estágio da cadeia produtiva, como no plantio, fabricação, transporte, armazenamento, supermercado ou na própria casa.

O problema existe porque o mundo apresenta diversos perigos. Então, por mais que haja controle na produção alimentícia, alguma interferência pode ocorrer. Você sabe quais são os tipos de contaminação? Veja a seguir:

Contaminação física

Ela pode ocorrer quando os colaboradores envolvidos na produção do alimento descumprem boas práticas, por exemplo. Em outras palavras, burlam as normas de higiene e de qualidade durante o processo de produção. Isso pode resultar na presença de cabelos, unhas, madeira, metais e até fragmentos de objetos em meio aos produtos. Além de não ser apetitosa, uma refeição com um alimento contaminado pode ser perigosa, já que pode causar fraturas de dente ou engasgos.

Contaminação biológica

As falhas de segurança na lavoura e no armazenamento de grãos, por exemplo, tornam esses insumos suscetíveis a pragas. Muitas vezes, os insetos também carregam vírus, bactérias e fungos que contaminam os alimentos. 

Por outro lado, quando a qualidade dos ingredientes é baixa e os processos de preparo falham na higiene e nas boas práticas de fabricação, o produto final apresenta elevada carga microbiana. Ou seja, o alimento está contaminado, ameaçando a saúde do consumidor.

Contaminação química

O uso de pesticidas nas plantações ou medicamentos na criação do gado de corte pode levar à contaminação química. O risco é maior quando os produtores e indústrias não atendem às regras de uso desses produtos, que são estabelecidas pelos órgãos regulamentadores e fiscalizadores. 

Além desses químicos que contaminam diretamente os vegetais e animais que entram na nossa alimentação, o uso incorreto desses produtos nas lavouras, criação e indústrias contaminam o meio ambiente, atingindo o solo e a água. 

A poluição ambiental faz com que esses metais sejam inalados, ingeridos ou entre em contato direto com o homem ou com animais e plantas que são usados na alimentação.

A contaminação da comida por metais pesados se encontra nessa categoria. A seguir, vamos explicar os perigos desse tipo de substância para o organismo humano.

O que são metais pesados?

Eles são elementos com peso atômico entre 63,5 e 207,2, e densidade superior a 4 gramas por centímetro cúbico. Ao contrário dos metais benéficos, como o Ferro, Zinco e Cálcio, os metais pesados quando ingeridos não são metabolizados pelo organismo. Isso significa que eles ficam acumulados no corpo e, por isso, devemos evitar que eles cheguem ao nosso prato.

Alguns deles são extremamente tóxicos e a sua presença no alimento é proibida. Já outros possuem limites máximos tolerados em cada alimento. Os efeitos tóxicos de cada um dependem da sua toxicidade (o quanto nocivo é para o organismo), quantidade ingerida e características dos consumidores. 

O agravante é que também interagem com outras substâncias químicas, causando reações que podem agredir as células. Desse modo, tornam-se um veneno causador de doenças crônicas

Falaremos mais sobre esses problemas daqui a pouco. Então acompanhe a matéria e saiba com quais você deve se preocupar.

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O que é contaminação ambiental?

Antes de tratarmos das consequências dos metais pesados para a saúde, vale falar um pouco mais sobre a contaminação ambiental. Afinal, é a origem de muitos problemas com contaminação. 

O conceito de contaminação ambiental pode variar um pouco, de acordo com a fonte utilizada. Muitas vezes, o problema é apenas tratado como poluição. No entanto, também trata-se de ameaça à saúde humana.

Quando elementos nocivos são introduzidos em terras de plantio ou águas de rios e mares, estamos diante de um caso de contaminação ambiental. É o que ocorre quando há acúmulo de substâncias tóxicas na área.

Por exemplo, alguns agricultores usam agrotóxicos não aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou em limites muito superiores do recomendado. Esses produtos têm níveis muito altos de chumbo e arsênio e, quando liberados no solo, contaminam as lavouras e, consequentemente, os alimentos plantados naquela área.

Outro caso é o das indústrias que lançam resíduos no esgoto sem o devido tratamento. Muitas vezes, esses efluentes contêm metais pesados que chegam aos rios, lagoas e mares. Isso causa a degradação de todo o ecossistema local.

Pode haver elementos tóxicos no lençol freático e rios, contaminando a água que a população consome. Os peixes também absorvem essas substâncias nocivas, de modo que os metais chegam à mesa dos consumidores por diversas vias.

A contaminação dos alimentos por metais pesados pode trazer consequências graves à saúde, como infertilidade, danos ao sistema neurológico, complicações renais, osteoporose e vários tipos de câncer. 

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Como acontece a contaminação dos alimentos?

A contaminação dos alimentos pode ocorrer em qualquer etapa de produção, como plantio, cultivo/criação, industrialização, embalagem, transporte, armazenagem e preparo da comida. Falando especificamente de metais pesados, o risco maior está nos primeiros estágios, devido à contaminação ambiental. Destacamos os principais metais pesados perigosos, confira:

Arsênio

Está presente em pesticidas, fontes de água mineral e alimentos que entram em contato com a substância. Um poço artesiano que foi bastante explorado pode apresentar concentração elevada de arsênio, por exemplo. O metal contamina plantas, principalmente na irrigação e no cultivo, e animais, pela ingestão de água contaminada. Arroz e peixe são alguns dos produtos mais suscetíveis à contaminação.

Cádmio

O cádmio é bastante utilizado na indústria para a galvanização de metais e para a fabricação de tintas, fertilizantes, baterias e cigarros. Por ser muito estável e duradouro, esse composto permanece por longos anos na natureza, caso os resíduos industriais sejam liberados de forma incorreta. Ele costuma contaminar crustáceos, cereais e raízes.

Chumbo

O chumbo é usado em tubulações, maquinário industrial e outras superfícies. No processo de fabricação da comida, tanto a água quanto os alimentos podem entrar em contato com esse metal pesado. Por consequência, insumos de origem animal e vegetal absorvem a substância.

Mercúrio

O mercúrio está na extração de minérios, nas atividades da indústria papeleira e em alguns fungicidas empregados na agricultura. O uso desse elemento deve ser cuidadoso, pois concentrações elevadas podem causar danos ao solo e à água.

Peixes contaminados com mercúrio são um risco para outras cadeias produtivas. Pois, a ração à base de farinha de peixe serve de alimento para rebanhos de gado. Ou seja, o composto tem potencial para atingir a carne bovina, o leite e produtos derivados.

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Anvisa e regulamentação de metais pesados 

No Brasil, a Anvisa é a autoridade que tem competência legal para controlar a presença de metais pesados nos alimentos. A agência determina as regras para minimizar os riscos e garantir a segurança da população.

Um dos mecanismos de controle é a Resolução RDC Nº 487, de 26 de março de 2021. O texto dispõe sobre os limites máximos tolerados (LMT) de contaminantes em alimentos, bem como os métodos de análise para aferir a conformidade das normas.

De acordo com a resolução, as quantidades de contaminantes devem ser as menores possíveis. Para calcular os LMT de cada substância, é preciso levar em conta alguns fatores:

– Estudos toxicológicos disponíveis sobre aquele composto;

– Avaliações de risco conduzidas por organismos internacionalmente reconhecidos;

– Grupo populacional para o qual o produto é indicado (tendo em vista que crianças e idosos são mais vulneráveis a quadros de envenenamento);

– Relevância comercial do alimento;

– Histórico dos problemas de contaminação do alimento;

– Dados existentes na literatura científica sobre a quantidade tolerável de cada substância no organismo.

Em tese, não existe quantidade segura para a ingestão da maioria dos metais pesados. Alguns são tolerados nos produtos alimentícios em doses mínimas. O relatório Alimentos com Metais Pesados traz detalhes sobre a presença autorizada de arsênio, cádmio e chumbo na comida. Acesse e confira!

O material, redigido por especialistas da PROTESTE, também reúne dicas para você manter uma dieta com baixo risco de ingestão de contaminantes.

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Gostou do artigo? Esperamos que o conteúdo tenha sido útil para você conhecer os riscos que os metais pesados representam à saúde humana.

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